Espero que tenham aproveitado ao máximo o dia dos namorados - essa fútil convenção capitalista que até dia outro me fazia tão feliz... e tão capitalista! Ah...O capitalismo! O que seríamos de nós sem ele? Emprego eu não teria, não por hora.
E a surpresa veio dele, hoje, como um susto: Em meio às lamúrias de minha primeira solteirez em tantos anos, fui convidada por um novo amigo para um cineminha, desses à tarde, como as matinês dos adolescentes! Fiquei tão feliz e até ganhei de presente o ingresso, além de maçãs de outros colegas de trabalho... Maçãs do amor, embora sem mel.
Após hoje, de extremo a outro, isto é, acordar de madrugada, preparar quatro provas, corrigir mais de cem redações e pensar, pensar, pensar bastante na vida... A tarde me veio de presente: Assistimos à "Mulher Maravilha"(Patty Jenkins, 2017). Nada a comentar, nada de sobrenatural; o assombro me veio antes, do convite feito e da alegria em recebê-lo, o que custo a aceitar.
Nunca fui contra amizades entre homens e mulheres. Na adolescência, minhas amizades eram fundamentalmente masculinas. Na chegada dos vinte e com a mudança de cidade, femininas se tornaram as amizades. E cada uma delas é igual mas ao mesmo tempo diferente. Por isso, com passar do tempo, mudei o meu pensar sobre as amizades entre "casais", ou seja, meninos e meninas.
Geralmente os homens podem até sentir certa atração por uma ou outra amiga... O que pode, às vezes, ser normal. Mas a amiga, ah... Em um momento de carência pode se apaixonar pelo amigo, ainda que em segredo mortal.
Por essa razão fui tão proibitiva com alguns ex´s namorados que não compreendiam que a amizade é livre e linda, mas o respeito pelo "parceiro(a)" deve permanecer sempre em primeira importância. Alguns traumas tristes me levaram a essas conclusões. Atualmente, contudo, fui obrigada a mudar meu pensamento... em partes, claro!
Sabe, leitores? Ainda penso um pouco assim. Em primeiro lugar, àquele que conosco está; em segundo, às duas metades da humanidade. Mas é certo que hoje, leve de tanto peso e culpa, viveria de modo diferente: Com amigos, amigas, e até amig@s. O limite, que existe, seria dado pelo meu outro, não mais por mim.
Proposta rejeitada, infelizmente, apesar do meu esforço grande, consciente, sofrido e verdadeiro. O que fazer, então, senão começar por mim?
Hoje fiz um amigo e que muito me fez sorrir por muitos instantes; até gargalhar, porém junto aos demais companheiros de trabalho, senhores dos cinquenta aos setenta, talvez, mas divertidos como se tivessem vinte e cinco.
Coração pra cima
(Paulo Leminski)
"Coração
PRA CIMA
Escrito embaixo
FRÁGIL"
A vida segue como tem que seguir, com nossas escolhas ou não. Limitadas as nossas (escolhas), que sejam doces, ao menos, como as Maçãs do Amor - embora sem Mel.
Ninguém muda da noite para o dia, mas tudo é repensado, se houver imposição:
Casa com cachorro brabo
(Paulo Leminski)
"casa com cachorro brabo
meu anjo da guarda
abana o rabo"
A imposição, isto é, a proposição, deve ser aceita ou não. Depende do carinho com que ela chega. E do amor de quem ela vem. Ou do corte com que ela chega também. E da raiva, incompreendida, de quem insiste em fazer vir! Deraiva em raiva, leitores... Meu anjo da guarda, hoje, abana o rabo.
Vindo, permaneço, pois meu dia não acabou. Os vagalumes me esperam amanhã, ansiosos, no mesmo local e infeliz horário: As provas já estão prontas, mas ainda faltam as redações dos pequenininhos e engraçados. Melhor levar com leveza, se temos mesmo que levar...
Antes do Amanhecer/ Before Sunrise (Richard Linklater, 1995)
“Acredito que se há qualquer tipo de Deus, ele não está em nós. Não em você, ou em mim. Mas no espaço entre nós. Se há algum tipo de mágica no mundo, ela está na tentativa de compreender alguém e compartilhar algo. Eu sei, é quase impossível conseguir isso. Mas quem se importa? A resposta é a tentativa.” (Celine).
