terça-feira, 11 de agosto de 2009

Sintomas de Banzo?

Atenção!

Em meio a perigosíssima onda de gripe suína que assola o país, ainda existem brasileiros e brasileiras que sofrem de banzo diariamente.

O banzo não tem cura. O paciente portador pode ser medicado com medidas paliativas, até que o sistema imune do indivíduo seja capaz de reagir contra a doença, criando um estado de auto-amnésia-anti-bânzica.

No entanto, é provável que ao longo da vida, mesmo curado, o portador do banzo mantenha o vírus em estado latente, sendo suscetível a recaídas que podem variar de lapsos de segundos a infindáveis anos, dependendo do grau de manifestação da patologia, e dos seguintes fatores sócio-econômicos: idade, sexo, naturalidade, ocupação e expectativa de vida.

De acordo com a sabedoria popular, algumas medidas de prevenção podem ser tomadas a fim de diminuir o risco de recaídas e contágio. Evite o contato com caixas antigas, cartas e álbuns de fotografias. Também tenha cuidado com longos períodos de ócio em locais fechados. MSN, Twitter, My space, Flick e aplicativos virtuais em geral não são recomendados àqueles que adquiriram a doença ou tiveram a última recaída em um período de dois à cinco anos.

Principais sintomas:

Os sintomas do Banzo variam de indivíduo para indivíduo, confundindo-se ,muitas vezes, com outras graves patologias. De modo geral, percebe-se na espécie feminina um aumento desmedido de sensibilidade, ativando de forma desequilibrada as glândulas lacrimais, o que pode causar sérios transtornos a longo prazo, como a desidratação. O mesmo fenômeno pode ocorrer em espécies masculinas; estas porém, em função de fatores psicossociais, sofrem desse sintoma com menos incidência, em comparação com a espécie feminina. Fala-se em "espécie", por ser comprovado que o vírus do banzo também pode se manifestar em cachorros e cadelas.

Outros sintomas recorrentes a todos os diagnósticos são: dores agudas no peito, alucinações olfativas e auditivas, momentos de solidão, taquicardia; vontade de procurar pelos objetos e itens supracitados no parágrafo anterior; vontade de voltar no tempo. Pode-se perceber um aumento súbito de generosidade e quietude, em se tratando de pacientes idosos.

Recomendações:

Para Humanos: Saia com os amigos. Desligue a televisão, o MSN, o orkut, o rádio (idoso). Procure alguma coisa útil para fazer. Viva o presente intensamente. Em casos de persistência dos sintomas, procure um médico. Em casos de uma persistência muito grande dos sintomas, esqueça o médico e tome um porre com os amigos ou companheiros de bingo (idoso).
Maiores informações, entre em contato com o Ministério da Saúde.

Para cães (Au au's) : Au au au au. Auauauauauauuauauauauauuauauauauau. Auauau, Auau. Auauauaua? Auauauuaua; Auauauauuauaua. Auauauauau. Auauauauauuauaauauaauauauau. Auauauauauauuauauauauauuaaua. Aauauauauua, auauauaauuaa auauau Ministério da Saúde dos Au au´s.

Obrigada pela atenção.
Auauau auauuauauaa.



(*Banzo: É uma palavra africana que da a idéia de uma saudade muito intensa. Ela tem outros significados também. No Brasil, ela é utilizada em muitos lugares com o sentido de saudade, como na Bahia por exemplo, e é este sentido que o texto acima quer sugerir: saudade...).

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

"Família, família, vovô, vovó, sobrinha"



Nada melhor que família, não é?
Esses são meus priminhos-pestinhas: Miltinho (também meu afilhado), de 4 aninhos; Marcela , de 5 aninhos; Marlucy , de 8 anos (a ruiva); e Maísa, de 9 anos...
Amo-os demais....Essa foto nós tiramos em São Miguel do Anta, na casa da nossa avó.....

A menina Sudanesa

Esta imagem foi vencedora do cobiçado prêmio Pulitz de fotografia em 1994. Tirada por Kevin Carter (1960 -1994) , um então fotógrafo jornalístico de 33 anos, mostrou ao mundo um cenário de fome e miséria chocante, embora não desconhecido.

Retrata o problema da fome vivido no Sudão, Africa. A menina Sudanesa caminhava até um centro de alimentação da ONU, e havia parado para descansar, já não tendo mais forças para caminhar. O abutre, esperava peva morte da menina....

