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Escrevi um texto mais-que-longo e o deletei em seguida, por conta da subjetividade e confissão que lá estava. Gosto é de escrever palavras sem sentido apenas para que eu as entenda, até esquecer todas as intenções. Minha memória está devastadora, esqueço detalhes imprescindíveis como onde deixei a chave, a necessidade de comprar o shampoo, as razões que me levaram a trabalhar nesse projeto de dissertação de Mestrado.
Houve um namorado quem disse... essa palavra "Uó" é muito feia.
- Desculpe, cariño, mas o vocábulo "Uó" me representa.
Há anos venho acumulando sucessões de vazios; porém 2013 decidiu arder com todas as chispas e chamas de chuveiro que estoura na cabeça de mãe sexagenária em segunda-feira após briga de namorados.
- O problema sou eu.
Certa vez, levaram-me ao Papai Noel do shopping da minha zona, a Sul. Eu queria mesmo o do Center Norte, mas papai achava que eram todos iguais. Pedi a Noel uma coisa, embora desejasse outra. Queria o boneco Bozo em tamanho real (o meu tamanho real, na época), mas pedi o disco da Turma da Alegria. Não sei o porquê da mentira: a verdade é que menti mal, cheguei em casa e dei início ao choro tardio. Implorei que me levassem outra vez ao shopping para desfazer o mal entendido, porém entardeceu. Senti medo de revelar o meu desejo por um boneco decadente chamado Bozo, vergonha de que rissem de mim. Tinha cinco anos e já me censurava, eu-era-meu-auto-carrasco.
Por fim ganhei o boneco e, dois anos depois, o disco. A vida é também maravilha.
Pois bem. Caso me levassem hoje ao Papai Noel do shopping da minha zona, a Sul, eu não teria medo em dizer que gostaria de recomeçar do zero. Salvo os afetos, mudar de tom e toada. Terminar o Mestrado em Literatura Tcheca, publicar quinhentos e dezesseis artigos, trabalhar em...
...Vinte e dois anos se passaram e você continua mentindo? - diria Papai Noel.
A vida é também maravilha.
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