Antes do Pôr do Sol/ Before Sunset (Richard Linklater, 2004)
Antes da Meia-Noite/ Before Midnight (Richard Linklater, 2013)
“Amo o jeito que você canta.”
“Boa sorte para encontrar outro que aguente suas merdas por mais de seis meses. Mas eu, aceito o pacote completo.”
“Sei que você não vai mudar e não quero que mude. Isso se chama aceitar você por ser você.”
“- Seu primeiro amor, você ao menos se lembra quem era? – Sim, eu lembro. Foi você.”
“Você, de alguma forma, arruma tempo para reclamar oito horas por dia.”
Trilogia do Antes (1995 à 2013)
Bem.
Nestes dias estava em dúvida se escrever ou não sobre o dia dos namorados, afinal, depois de cinco anos, este será o meu primeiro deles solteira. Após pensar bem, compreendi que não tocar no assunto seria negar ao Sofia de Buteco àquilo que ele tem sido ao longo dos seus oito anos de existência: O AMOR. É claro que não sempre. Nesses anos também houve colunas, crônicas, contos, resenhas, colagens que falavam de atualidades ou memórias, porém o canto de Sherazade sempre foi o do Amor. Por essa razão este Blog nasceu e, pela mesma razão, um dia há de morrer ou descansar.
Em algum momento vos contarei a história por completo. Por hora, só importa o detalhe que o Sofia teve seu início pelo término de um amor juvenil e quase adolescente; prosseguiu nas atualidades. E encontrou, no meio do caminho, outro amor, esse que dura ou durou sete anos e meio, entre idas e vindas. Ao menos por enquanto.
E, coincidentemente, foi durante tais sete anos e meio que conheci a belíssima Trilogia do Antes, de Richard Linklater. Parece poético e forçado, mas vivi quase exatamente as mesmas experiências e falas, obviamente no meu contexto, no decorrer desse tempo com a mesma pessoa: Em distâncias quilométricas ou juntos na mesma casa; e novamente à distância, físcia e também emocional.
Não sei dele, um pouco mais velho em idade e sobretudo em racionalidade do que eu. Porém, hoje me situo entre as fases Sunsete Midnight. Ambas ocorreram quase juntas. O Pôr do Sol e a Meia-Noite. Mas, ainda, a Meia-Noite não acabou. Em algum momento ela há de terminar para que surjam, a ambos, novos fuso horários.
Entretanto, o último filme da trilogia é ambíguo como a vida: O casal protagonista, Julie Deply (Celine) e Ethan Hawke (Jesse), encontram-se em uma fase crítica de seu amor, às vésperas de um divórcio ou de um novo começo. Não é possível ter certeza, a menos que houvesse uma continuidade fílmica, o que provavelmente não ocorrerá pelos próximos dez anos.
Portanto, fiquemos na dúvida: Divorciar-se-á o casal? Ou optarão por mais um novo começo? Ainda não sabemos. Talvez um dia, quando o soubermos, aos leitores que por aqui hoje passarem lembrarão desse despretensioso post.
Como já dito, encontro-me entre ambos os últimos filmes. E me encontro também, nos últimos dias e acontecimentos, bastante pessimista em relação às hipóteses de Linklater.
Assim, não custa lembrar que a vida é misteriosa e conforme disse uma amiga muito querida, parafraseando a um padre por quem é "apaixonada": "Para quem está farto de passado, o futuro está sempre começando. [...] Há despedidas que nunca terminam. É um mistério que a vida nos ensina: O outro nunca parte totalmente."
Por fim (visto que as redações não se corrigirão sozinhas...), mostro-vos a música que, mesmo esquecida, esteve comigo nos primeiros anos dessa longa história. Entre todo o Amanhecer e início do Pôr do Sol.
A quem passar por aqui, entre the Sunrise,the Sunset ou the Midnight,Feliz dia dos Namorados e Feliz dia das Namoradas!
OBS: É Na Meia-Noite em que tudo termina, mas também recomeça.