Enfim. Não gosto dessas imagens. Não porque chocam ou sei lá, mas porque não acredito que para se pensar em medidas de "ajuda", ou direcionar o olhar dos países para estas realidades tenhamos que fazê-lo através da dó e piedade. As pessoas precisam de justiça, não APENAS caridade. (Embora eu saiba o quão importante é a ação assistencialista, que deve caminhar junto às lutas políticas ....).

Mas esta imagem me tocou.
Pelo que pesquisei, Kevin Carter teria suicidado-se 3 meses após ter recebido o tal prêmio de Fotografia. Entrou em depressão, segundo as fontes "confiáveis" googlelianas, por não ter feito nada pela menina sudanesa, que certamete teria morrido. Foi criticado mundialmente por isso....

Então eu pergunto: e o que o mundo faz, na prática, por essas crianças? Ou pelas crianças brasileiras, paulistanas, cearenses, viçosenses; àquelas que ficam nas portas dos super-mercados pedindo esmolas aos transeuntes, seja para comprar comida ou alimentar o vício de seus pais...(ou o seu...). O que nós fazemos?? O que os nossos discursos fazem, na prática?

Creio que esta imagem seja uma grande metáfora. A criança Sudanesa representa milhões de crianças que sofrem no mundo todo, pela fome,pela droga, pela falta de oportunidade, pelo abuso sexual, pela prostituição, pela ausência de carinho, amor, afeto, infância; o Abutre, pode ser o resto do mundo, isto é, as pessoas que assistem a essas situações de morte com os braços cruzados, preocupadas apenas com a própria fome, com o próprio nariz.

O que podemos fazer?

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

20 coisas que me irritam! (Paulistanos x Mineiros)

Nasci em São Paulo, a cidade do caos. Cidade que, além de levar o título de terra da garoa, ganhou também a fama de terra dos estressados, o que não chega a ser uma mentira por completo. É possível reconhecer um paulistano de longe, apenas pelo jeito de andar: um passo largo, desmedido, e sempre apressado. Estamos sempre com pressa de se chegar a algum lugar. Paulistanos costumam falar muito e ouvir pouco. Isso se dá pela distância que separa as pessoas umas das outras...distância muitas vezes física.
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É claro que há inúmeras vantagens em ser paulistano. Apesar da distância física, em função dos milhares de bairros existentes na megalópole, isto é, da ampla extensão da cidade em si, percebo que nós paulistanos somos um povo muito acolhedor. Não somos tão desconfiados, como nossos vizinhos. Ainda que existam as piadinhas preconceituosas sobre nordestinos e corintianos (piadinhas que detesto, pelo menos as de nordestinos, gente que aprecio muito, com o sotaque mais bonito que já ouvi...), o povo paulistano recebe bem suas visitas, sem observar demasiadamente, ou melhor, julgar aquilo que o outro veste, usa, acredita, faz ou deixa de fazer.....(o que costuma acontecer em cidadezinhas menores, e que muito me irrita...).
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Quer andar pelado na avenida paulista?? Problema seu! Quer desfilar na parada gay?? Vá as suas custas!! Quer fazer um moicano pink?? Ninguém tem nada com isso....Tal individualidade do paulistano, o que não é sinônimo de individualismo, sempre me agradou.
Em São Paulo, as coisas são mais acessíveis também. A cidade oferece ao cidadão entretenimento para todos os gostos e bolsos. Basta procurar bem. Outra característica é o cheiro de novidade que paira no ar, em função das grandes emissoras de rádio e televisão cuja “matriz” encontra-se lá.
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Enfim leitores...amo muito a minha cidade, apesar de ser praticamente mineira, visto que meus pais são das “Gerais”. Passei longos períodos da minha infância aqui e vivo na cidade universitária de Viçosa, desde o ano de 2004. Gosto dos mineiros...os mineiros são mais charmosos, tem mais “raiz”...(porque o paulistano é um grande Macunaíma: mistura de tudo quanto há gente e sotaque). Têm um grande coração, acolhem-nos muito bem, mas creio que levam um pouco mais de tempo para deixar o outro lhes tocar...
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De modo geral, Acho as mulheres mineiras lindíssimas; na verdade, mais vaidosas...vestem-se deslumbradamente para ir a uma padaria, à faculdade na segunda-feira à tarde; à Missa de domingo de manhã...(não desmerecendo tais ocasiões...mas creio que sejam costumes diferentes mesmo...). Quanto aos homens, acho que são todos iguais, independente do lugar! Brincadeira....Creio que os mineiros são um pouco piores, em comparação com os homens do resto do mundo. Mas, ainda assim, acho-os lindos “demais da conta-sô” , justamente por serem mais “reservados”, tímidos e desconfiados...("mineirim come quieto"). O sotaque do mineiro é charmoso...(sim leitores homens e mineiros: as mulheres de São Paulo adoram o sotaque dos mineiros...eu gosto também, mas prefiro os dos nordestinos...rsrs).
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Meu pai costuma dizer que os mineiros são grandes “traíras”; não se espante leitor mineiro: meu pai É mineiro, da cidade de Pocrane, e na verdade, não sei o porquê ele diz isso, mas deve ter uma razoável explicação...(que fica para outro post).
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Enfim...esse post surgiu de modo natural, não era para ter nascido. Minha idéia era apenas introduzir meu texto falando sobre o stress do paulistano, para em seguida , fazer uma lista de coisas que me estressam e irritam. Ficaram curiosos? (NÂOOOOOOOOOOOOO...qs caras do primário..)...vamos lá então:
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1) Que Deus me perdoe pelo “desmazelo” , mas, eu odeio fazer as unhas!!! Fico terrivelmente estressada, e sobretudo , ansiosa, quando faço as unhas....acho uma perda de tempo e dinheiro...(porque no meu caso, tenho que pagar alguém para fazer....). O resultado é maravilhoso, mas o fim não justifica os meios. Pior que pintar as unhas, só mesmo tirar o esmalte delas....(não é mesmo amigas da Equipe Central?).

