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"But don't change your hair for me, not if you care for me
Stay little Valentine stay, Each day is Valentine day...."*
Amor é egoísta como criança faminta e mimada; se não sabe falar - a criança - chora. Se já maiorzinha, grita; se adulta - silencia. Porque amor é como criança faminta e cheia de pirraça, não se comunica, adivinha-se o amor em sua forma desnuda e imaterial. Nada mais imaterial que a fome. Vontade inexplicável de preencher-se, mas com o que está fora de si, e, se possível, por meio de mãos alheias. Amor nasce como criança; mas para alimentá-lo é necessário que lhe deem - ao amor - comida três vezes ao dia ou murchar-se-á como flor. Amor é também flor. Necessita cuidado ou morrerá como pessoa humana. Amor é também humano, amam animais, plantas e alguns microrganismos reprodutivos. Amor é mistério, como Deus - por isso há quem diga ser "Deus o amor perfeito".
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Amor é criança faminta e mimada; flor exigente de água; pessoa humana preenchida em palavra; animais, plantas e microrganismos - sexuados ou não. Amor é Deus: sexuado ou não.
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Desnudo e imaterial, pouco importa o verbo amar. Tu me amas, eu lhe amo. Importam os gestos e doações diárias, quando mais se já está a convivência, pequena pedra no sapato da humanidade. Mais que gestos e doações, neste caso - quando há o conviver - é preciso trocar o verbo.
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Escutar vezes e mais vezes a história sobre como ambos se conheceram.
Escutar vezes e mais vezes que era ele - sim - um "cachorro", até o dia do segundo olhar.
Escutar vezes e mais vezes a história dele sobre os melhores amigos que lá estão.
Escutar vezes e mais vezes a história dela, absurda história, de que é médium e encarna espíritos.
Que importam as histórias? Importa é o trocar dos verbos: Amar se reduziria a pó se não houvesse o escutar.
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Quem nunca desligou o telefone na "cara" do seu amor? Talvez por dificuldade no escutar, prática exigente em paciência, "desabenegação" e desprendimento. Já desliguei telefonemas em tantas caras - seja homem ou mulher. Hoje desliguei para silenciar, porque fizeram de mim adulta e adultos são pouco espertos, pouco pacientes, pouco "escutadores".
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Adão e Eva não trocavam palavras, somente gemidos-guturais. Até o dia em que lhes veio o fruto proibido, que de maçã nada tinha, senão romã - o fruto do amor. Conheceram-se, Preencheram-se de linguagem e, consequentemente, séries de verbos inúteis. Povoaram o mundo e, tempos depois, divorciaram-se (Não se menciona isto na Bíblia ou não existiriam casamentos). Ninguém suportaria um casal como Adão e Eva. Não obstante, expulsaram-lhes do paraíso antes da primeira "DR".
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Casar é apenas um deles, como juntar-se, namorar ou foder. Amor não se mede em verbos. No máximo, adjetivos muito bem usados para os dias "adjetivais": "Como você é inteligente, meu amor!"; "Imagina, como te trairia? Você é o homem da minha vida!"; "Você é mais divertida que Joaquina, minha amiga pedante..."; "Sua barriguinha é fofa, embora maior a cada dia..."; "Você é linda quando acorda, meu amor"; "Seu time é o melhor, minha vida!".
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Prefira os verbos de ligação, na falta de jeito: ou escutar, perdoar, conhecer.
Para ligarmos nossos amores à eternidade.
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O amor é bom, Joaquina.
Às vezes, também eterno.
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*(My funny valentine
- Damien Saez)
Às vezes, também eterno.
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*(My funny valentine
- Damien Saez)
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