FONTES: BELA RESENHA SOBRE A "TRILOGIA DO ANTES". DISPONÍVEL EM: http://www.cinemadebuteco.com.br/filmes/criticas-de-filmes/trilogia-do-antes/.
CITAÇÃO PARAFRASEADA PELA AMIGA: Padre Fábio de Melo - O discípulo da madrugada.
Hoje o Sofia está de cama. Desde ontem à noite venho sentido uma dor de cabeça extrema, a que ainda permanece. Acredito que seja psicossomático, visto que tenho um fim de semana para fazer inúmeras coisas e cheia de pré-ocupações. Mas vou conseguir, sempre consigo, ainda que do meu jeito, torto e otrot.
Isso somado a outras questões, como o fato de não ter que, mas optar por lidar com pessoas que pouco se importam conosco: É tão desgastante. A opção vem da memória, da lembrança, do amor, da crença em um poente mais belo, mas sobretudo, no respeito de haver compartilhado a vida durante tantos anos ao lado de alguém. Um pai, uma mãe, um cacto, uma calopsita. Não sei lidar de outra forma, apenas a de ser objetivamente clara, honesta e transparente.
Não existem dívidas, porém, dentro da ética de todo ser humano, negligenciar o pedido de alguém tão importante é negligenciar a vida que hoje possuímos, vivemos e optamos.
Porque somos nossos encontros e desencontros.
E todo Livre-arbítrio é limitado por natureza. A gente acha que escolhe, mas nem tudo é escolhido.
Eu gostaria de fazer nada no dia de hoje e me darei esse luxo até à noite. Depois, vou trabalhar. Porque sou assim:
Hoje de madrugada recebi um susto por mensagem. Uma proposta que me parecia fantástica e eterna enquanto eu quisesse e necessitasse, caiu-me por terra por alguns segundos, apenas por coincidência de homônimos. Só me resta esperar; porém, já venho me acostumando a isso há algum tempo. Não é mais sacrifício. O susto passou, adormeci logo após o imbróglio, despertando cedo poucas horas após.
Fui para o trabalho temporário apenas a fim de aplicar uma prova. Cheguei sem atrasos e voltei assim que pude. Ainda me sinto cansada fisicamente. Tenho deixado os amigos em segundo plano, por enquanto, e me debruçado sobre o eterno: A minha família. Aos amigos verdadeiros, espero que o entendam no momento em que voltar... Porque voltarei, a cada dia sinto mais saudade do instante.
Em casa, um stress enorme sobre questões relacionadas ao meu cartão de crédito. Tudo devido a uma compra impulsiva cuja duração era a de um dia e uma noite. Porém, continuou a ser cobrada nas faturas seguintes. Até se pode sofrer por tantas coisas, mas o que nos apresenta à vida adulta (se você é de classe média...) é o sofrimento da conta bancária, esse é superior às dores de amor. Então insisti. Nada resolvido, apenas sugerido, hoje não será um dia para esquecer, senão lembrar: Preciso consertar as pendências do meu cartão de crédito. Depois, cochilei. Reacordada, conversei com minha mãe e brincamos (a que ainda está aqui). Por fim, trabalhei um pouco, bem pouco, admito. E agora escrevo.
DIA UM.
Isso foi há quinze anos. Uma tarde linda. Primeiros dias de verão. Lugar bucólico no qual o tempo é medido pelas rezas, não por relógios (Ganhei um lindo relógio certa vez e tentei usá-lo para me sentir mulher... Mas, infelizmente, detesto relógios, não me forço a usá-los e desconfio da sua precisão. Como mesuram o tempo, se esse não existe? Serei a velha, se lá chegar, sem relógio de pulso, sem relógio nas paredes, sem a medição cruel do meu passar).