2) Irrito-me quando não respondem aos meus emails. Seja quem for: namorado, amigo, professor, parente, um transeunte qualquer....Acho que isso devia ser lei: se eu escrevo um email para você, se eu posso “perder” o meu tempo te escrevendo, por que você não pode me responder? Cancele a sua conta de email então!

3) Irrito-me quando não olham para mim enquanto falo. Meu ex sogro é assim também, Seu João, gente boníssima, o que legitima a minha opinião: É ruim falar com uma pessoa que não olha nos seus olhos; que não pode doar o seu tempo e a sua “postura” para acolher o que o outro fala.

4) Irrito-me quando sou cortada. Isso ás vezes acontece sem querer, em reuniões, mas acho que vale a atenção. A pior coisa é quando você está tentando formular um comentário na sua mente, o que leva, no meu caso, um bom tempo até acionar o Tico e o Teco, aí, de repente, vem alguém e atravessa “na” sua fala, conduzindo a reflexão para outra coisa, monopolizando o discurso. Eu odeio isso...e quando a coisa é repetitiva, acabo sentindo-me eternamente incomodada com a presença do indivíduo “causador.” Tento não fazer isso....Embora eu fale demais e corra esse risco....

5) Descriminação contra homossexuais me irrita sensivelmente.

6) Perguntas sobre o meu ex - namoro. A menos que estejamos num ambiente propício, por exemplo, no jogo da “verdade”, em que rola quase de tudo mesmo, ou, que eu dê liberdade para se falar do assunto. Acho muito chato àqueles que vêm com perguntinhas indiscretas ou que fazem comentários a fim de pegar alguma “informação” no pulo.

7) Irritam-me pessoas que mal te conhecem, mas que fazem análises psico-cabalísticas-sócio-históticas da sua vida..... Isso me aconteceu muito com o fim do meu namoro, por falar demais (em função de um momento de carência mesmo); pessoas que , no fundo, mal me conheciam e que “publicaram” teorias (eufemismo para fofocas...) a respeito do meu ex-namoro......como diz minha sábia mãe: “em boca calada , não entra mosquito”. Nunca mais!

8) Barulho de vassoura de piaçava....ARGHT!

9) Fazer alguma tarefa doméstica, aí vem alguém e refaz o que já fiz...(sendo assim, prefiro não fazer...rsrs).

10) Que mecham no meu cabelo....não gosto!

11) Que mintam para mim.

12) Gente aparecida, que se acha, me irrita visivelmente.....

13) Sintaxe II me irritou bastante....

14) Desprezo me irrita. Desprezo por uma pessoa de rua, por um “alcoólatra” de rua, por um amigo, do namorado pela namorada, do transeunte pelo cachorrinho...Ninguém merece ser desprezado, ninguém mesmo.

15) Muitos dias sem dormir.....

