quinta-feira, 23 de novembro de 2017

ALABAMAMONROE


"IF I NEED YOU
WOULD YOU COME TO ME?
WOULD YOU COME TO ME
FOR TO EASY MY PAIN?"

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

PAULO ABREU-PITANGUEIRA NO BUTECO DE SOFIA!

                                                    Fonte: http://www.99graus.com.br/conheca-a-linda-e-deliciosa-pitangueira/pitanga-pitangueira-2/





Caros leitores e Caras leitoras,

Neste diário de bordo que todo Blog também é, descobri pela travessia do acaso a escritura do genial Paulo Abreu, cujo link estará na lateral desta página, mas também o deixarei abaixo.

Trata-se de um cronista, contista, contador de histórias nato, além de possuir tamanha generosidade por ter mencionado o Sofia de Buteco em seu espaço ficcional! Soube hoje por surpresa, ao atualizar a minha lista lateral dos blogs os quais tenho lido.

Muito obrigada, caro Paulo Abreu, ao pé da Pitangueira!

Bom humor é o que não lhe falta. Recomendo o texto Amor cortês cibernético e Casos do Analista Pitangueira - Euzite (com s ou z?), entre outros!

Enfim, tenho muito a aprender com meus colegas blogueiros: felicidade pura! Inclusive sobre a minha mineiridade, que às vezes despercebo (mas está....sei que está).

Um grande abraço a você, Paulo Abreu!
Segue o link: 

HIPOCONDRIA PREGUIÇAL

                                  Fonte: http://200.144.182.130/cje/jorwiki/exibir.php?id_texto=248



Fui ao médico, porque me sentia doente. Respondeu-me o médico-ríspido-reticente:
...
- Não é caso de Enxaqueca, Psicose ou Dermatite. 
Tampouco de Virose, Depressão ou Estomatite.
Esquizofrenia, Bipolaridade, Anorexia ou Ansiedade. 
Autismo ou Bournot, quiçá Tourrete ou Edwards. 
Ovário Policístico ou Extração dos dentes siso. 
Gravidez do tipo ectópica ou Neurastenia neurótica.
Abcessos assépticos disseminados ou Abcessos assépticos sistemáticos. 
Queloide na orelha ou Início de cegueira.
Alopecia fibrosante frontal ou Distúrbio de tireoide.
Seu Colesterol é bom o mau, é bom o bom, 
como a Pressão arterial.
Nada de Cistos no ovário ou Sebáceos secundários.
Não tens DST´s, nem Anemia ou Palidez.
Descarte as Leucemias, das Mieloides às Linfoides. 
Não é Fotossensibilidade, algum Glaucoma ou Idade.
Nem Gripe, Resfriado, Olho gordo e Mau-olhado.
Esqueça a Febre interna, a Dor nas pernas, a Diarreia.
A Síndrome do Coração partido ou um Reumatismo adquirido.
Nada há Alzheimer precoce, Menopausa precoce, Demência precoce.
Caxumba, Catapora ou Sarampo e Carambola. 
Malária, Dengue, Raiva, Chagas, Asma ou Urticária. 
...
- O que tenho, Doutor?
- Preguiça Hipocondríaca Crônica ou Hipocondria Preguiçal.
-Tratamento, Doutor?
- Durma 14 horas por dia, pendurada numa árvore.
- Obrigada, Doutor!
- Doutor é quem faz Doutorado.
- Eu faço Doutorado, senhor, mas quem manda na língua é o linguageiro.
(Silêncio)
- Recomendo que se isole da sociedade e desça do topo da árvore apenas para as necessidades fisiológicas. E coma muitas folhas, raízes e brotos.
- Obrigada, Bom dia....
- De nada, Boa noite...





segunda-feira, 20 de novembro de 2017

20 DE NOVEMBRO: DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA...

                                 Bailarina Michaela  DePrince

....sem perder a ternura jamais







VELAS ALHEIAS






Queimam velas,
com desejos enviados 
aos anjos do céu.
Pobre de nós
se soubéssemos
que são, esses anjos, 
cegos, surdos e mudos,
como todos os sábios milenares:
alheios, alhures, alheareis.

domingo, 19 de novembro de 2017

GOSTO DE PESSOAS...