Estava na agradável companhia de dois amigos-amores. Ambos se foram há quinze e quatorze anos. Eu era muito jovem e acreditava na ideia de nunca mais olhar para o atrás. Assim, ao me despedir do que partiu primeiro - sem receios, afirmo: De maneira singularmente amorosa - não olhei para trás. Segui adiante na certeza de que nos veríamos tão pronto quanto. O outro, que me acompanhava, mais jovem do que eu e ao mesmo tempo mais velho, olhou várias e várias vezes para trás e me disse que o primeiro, de quem me despedia, não deixava de me observar. Seus olhos eram de um verde-azulado fascinantes, que nunca houve aproximados. Busquei-os durante algum tempo nos de seu sangue, mas nunca foram os mesmos olhos. Pouco nos conhecíamos, mas os olhares eram para mim.
Na imaturidade dos dezessete, não voltei. Não havia smarthphones para uma selfie a dois ou a três. Perdi o momento único de compreender, ou sentir, se aquele ser humano gostava de mim na mesma proporção que eu o amava.
Mas não vi. Escapou-me.
Isso somado a um desencontro anterior, trouxe-me ao longo da vida um arrependimento profundo: O de não ter visto aquele olhar pela última vez. Pensei nisso durante muitos anos e, mesmo feliz ao lado de outrem, às vezes sonho com ele e o olhar não visto. Arrependo-me de não ter olhado para trás. A distância era pequena, fiz por orgulho, para que não me esquecesse nunca. Porém, mesmo para pessoas como eu, tão intuitivas, às vezes nos falham nossas magias de nascença. Eu errei. Eu não sabia que aquela véspera de Natal seria o nosso último encontro da vida. Se tivesse, na época, tal ciência, não só teria olhado de novo, mas dito coisas que não tive a oportunidade de dizer. Coisas que lhe pude escrever e ele leu, mas não teve o tempo necessário para me responder.
Esse episódio, feliz e triste como a vida, foi o primeiro de muitos os quais me ensinaram que olhar para trás não é nada demais. Apenas um pequeno desvio de cabeça e coluna, e que nos pode fazer muito bem.
Portanto, se pudesse escolher um dia para que me fizessem uma lobotomia parcial, um esquecimento fragmentado, escolheria sem pestanejar aquela véspera de Natal.
DIA DOIS.
Isso foi há quase treze anos. Uma manhã ensolarada, mas triste. Na qual deixava para trás os meus amigos, a minha vida de então, a minha história de dezoito anos e alguns meses. Ainda imatura, não tive a força suficiente para realizar sozinha o milagre de permanecer na minha terra. Fui obrigada a me mudar de estado e, a partir de então, apesar das felicidades e encontros vividos, sempre me questionei se não haveria sido melhor ter lá ficado. Trabalhado em alguma loja dos inúmeros shopppings da minha cidade pétrea, cinza e agaroada, pagando com sacrifícios uma faculdade particular (possivelmente também de Letras, caso não passasse na USP. Lá nunca tentei. Tentara Medicina, para me distrair do futuro incerto que estava por chegar). Moraria com minha madrinha, contudo manteria por perto os amigos da vida toda e parte da minha família. Só estaria longe dos meus pais. Longe do meu eterno.
Fraca, cedi.
Já não sei se ambos - pai e mãe - hoje sentem que tomaram a melhor decisão. Percebo um arrependimento nunca verbalizado e que nunca o será, porque nenhum pai e mãe é capaz de considerar que errou, em se tratando dos erros que envolvem a vida de uma filha. Levei muito tempo para me acostumar à nova realidade e, quando acostumada, sinto que a perdi novamente, há exatos dois meses. Neste caso, trata-se de um paradoxo:
Ficando, eu não seria eu e teria tido outra vida. Partindo, o que fiz, tornei-me o eu de hoje em outra vida também. Nunca saberei se a anterior seria mais triste ou mais feliz. Quando muito infeliz, penso que deveria ter permanecido naquela. Quando em condições normais de temperatura e pressão, penso que também não era ali o meu lugar, tampouco onde agora estou e que talvez não existam lugares suficientes para um alguém como eu, só morada em lugares afetivos (mas isso descobri um dia desses).
Certamente, a primeira opção teria me evitado uma série de tristezas, sofrimentos e desilusões. Sinto uma pequena raiva ao nisso pensar. Como nada em absoluto é exato, a segunda opção tomada me trouxe outros benefícios: práticos e poéticos, fugazes e eternos. Alegrias talvez nunca experimentadas se em minha terra houvesse ficado, ainda que as grandes tristezas igualmente não aconteceriam, pois os encontros não existiram. Hoje não seria hoje. Seria outro hoje. Um hoje que não posso acertar, apenas imaginar nos momentos de dúvidas, esses que todos sentimos às vezes.