16) O dia todo sem comer nada......

17) TPM

18) Brigas familiares...(geralmente as que envolvem as vidas dos demais parentes...como meu afilhadinho e seus irmãos...).

19) Que esqueçam de mim: quando você vai a uma festa e encontra vários conhecidos e amigos lá que nem se lembraram de você, mas que para outros programas, coisas “chatas” geralmente.....não te esquecem “JAMAS”.

20) E para terminar, tecnologia que não funciona me irrita mais que tudo: impressora que dá pau, na hora de imprimir aquele trabalho já atrasado....Internet que dá pau, bem quando está conversando com aquela pessoa legal...Ninguém merece!

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Tango to Evora

Certa vez, uma professora me disse que alguns índios acreditavam que em determinados momentos da vida, fazia-se necessário que seus corpos vagassem sem suas almas, até que estas, quando preparadas, fossem capazes de ir ao encontro de seus corpos, unindo-se a eles novamente. Em outras palavras, a sabedoria indígena revela que em momentos de dor, de “morte” e desesperança, é preciso continuar caminhando até que a vida recubra o sentido por si só, isto é, reencontre sua alma.


“È caminhando que se faz o caminho”. Gosto de pensar que a nossa alma, entendendo alma como anseios, causas e questionamentos, pode, subitamente, encontrar-nos ao longo da vida, ressignificando nossas existências. E para que isto aconteça, é preciso apenas estar vivo....seguir em frente, ainda que não se saiba exatamente a que fim a trilha escolhida nos levará.


Acredito que a expressão mais bonita de Deus, e da alma, partícula humana de Deus, é a música. A música é a expressão mais bonita de tudo o que tem vida.
Esses dias, por intermédio da Yasmin, uma amiga da Pastoral da Juventude, realizei o desejo de encontrar uma música de que gosto muito. Foram oito anos de procura; Eu a ouvi , pela primeira vez, em uma apresentação de Ballet de três colegas minhas, as quais dançavam uma coreografia chamada “Trilha”. A música da coreografia era de uma tal Loreena Mckenitt.


Encantei-me pela música de tal forma que nunca a esqueci. Cheguei a copiá-la do VHS que tinha da coreografia para um CD. Tinha 16 anos naquela época. Procurei pela música em vários lugares, várias lojas, mas por não saber o seu nome nunca a encontrei. Lembro que cheguei a ouvir as faixas de alguns álbuns da Loreena Mckenitt , nas lojas, para ver se a reconhecia...e nada.


Há poucos dias, ela me encontrou. Conversando com a Yasmin, que descobri ser uma grande fã da Loreena Mckenit, resmunguei a melodia da então “música misteriosa”, a qual foi facilmente decifrada pela perspicácia da jovem paulistana. Tango to Évora é o seu nome. Uma das músicas mais bonitas que já ouvi em 23 anos.


Tango to Evora me faz lembrar uma série de acontecimentos, pessoas, saudades, sentimentos, esperanças. Tem um violino perfeito, uma viola muito boa de se ouvir; um vocal divino. Fiquei muito feliz por tê-la encontrado, ainda que oito anos depois. A sensação é mesmo de um grande encontro, de um pedaço de “alma” que se revela.


Recomendo a vocês leitores, "Tango to Evora", do álbum "The visit".

Curso de Inverno 2009 (Quebra - cabeça...)












Aconteceu entre os dias 18 a 26 de julho, na cidade de Belo Horizonte, mais uma edição do curso de inverno promovido pelo Instituto de Pastoral da Juventude (IPJ) do Regional Leste II. Quatro jovens da nossa arquidiocese participaram do evento: Douglas (Conselheiro Lafaiete), Iara, Jean e eu (Viçosa).


Foi uma experiência de re-encantamento, a qual me serviu como combustível e logo explicarei o porquê.


A princípio, eu não participaria do curso....em função de “n” motivos....dentre eles, pelo fato de não estar tão presente no contexto Pastoral da Juventude; não me sentia “apta” para participar desse tipo de evento....me sentia um tanto velha, se assim posso dizer...(não velha de idade, logicamente...). Graças ao incentivo da minha amiga Irmã Cleonice, mais conhecida como Cléo, leitora assídua deste Blog, conselheira para assuntos variados , assessora da Pastoral da Juventude, e, também, revisora textual , mudei meus planos - assim de uma hora para a outra, como sempre acontece na minha vida - e fui-me embora para BH junto de meus amigos.