Fonte: https://diadeaprenderbrincando.org.br/2017/04/19/fotografo-jamaicano-registra-criancas-brincando-no-quintal-e-chama-atencao-pela-sensibilidade-das-imagens/



Gosto de pessoas.
Gosto de pessoas que saibam brincar com a vida.
Gosto de pessoas que não temam  se molhar nas tardes chuvosas.
Gosto de pessoas não pontuais.
Gosto de pessoas que durmam de conchinha.
Gosto de pessoas que digam eu te amo.
Gosto de pessoas que saibam conservar amizades.
Gosto de pessoas que errem.
Gosto de pessoas que briguem.
Gosto de pessoas que não tenham vergonha do arrependimento.
Gosto de pessoas que peçam desculpas.
Gosto de pessoas de paz.
Gosto de pessoas que lutem por seus ideias, ainda que sozinhas a despeito das indicações de maré.
Gosto de pessoas vivas.
Gosto de pessoas mortas.
Gosto de pessoas que lutem a luta do outro, convidadas ou não.
Gosto de pessoas que não tenham vergonha de dançar.
Gosto de pessoas tímidas.
Gosto de pessoas sociáveis.
Gosto de pessoas que doem sangue, medula, órgãos.
Gosto de pessoas que adotem crianças.
Gosto de pessoas que façam festa de aniversário a seus cães.
Gosto de pessoas cujos melhores amigos sejam seus pais.
Gosto de pessoas que amem de maneiras incompreendidas.
Gosto de pessoas misteriosas.
Gosto de pessoas óbvias.
Gosto dos desequilibrados.
Gosto de crianças.
Gosto de moradores de ruas.
Gosto das alucinações dos bêbados.
Gosto de pessoas girassóis, borboletas e pedras.
Gosto das pessoas que puxem papo em viagens, arriscando-se a não serem ouvidas.
Gosto de mulheres.
Gosto de homens.
Gosto de cores.
Gosto de pessoas da terra.
Gosto de pessoas do mar.
Gosto de quem saiba caminhar.
Gosto de quem ande de mãos dadas.
Gosto de pessoas que se enfezem.
Gosto de quem perde a fé.
Gosto de quem reze.
Gosto de quem preste favores a amigos, por adivinhamento. 
Gosto de quem goste de seus inimigos.
Gosto de quem lute pelo amor de outrem.
Gosto de quem lute pelo amor do outro.
Gosto de quem lute pelo amor próprio.
Gosto de pessoas que assistam a filmes.
Gosto de pessoas que leiam.
Gosto de pessoas que escrevam.
Gosto de pessoas analfabetas.
Gosto de pessoas que assistam a Silvio Santos, Ratinho e novelas.
Gosto de pessoas que frequentem teatros e exposições de arte.
Gosto de pessoas que voltem atrás.
Gosto de pessoas corajosas.
Gosto também dos medrosos.
Gosto de pessoas que não mintam.
Gosto de pessoas que mintam, quando necessário.
Gosto de pessoas leais.
Gosto de pessoas que gostem de pessoas.
Gosto de pessoas que saibam brincar, mesmo ao perder.
Gosto de pessoas; não de todas. 
Gosto, sobretudo, de pessoas que sejam irmãs umas das outras.
Gosto de pessoas que comam sem frescuras.
Gosto de pessoas que privilegiem aniversários a reuniões de trabalho.
Gosto de pessoas que se inclinem ao conversar com crianças.
Gosto de pessoas que não subestimem crianças.
Gosto de pessoas que não subestimem os mais fracos.
Gosto de pessoas que amem sem preguiça.
Gosto de pessoas desorganizadas.
Gosto de pessoas que velem o sono das outras.
Gosto de pessoas que velem um choro desconhecido.
Gosto de pessoas que cozinhem em fogões à lenha. 
Gosto de pessoas que gostem de chuva.
Gosto de pessoas que observem o mar.
Gosto de pessoas que se virem nas adversidades.
Gosto de pessoas que sofram.
Gosto dos humilhados.
Gosto de pessoas que não se escondam.
Gosto de pessoas solitárias.
Gosto de pessoas alegres.
Gosto de pessoas que adotem pessoas.
Gosto de pessoas que saibam brincar com a vida.
Gosto de pessoas humanas.
Gosto de pessoas.

