sexta-feira, 16 de outubro de 2009

A pessoa é para o que nasce (Dia dos Professores)

É....quero ser professora.
Ontem dei aulas das 8:00 da manhã até as 20:00 horas da noite.
Três turmas de Tutoria, nais quais trabalhamos o conteúdo de Leitura e Produção de Textos; e, uma turma de Literatura, do cursinho popular da paróquia Santa Rita de Cássia.
Foi minha primeira aula de Literatura na vida. Foi péssima, porque foi mal preparada, porque ando sem tempo para respirar...para me lembrar sequer do que tenho que fazer.
Mas, ao mesmo tempo, foi um momento muito bonito.....Ganhei, inclusive, um cartãozinho dizendo assim:

“Amanda,
Parabéns pelo Dia do Professor!
Que Santa Rita te proteja sempre!
Abraços!
Sileimar”
15/10/09...


Já quis ser tanta coisa na vida, mas creio que a educação contemple grande parte delas.
Quero um dia fazer um mestrado em Literatura comparada, estudar outras coisas, conhecer outros lugares, mas, sinto que a minha vocação está mais ligada à educação popular...é um caminho que começa a ser traçado, logo, ainda não sei por onde esta trilha me levará.

Minha mãe foi professora na zona rural do município de Canaã. Estudou o antigo magistério...(antigo “normal”). Gostava de dar aula às crianças da roça, lá do Tombo da Cachoeira.
Bem, eu amo crianças, mas...não tenho paciência para trabalhar com elas. Gosto de conversar com crianças, de me colocar no lugar delas, de ver o mundo, isto é, de tentar ver o mundo a partir da óptica delas....Mas, dar aulas para crianças? Não.....

Quando fui catequista de primeira comunhão....(sim...já o fui também...) quase morri. Dois anos.....Primeiro que, detestava a maneira como a minha catequese era ministrada....por mim mesmo...não achava o que eu “ensinava” essencial...válido, importante. Achava tudo muito chato e .....enfim, deixa para lá. E, segundo que, não era a minha vocação. Queria estar do lado de lá, boicotando as “aulas” junto com as crianças...mas não podia porque a ordem era eu! Quanta frustração! Queria brincar também, correr e colocar fogo na sala....rir da cara da catequista...(que era eu...) mas não podia.
Não gosto de ser séria. Não com crianças. Gosto de ser eu.

Quero trabalhar com jovens.
Creio que a educação será a minha herança da pastoral da juventude.
Espero que eu seja feliz.

Tive bons professores...dentre eles, dois que me marcaram muito:

Geraldinho, meu professor de Geografia durante todo o ensino fundamental e médio, e, de filosofia, ao longo do ensino médio. Um herói por tentar inserir num colégio particular (embora não tradicional e nem requintado como os que se tem por lá; tratava-se de um colégio de “bairro”), uma pedagogia libertadora. Acreditava na juventude. Gostava muito de mim e dizia que eu tinha o dom da oratória. Acreditava na educação para a vida, não só para o vestibular. Ensinou-me que o “progresso” é fruto da desordem, do caos, do conflito. Ensinava-nos a lutar pelos nossos direitos, ainda que na época, certas coisas que me dizia ainda não me faziam sentido.

A outra pessoa que mencionei chama-se Márcia Pee. Foi minha professora de Ballet, entre os anos de 2002 a 2004. Umas das pessoas mais vivas que conheci, mais carinhosa, daquelas que te chamam pelo nome, que conhecem a sua vida, que te dão conselhos amorosos, colo, cartas, cafés e que rezam com você. Uma pessoa que se envolve com a sua história. Uma amiga-mãe, sobretudo.

Espelho-me muito nessas duas pessoas: quero ser, ao longo da vida, não só uma profissional das letras e de sei lá o que, mas também, alguém que lute por uma educação de qualidade. Também quero ser uma pessoa com quem se possa contar. Quero conhecer os meus alunos pelos seus nomes; não pelos seus números de matrícula.
É, creio que seja isso.

A gente passa tanto tempo para descobrir coisas simples, né?
Tá certo....Creio que não vou ganhar muito dinheiro para custear os 34 projetos do post anterior...mas...nada é perfeito!
Afinal, há certas lutas que nos escolhem....somos para aquilo que nascemos....

Ou será para aquilo que acreditamos nascer?

Feliz dia dos professores!

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