Lá chegando, me senti, a princípio, como um peixe fora d’água: uma “tia idosa” no meio daquela meninada de 15, 16 anos!!! Mas, pouco tempo depois, não só pela chegada de pessoas mais velhas, da minha idade, mas sobretudo, pela acolhida e cuidado que tiveram conosco, pude me sentir em casa...(em casa MESMO leitores...rsrs).



Impressões

Gostei muito das palestras. De todas elas, diga-se de passagem. Também gostei muito da oficina que participei; dos momentos de celebração e de confraternização. Mas quero comentar aqui um pouco da impressão que tive das pessoas que conheci, da juventude com a qual me deparei.


Foi interessante perceber como as pessoas, e nós jovens principalmente, nos ligamos, criamos nossos grupos a partir dos laços de afinidade que estabelecemos uns com os outros. Havia nesse curso que participamos uma série de pequenos grupos de jovens, de “tribos”: grupos marcados por certas características particulares, que os distinguiam uns dos outros. Não eram grupos fechados, isolados feito ilhas, solitários; não! Os grupos se comunicavam, construíam laços de afeto, saiam de si: mas, ao mesmo tempo, mantinham-se ligados por laços de afinidade àqueles que lhes eram mais “parecidos”.


Observei, por exemplo, um grupinho de jovens que gostava de dançar street-dance, hip-hop e coisas do tipo; tratava-se de cinco jovens, três meninos e duas meninas, que não se desgrudaram ao longo do encontro inteiro! No início, pensei que já se conheciam de outros cursos, ou que fossem vizinhos; depois, nas minhas pesquisas orkutianas, descobri que alguns deles se conheceram naqueles dias. Mas como eram unidos! Assemelhavam-se no modo de se vestir de se expressar. Expressão, inclusive, muito bonita e “viva”, o que me fez criar um “puxa-saquismo” particular por esse grupinho..... Tudo era motivo de dança! Tudo era transformado em passo de “dança de rua”, “forró”, ou “axé”, desde um canto litúrgico até a dança do Créu.


Havia também muitas outras “tribos”: as dos meninos que “pagavam” de gatinho, constante alvo das perguntas “mal intencionadas” nas brincadeiras de verdade ou conseqüência; tribo de “pjoteiros” mais velhos, grupo mais diversificado mas que também se assemelhava pelo jeito de se vestir, e sobretudo pelas ideologias e linguagem verbal; tribo das meninas “chapadas” , isto é, aquelas que chegavam atrasadas nos momentos de oração inicial, mas que não deixavam de “chapar” a cabeleira; tribo dos favoráveis às discussões de gênero e homossexualismo; tribo dos tímidos, tribo dos “consagrados”, tribo dos “alternativos”, tribo dos homens encantadores, tribo dos sem-tribo....


Acho que ao longo da minha adolescência e juventude, já pertenci a algumas dessas tribos, embora hoje eu já não me reconheça mais em nenhuma delas. Não acredito que tais grupos possam ser classificados como rótulos; não leitores! Não quero rotular ninguém, mas gosto de perceber como é bonita a nossa diversidade, e como temos uma mania quase instintiva de procurar no outro um pedacinho de nós. Eu faço isso o tempo todo, embora não tenha mais tribo que responda por mim e pelos meus atos.


Também pude, neste curso, aprofundar um pouco mais a amizade e admiração que nutro por uma pessoa que já conheço há alguns anos. Uma jovem que , apesar de ser um pouco mais nova que eu, e com uma história de vida praticamente oposta a minha, carrega dentro de si algo com o qual me identifico, me reconheço, embora não saiba dizer o que seja....(talvez nem ela).


Amiga que partilhou comigo uma das experiências mais fortes que já vivi: a de conhecer um centro de internação para adolescentes e jovens “infratores”. Adolescentes e jovens marcados por um contexto de violência, à espera de uma segunda chance, de um carinho, de um amigo, de uma tribo.


Sim leitores! O curso de inverno foi para mim um combustível, trazendo para perto de mim uma realidade nada distante, mas que por vezes se esconde dos meus olhos em função do meu cansaço e das minhas desilusões. A sensação é de estar diante de um quebra-cabeça: algumas das peças me foram dadas nesse encontro, mas há milhares de outras esperando para serem descobertas, seja em lugares próximos e conhecidos, e, quem sabe, também em lugares distantes e inimagináveis.