sábado, 18 de novembro de 2017

Flor-lar


Fonte: http://flower-wallpaper.org/frozen-flower-wallpaper/frozen-flower-wallpaper3/



A Isabella, meus sentimentos.
Na Primavera, a flor
No inverno, o congelar
O vento sopra aonde for
Acolhendo as memórias daquele lar
Das estações ao cair da noite.

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

TRANSTORNO OBSESSIVO COMPULSIVO

                                               Fonte: https://www.vittude.com/blog/toc-transtorno-obsessivo-compulsivo-sinais-sintomas-e-tratamentos/




Caríssimos,


Este post é um contrato que faço com você, leitor virtual do Sofia de Buteco. Podemos interpretá-lo também como uma confissão; este espaço também é um confessionário das dores e alegrias de quem o escreve e de quem o lê (um texto só se torna texto após haver a interação com o leitor, princípio da aceitabilidade por COSTAVAL [2003] - parafraseando).

Confesso: tenho um TOC (Transtorno obsessivo compulsivo) em relação aos meus textos: e-mails, cartas de amor, cartas de ódio, mensagens de Whatsaap, crônicas, contos, artigos acadêmicos, postagens no Sofia, cartões de qualquer espécie, entre outros. Isso quer dizer que possuo o hábito de ler inúmeras e inúmeras vezes o mesmo texto e inclusive as respostas recebidas quando se tratam de certos gêneros.

Dessa maneira, quero combinar com vocês: Ao escrever um post, pela ansiedade em publicá-lo, eu não o reviso! Faço isso aos poucos, levando dias e até semanas para concluir. Portanto, daqui pra frente, ao lerem algo sobre o qual sintam estranhamento ou mesmo notem incoerências e infortúnios gramaticais/ortográficos, releiam-o novamente mais tarde, se vos valer a pena. Certamente estará modificado.

Um exemplo disso é que o post de reestreia do Sofia de Buteco só foi totalmente revisado hoje.

Podemos, então, assinar esse contrato entre autor-leitor?

Sim (  );
Não (  );
Não tenho nada com isso, 
venho aqui para capturar imagens (  ).

PS: Aguardo respostas nos comentários!
.....
Por hoje é só!
Tenham uma boa sexta-feira! Ainda com resquícios de febre carioca, permaneço em casa, assistindo a Lúcifer Morningstar!

Buenas!

DADOS OFICIAIS

                    Fonte: https://www.tripadvisor.com.br/LocationPhotoDirectLink-g190454-d194165-i210433939-Schonbrunn_Palace-Vienna.html



Leitores,


Está computado nos dados oficiais: poucas coisas na vida são mais estressantes do que barganhas imobiliárias. Vivo em Belo Horizonte desde abril de 2015 e, na casa onde resido atualmente, desde maio do mesmo ano. Chegada a hora da renovação do contrato, este mês, tentei acordar com a imobiliária a intenção de aqui permanecer até julho do próximo ano, quando espero terminar as disciplinas do Doutorado. Tudo foi acordado, embora ainda sem acesso ao contrato, não saiba quais os termos aderentes que nele constarão.

Após anos vivendo em Viçosa, cidade pela qual nunca nutri simpatia - exceto pelas pessoas que lá conheci - sempre deixei claro a todos com que me envolvi, família, amigos, afetos, que não passaria o resto de meus dias lá. Chegando a "bêagá", pensei que poderia aqui ser o meu novo lar, possível local para a construção de uma vida.

Mudei de ideia!

