domingo, 8 de janeiro de 2012

INDIGNAÇÃO!

Criança indígena de 8 anos é queimada viva por madeireiros

Criança awá-guajá (Foto: Fiona Watson/Survival)

Quando a bestialidade emerge, fica difícil encontrar palavras para descrever qualquer pensamento ou sentimento que tenta compreender um acontecimento como esse.

Na última segunda-feira (3) semana*. uma criança de oito anos foi queimada viva por madeireiros em Arame, cidade da região central do Maranhão.

Enquanto a criança – da etnia awa-guajá – agonizava, os carrascos se divertiam com a cena.

O caso não vai ganhar capa da Veja ou da Folha de São Paulo. Não vai aparecer no Jornal Nacional e não vai merecer um “isso é uma vergonha” do Boris Casoy.

Também não vai virar TT no Twitter ou viral no Facebook.

Não vai ser um tema de rodas de boteco, como o cãozinho que foi morto por uma enfermeira.

E, obviamente, não vai gerar qualquer passeata da turma do Cansei ou do Cansei 2 (a turma criada no suco de caranguejo que diz combater a corrupção usando máscara do Guy Fawkes** e fazendo carinha de indignada na Avenida Paulista ou na Esplanada dos Ministérios).

Entretanto, se amanhã ou depois um índio der um tapa na cara de um fazendeiro ou madeireiro, em Arame ou em qualquer lugar do Brasil, não faltarão editoriais – em jornais, revistas, rádios, TVs e portais – para falar da “selvageria” e das tribos “não civilizadas” e da ameaça que elas representam para as pessoas de bem e para a democracia.

Mas isso não vai ocorrer.

E as “pessoas de bem” e bem informadas vão continuar achando que existe “muita terra para pouco índio” e, principalmente, que o progresso no campo é o agronegócio. Que modernos são a CNA e a Kátia Abreu.

A área dos awa-guajá em Arame já está demarcada, mas os latifundiários da região não se importam com a lei. A lei, aliás, são eles que fazem. E ai de quem achar ruim.

Os ruralistas brasileiros – aqueles que dizem que o atual Código Florestal representa uma ameaça à “classe produtora” brasileira – matam dois (sem terra ou quilombola ou sindicalista ou indígena ou pequeno pescador) por semana. E o MST (ou os índios ou os quilombolas) é violento. Ou os sindicatos são radicais.

Os madeireiros que cobiçam o território dos awa-guajá em Arame não cessam um dia de ameaçar, intimidade e agredir os índios.

E a situação é a mesma em todos os rincões do Brasil onde há um povo indígena lutando pela demarcação da sua área. Ou onde existe uma comunidade quilombola reivindicando a posse do seu território ou mesmo resistindo ao assédio de latifundiários que não aceitam as decisões do poder público. E o cenário se repete em acampamentos e assentamentos de trabalhadores rurais.

Até quando?

...

FONTE: http://brasiliamaranhao.wordpress.com/2012/01/05/crianca-indigena-queimada/

2 comentários:

  1. hipocrisia é fod* infelizmente a grande midia so divulga oque vende e quase sempre cria um sensacionalismo.
    www.moinhosdeventto.blogspot.com

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  2. E a FUNAI divulgou uma nota/relatório que parecia mais um desabafo do que um documento sério e técnico.

    O órgão governamental afirma que a história da criança carbonizada não passa da boato; já o CIMI - Conselho Indigenista Missionário - sustenta a denúncia. O Ministério Público do Maranhão entrou na parada, mas eu acho que a Polícia Federal também deveria investigar essa história.

    Contudo isso não muda a situação dos indígenas no Brasil ( e nas Américas), que é péssima - e os awa-guajá estão em situação muito difícil porque estão cercados por todos esses latifundiários, grileiros, madeireiros, todos doidinhos para avançarem um "bucadinho" nas reservas.

    Aliás, têm conflitos de terra com alguma frequência no Sul da Bahia envolvendo pataxós e os latifundiários. E se citarmos os conflitos e pequenas guerras, tem aos montes e não sabemos, claro...não há mídias, ninguém se importa mesmo ( com um "bando de índios? aff!!!" ) e assim, em breve, os poucos índios que restam serão objetos de museu ou de memória.

    (mas hoje no TT do twitter estava o BBB, é claro!)

    Abraço!

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