Como desempregada e sem esperanças de um trabalho futuro, digo, rapidamente futuro, o dinheiro que possuo com minhas economias, somado ao que gastarei na realização de um projeto e o auxílio de pessoas de bem, só me permitirá permanecer aqui até a primeira metade de 2018. A questão é se ficar ou não na casa onde moro hoje, uma kitnet para ser específica.

Se perdi minha fé em tantas coisas ao longo deste ano, nada mais forte do que a minha ex fé imobiliárica. Ontem, ao passar no escritório a fim de que imprimissem o meu boleto referente a novembro, descubro que não receberam o meu pagamento de outubro e que meu dinheiro foi estornado.

Como o coração não sente o que os olhos não veem, raramente estudo meus extratos e saldos bancários. Mas sim, realmente lá estava: estornado. O que me chateou é que, por não saber disso, gastei naturalmente o dinheiro que corresponderia ao do aluguel anterior. A senhora que me atendeu disse, ainda: "Pois é....eu ia te ligar ontem para comentar.....".

Pois é, queridos, mas esse ontem era quinze de novembro, feriado. Afinal de contas: por que não me ligaram no mês de outubro, para que assim pudesse resolver o problema o mais prontamente? Isso ocorreu porque a imobiliária trocou de banco, mas nem disso eu sabia.

Portanto, penso se vale mesmo a pena por aqui ficar, até julho do próximo ano. Sou convencida pelo pouco conforto do qual usufruo, somada à preguiça de uma nova mudança. Acho estupidamente absurda a maneira como os locatários são tratados ante essas "instituições hierárquicas". 

Hoje lá terei de passar a fim de resolver esse imbróglio e, aconselhada pelo I Ching, evangelhos e todos os orixás, tenho tentado manter a calma com tudo isso, porque afinal de contas, hoje sou uma nova pessoa, de bem e de bom coração...

Sinto-me em um labirinto: se correr pega, se ficar come. Embora não seja uma pessoa totalmente só, ainda não estou acostumada a tomar certas decisões absolutamente sozinha. Apesar da idade, tenho uma imaturidade ariana que engana um pouco a minha "esperteza" escorpiana (respondo: Sol em Escorpião, ascendente em Áries, Lua em Libra, Escorpião em Vênus).

- E esse Vênus em Escorpião, ou o contrário, como vai?
- Danem-se os astros, os signos e os búzios...

Bom dia!



quinta-feira, 16 de novembro de 2017

POST REESTREIA: O BOM DEUS OU RECADO DO MAR...

                                  Arquivo pessoal (assim como as demais): Praia de Copacabana 


"O Bom Deus mora nos detalhes"
(Didi-Huberman)


Caros leitores e Caras leitoras,

Há um pensador e crítico de arte, entre outras mil e uma utilidades, quem afirma: "O Bom Deus mora nos detalhes" (Didi-Huberman, 2013). Para este post de reestreia do nosso Sofia de Buteco, desejo seguir essa linha de raciocínio. Nada é ruim em absoluto se observamos os detalhes.

Este 2017 tem sido o ano mais difícil da minha vida adulta. Além dos motivos que já sabeis, passei por outras duas rupturas afetivas. Desemprego, Doutorado sem bolsa, problemas familiares de ordem grave, falecimentos de pessoas queridas, entre outras coisas. Por essa razão, muitos dos planos traçados em nosso post de "despedida" não se realizaram; alguns, houveram de ser adaptados. Por isso, precisava de uma Primavera, renascimento natural de todas as coisas, para retornar ao meu santo ofício bloguístico. No entanto, falar aqui das minhas lamúrias, além de cansativo, não é atrativo para retomar a atenção de antigos seguidores, ou quiçá, buscar novos leitores, horizontes e ressacas marítimas. 

A citação de Didi-Huberman nos cabe aqui como uma ponte de pensamento. Dois mil e dezessete foi ruim sim. Não há mais nada sobre o que dizer a respeito disso. Porém, em sua narrativa cronológica, houve inúmeros e importantes detalhes que o fizeram, mesmo a tanto custo valer, não como ano supremo, mas possivelmente de transição. 

Estou transitando. Atualmente não possuo lar. Logo, quando me perguntam sobre minha descendência familiar, embora essa seja uma situação virtual (nunca aconteceu), tenho criado coragem para responder "Sou de família cigana, da tradição das sete falanges orientais, sendo devota de Santa Sara de Kali", ponto. 

No olho do furacão, muitos foram os momentos que me salvaram da minha própria ruína, dando-me a alegria necessária para prosseguir. Portanto, o desejo de retornar. A necessidade de escrever já estava gritante dentro de mim, além das críticas diárias as minhas redes sociais repletas de "textões" não-políticos. Esses e aqueles, a partir de hoje, serão postados aqui. Não sei ainda com que frequência e rotina, mas estarão. Tentemos em ordem cronológica um resumo dos últimos meses:

Em 2017 iniciei o meu Doutorado em Estudos de Linguagens pelo CEFET de Belo Horizonte, na linha "Literatura, Cultura e Tecnologia". Embora sem bolsa, foi uma das melhores escolhas que fiz, porque além dos novos colegas, das novas visões, de ter um ótimo orientador... foi o que me motivou a seguir nos momentos inconsoláveis. Em seguida, trabalhei dois meses e meio na Escola Gerencial Sebrae, o que muito me humanizou  em termos de diferença. Creio que tenho conseguido lidar melhor com as diferenças da vida e as alteridades, embora ainda reconheça as minhas limitações. Ao findar do período, retomei à condição de desempregada, mas tenho me virado: freelas, aulas particulares e o que aparecer. Não consegui, infelizmente, realizar um trabalho voluntário que adornasse coloridamente a minha vida. Contudo, assumi a indumentária de conselheira amorosa, Santa Antônia (aconselhando a amigos e amigas, traçando estratégias para reaproximar casais em crise ou separados - pois... Pasmem: ainda acredito no Amor!). E por fim, seja dom, estudo meia-boca ou anos de experiência Literária, tenho jogado tarot gratuitamente a todos que me procuram, apenas para amenizar o vazio de não mais voluntariar.

Às vezes, atenuar a dor do outro, de um único ser humano, já é por si só a salvação de um mundo. 

Viajei ao Rio de Janeiro com  minha família para comemorar os meus 30 anos pela segunda vez e, retornando a Belo Horizonte, de ônibus, sentou-se ao meu lado um senhor idoso e deficiente visual. Tenho profunda preguiça de conversar em viagens, aproveito o ócio para pensar em minha vida e traçar rumos destraçados. Mas o senhor me conquistou. Pastor Batista, um pouco conservador, um pouco retrógrado e até homofóbico. Mas, por outro lado (pois em tudo na vida há um lado bom e ruim), deliciei-me com seu bom humor e seus conselhos de viagem, além das suas lições de exegese e hermenêutica. Centrava-me nessas questões, também interessantes para uma pessoa como eu, a fim de evitar discussões ideológicas. Trata-se de um senhor, como disse. E para mim isso é muito expressivo. Surpreendi-me porém com sua visão política esquerdista e nisso concluí "as aparências enganam". Não se tratava de um ingênuo senhor, o que poderia nos ludibriar com sua "enfermidade" de nascença. Creio que os demais sentidos do Pastor foram mais aguçados pela vida, porque ela é ainda misteriosa e milagreira.

Ao descermos do ônibus, ocorreu que me pediu ajuda para levá-lo ao táxi. Temo que tenha perdido seu celular, pois ouvi um barulho se deparando ao chão, mas olhando razoavelmente nada vi. Nunca me perdoarei por não tê-lo alertado dessa possibilidade, embora, esse senhor  já tenha viajado o mundo e deve saber cuidar do próprio celular. Eu - que nunca conversei com um deficiente visual, quanto mais tive a oportunidade de conduzir algum com o meu próprio andar - fiz o que tinha de fazer, mas claramente mal feito. Guiei-o até o táxi, mas o fiz tropeçar, a ponto de quase cair, por não ter enxergado, eu, uma espécie de barreira entre a parada de ônibus e a saída. A vergonha acometeu a minha alma, mas disso, porque nada mais resta, concluo:

A vida é - guiar um cego por um caminho, emprestando-lhe nossos olhos... porém, ao mesmo tempo, fazê-lo tropeçar. Em outras palavras, muitos de nossos erros, defeitos e problemas, nascem dos nossos acertos, qualidades e aprendizagens. Viver exige riscos, como ao guiar um cego pela primeira vez. Nas melhores das intenções ele pode tropeçar, mas não guiá-lo, por horror do erro, seria o mesmo que ser tomado pelo medo do novo. E mirem: ainda acredito no novo e - provavelmente por isso, minha escritura e esperança resistem. 

Desse ano péssimo, os detalhes o salvaram, como peripécia de um bom Deus, pagão ou cristão. Vejamos as aventuras vividas nos meses de ausência:

Em julho deste ano trouxe o amor da minha vida, meu afilhado, a fim de passar alguns dias comigo na "metrópole". A ideia era  mostrá-lo as vantagens e belezas de uma cidade grande, porém... ledo engando. Era eu quem precisava de sua companhia, do parque de diversões, passando pelos museus, shoppings e praticando o papel materno que recentemente descobri em mim. Decidi que desejo ter um filho; e, seja como for, eu o terei, vindo de minhas entranhas ou fazendo-o brotar de corações encontrados.

Em agosto, fui ao show do Hanson, mas não apenas: com mais uma intercessão do meu amado Santo Expedito e com a ajuda de uma amiga belorizontina, recém conhecida na fila do aeroporto (porque fomos a tudo: aeroporto, hotel, show, hotel - aliás, hospedamos-nos no mesmo em que a tríade loira estava), pude, pela terceira vez na vida, conversar com o Taylor Hanson pessoalmente! Com fotos, autógrafos, beijos, abraços, curtas reflexões sobre a vida, na eminência de que nos jogasse, ele, pelo limbo do elevador, pois o pobre estava além de cansado, preocupado com nossa ousadia de fã. Não revelo os detalhes, mas registro a memória. No mesmo dia reencontrei uma de minhas melhores amigas de São Paulo e fiz muitos contatos. Além do que, enquanto esperava no aeroporto, não-lugar para receber o abraço de um ídolo de nossos últimos vinte anos, abracei, beijei e apertei o Frei Betto, outra personalidade muito admirada, por sua Literatura, adesão política e trajetória militante. E o show do Hanson? Bem. Trata-se do quarto show da minha vida, não pude comparecer aos dois últimos em 2011 e 2013 e, por essa razão, foi o show do meu ano. 

Em setembro e outubro, o conhecimento do outro. A tentativa, pelo menos. Retomei contato com velhos amigos; fiz novos amigos, os quais ainda considero colegas... Porém, mais importante do que isso é a experiência. Amei e fui amada, não importando se por duas horas ou uma noite seguida por madrugada e vigília. Aos poucos, sai de mim e cheguei ao outro. Inúmeros aniversários a serem comemorados, aniversários de muitos amores - e, para aqueles que não sabem - aniversários são, a meu ver, a dádiva da vida: a oportunidade de reencarnar sem passar pelo prejuízo da morte. 

Realizei um sonho antigo de colocar um piercing na orelha. Nunca pari, mas creio que não haja, fisicamente, dor mais forte e insistente. Levei um mês para voltar a dormir normalmente, porém me senti tão viva com esse pequeno detalhe, desejado desde a adolescência, que pensei "ou agora, ou nunca". Fui na companhia do meu pai, aliás, esse, junto de minha mãe,  muito me visitaram em Belo Horizonte neste ano. Já eu continuo indo a Viçosa ao menos uma vez por mês, afinal, é lá que meu coração permanece, por alguma razão misteriosa....(Perdão, leitores: precisava do meu jargão, já sentia saudades!).

Quase ninguém nota o meu piercing, considerando-o um brinco e desconsiderando minha dor extrema ao botá-lo na orelha direita. Mas pouco importa: eu sei que estou com ele e ele comigo está. Agora faltam as outras duas tatuagens (já tenho um Girassol nas costas), uma delas certeira e a outra... a depender de um milagre de bom santo que escute as minhas mandingas. 

Falando em santos, conheci muitos lugares especiais: casas espíritas, umbanda-daime, ciganas, igrejas (embora só frequente igrejas vazias) e isso me tornou uma pessoa mais espiritualizada. Uma cristã que acredita em Deus, mas com a intercessão de Expedito, Kali, Nanã, Ogum- São Jorge, exús e pomba-giras de bem; anjos da guarda e Darumas. Montei um altar em minha humilde residência onde, vez ou outra, acendo uma vela por mim e pelos meus; às vezes até por desconhecidos. Como meu terapeuta não me impediu, decidi por conta própria acreditar no poder da minha oração àqueles que desconheço. No findar da vela, é meu espírito que repousa. 

Em novembro, o meu aniversário! Para uma Doutoranda que estuda a Morte na Literatura Moderna-Contemporânea e fala dela o tempo todo, é curioso entender a minha ligação com os nascimentos das gentes. Mas ela existe. Gosto tanto da morte quanto da vida. Então, sem lar, decidi levar meus pais, tia e primo ao Rio de Janeiro para uma estadia de quatro dias: tudo isso por mim. Para estar com eles e para estar comigo. E também para o pagamento de uma promessa feita ao meu pai, em ocasião de uma beira-morte na qual esteve entre 2012 e 2013. 

Meu pai é o meu melhor amigo.

De Copacabana a Ipanema (minha praia e bairro preferidos), entre as baladas e bares da Lapa, muitas foram as emoções vividas. Da amizade familiar ao estresse que ela também provoca; da diversão "primesca" até uma discussão mal entendida (como todas as discussões do mundo...), passando pelo desafio de uma noite sozinha na Lapa, fazendo novos amigos,  conhecendo novos bares, novos gostos... e me perdendo ao retornar ao apartamento alugado. Às cinco da manhã, sozinha, caminhava por Copacabana à procura de "nossa casa". Nada me ocorreu, provando-me que não existe violência no Rio de Janeiro e que os cariocas são as pessoas mais legais do país. Além disso, prestando atenção aos sinais da vida, recebi um presente trazido dos Mares por onde estive:

Houve um momento de tristeza no qual a melancolia me acometeu. Foi quando recebi o recado do Mar: "Sofia, você nasceu só e morrerá só". Foi uma sensação muito forte e inexplicável, mas que, por outro lado, fez-me acreditar que chegou a hora de deixar para trás mochilas pesadas demais que venho carregando sozinha há muito tempo... Não se trata de egoísmo; para mim, quase um Memento Mori. Sei que morrerei. Sei que já tenho trinta e dois anos. E portanto, antes da partida dos entes que realmente amo e merecem o meu amor, preciso fazer algo por mim,

somente.

Há um plano traçado para o início do ano que vem. Mas, como boa paulistana há treze anos em Minas, só vos contarei, queridos leitores, quando meus pés tocarem outro chão. Se é que conseguirão tocar. Resolvi mandar tudo às favas, ouvir um pouco do chatíssimo Gilles Deleuze e aceitar seu conselho, talvez o único tópico que entenda de sua filosofia: O desejo. Não me importando com as consequências que isso me custará, decidi realizar um projeto/sonho no início de janeiro de 2018. Depois disso, o futuro pertence a: 1-Jesus. 2-Deus. 3-À sagrada família. 4-A Expedito. 5-A Sara de Kali. 6-A Nanã. 7-A Ogum-São Jorge. 8-Ao meu novo amigo Daruma. 9-Aos anjos da guarda. 10-Às cartas. 11-Ao I Ching (incrivelmente certeiro). 12-A todos os espíritos de bem e, por fim, 13- Às pessoas de bem e que gostem de sambar pelas trilhas da vida.

Amanhã será outro dia. 

Ao chegar do Rio, sofri uma crise de pânico, muito semelhante à época em que tive a oportunidade de realizar esse mesmo desejo, porém em circunstâncias piores. Sofri, chorei - senti falta de um amigo ou amiga física comigo. Por outro lado, recordei-me o recado do Mar:

"Sofia; o ser humano nasce e morre só. Faça algo por você, pois, como notaste, ninguém mais o fez ou fará". Não obstante, precisei de um bico-chororô e alguns calmantes. No dia seguinte, fui à aula com febre e mal estar. Ainda estou com um resquício dela e afônica. No entanto, estou vestida com as armas de Jorge e, a partir de então, é isso ou aquilo.

Os prognósticos para o Natal e Réveillon não serão positivos. Passarei ambos com meus pais em Viçosa. Antes disso, uma curta viagem até lá a fim de começar a resolver certas questões. Antes, um artigo para entregar; depois, outro artigo; e em março, um terceiro artigo, ou memorial - não entendi bem... Todavia, valerá a pena esse esforço. E agradeço aqui aos meus amigos que dele não me permitiram desistir; também aos meus pais e ao meu cão Snoopy.

A vida é como guiar um cego pela primeira vez e por ingenuidade deixá-lo tropeçar. Há quem se preocupe demasiadamente com o tropeço, esquecendo-se da boa vontade daquele que o conduziu. Eu, contudo, não penso em ambas as coisas: o cego não precisava de mim. Era eu quem dele precisava (Adicionei-o no Whatsapp, mas creio que realmente perdeu o celular). 

E ao longo desses meses, muitas tretas intelectuais, muitas brigas de Facebook, algumas amizades perdidas por conta disso, o que para mim é infantilidade pura. Porém, essa mesma tecnologia me permitiu fazer uma nova amiga cachoeirense (Espírito Santo, terra de Rubem Braga e Roberto Carlos). Que possivelmente não lerá a esse texto, ocupada que está com os prints diários que lhe envio, mas não importa. 

Existem vários tipos de amizade, como vários tipos de amor. O único, em minha opinião, que a todos iguala é: amar incondicionalmente, aceitando os defeitos e qualidades deste ser humano, "objeto" do amor. Ceder no que for preciso; Explicar o que não se pode ceder; Perdoar sempre; Abrir-se; Esquecer o passado; Recomeçar - se a pena é válida.

Em relação à força plástica da vida de uma suburbana belorizontina (Essencialmente paulistana, mas que morou e de certa forma ainda mora em Viçosa; cujo coração reside em Buenos Aires, mas a memória em Granada, Espanha... E, claro, de descendência cigana...), tenho lido atualmente Stephen King por gosto e assistido à série Lúcifer Morningstar, que é fantástica! (Soa adolescente? Sim! Mas eu sou a demoníaca Mazikeen, se pudesse falar em identificação, personagem sem alma, porém... de que ela serve? pergunto-me hoje). Antes assistia à "Força do querer", entretanto, desde que ela terminou, voltei ao vício da música e das séries; apenas a de Lúcifer. Há outras que me bloqueiam, não consigo assisti-las ainda. E claro, como desempregada, aproveito muito bem o meu tempo para estudar...

... E investigar os detalhes da vida, onde reside o bom Deus de Didi-Huberman. Abaixo, um resumo-montagem fotográfica, fora de ordem, desses cinco meses de ausência.

Por fim, um abraço especial ao meu amigo de São Paulo Seu Jaime, quem nos deixou no dia 02 de novembro desta Primavera. Amigo dos bons cafés e conselhos: estará sempre em minha e na memória dos seus.

Boa Primavera a todos:
Ainda há como florescer... 
Sejam bem-vindos!
Sofia de Buteco




























PS: REVISADO, DE FATO, SÓ ÀS 17:43 DO DIA 22/11.