Portanto, se pudesse escolher um dia para que me fizessem uma lobotomia parcial, um esquecimento fragmentado, escolheria com pestanejar o dia dois de agosto de 2004.
BRILHO ETERNO.
Com pestanejar escolheria uma lobotomia parcial. Verificando no dicionário mais próximo:
"[...] Lobotomia ou Leucotomia é uma técnica de intervenção psicocirúrgica feita no cérebro, que consiste na retirada total ou parcial dos lóbulos cerebrais. [...] Com a descoberta dos primeiros medicamentos antipsicóticos, a lobotomia passou a entrar em desuso. Em meados da década de 1950, esta técnica foi banida na maior parte dos países do mundo. [...] Em alguns casos, a lobotomia era usada como um método de lavagem cerebral. Por exemplo, um indivíduo saudável era submetido a esta técnica, com o objetivo de “danificar” propositalmente o seu cérebro e garantir um maior controle comportamental desta pessoa."
As lobotomias para ambos os dias descritos me serviriam para esquecer as lembranças dos meus fracassos e desilusões. Obviamente nunca faria tamanho retrocesso! Mas, na possibilidade de ser "cobaia" em algum procedimento experimental, apagando da memória apenas alguns momentos, os mais tristes, os rompimentos, os "aos-deuses", é possível que tentasse. É muito triste viver na certeza da incerteza do outro. São muito vazias as máximas dos nossos filósofos de Facebook que não sabem doer, que fogem ao avistar, de longe, a sombra do sofrimento. Até os filósofos da leveza mentem para nós que os lemos. Vendem-nos a leveza da vida mas todos experimentaram o trágico da existência (talvez por isso sejam leves, essa hipótese é só minha). Faria ou não faria? That´s the question.
SEM LEMBRANÇAS.
Sim e não.
Confesso que sinto dúvidas sobre o DIA UM.
Mas sobre o DIA DOIS... Nunca poderia. Mesmo que permaneçam para sempre apenas como lembranças e não como desejos que retornam à pele e à vida diária, isto é, que nunca voltemos atrás... Em meio ao caos, as delícias concretas, esquecidas nas horas de raiva, mas relembradas em dias futuros, também nos seriam removidas eternamente.
Pergunto-vos, leitores (aos mais velhos. Aos jovens à juventude! Que por si só basta): Conseguiríeis viver uma vida tão oca? Sem lembranças e esperanças? Alguns conseguiriam. Eu não: "À magia da verdade inteira todo poderoso amor".
Ainda, o DIA UM:
Aquele abraço último também seria esquecido.
ÀS 23:02.
Bebo em uma caneca (verde) o meu café com leite de todas as noites. Depois, à minha mãe; Após, um pouco de TV ou internet; e, por fim, uma noite com lembranças e brilho eterno por opção.
Fontes: Sobre Lobotomia: https://www.significados.com.br/lobotomia/. Trilha sonora: Everybody´s Gotta learn sometimes (Beck - para Eternal Sunshine of a spotless mind). Imagem: https://medium.com/@Montuan/brilho-eterno-de-uma-mente-sem-lembran%C3%A7as-d5c57e11d634. Citação: música Copo Vazio, Gilberto Gil.
Olha: Acabou o detergente. Antes de ir ao mercado, relembre-se:
Mapeei a dedo tuas sardas. Contornei sem jeito tuas linhas. Que te entregam e desvendam o melhor em ti. Me perdi no céu das suas pintas. Me encontrei no céu da tua boca. Tu é labirinto, rua sem saída... Me rendi a tua alma nua, vem cá! Congela o teu olhar no meu. Esconde que já percebeu. Que todo meu amor é teu amor. Então vem cá. Que nós, até Caio escreveu. Parece que nos conheceu!! Em mel e girassóis te peço, só te peço:
Fica. Fica, me queira e queira ficar.
Mapeei a dedo tuas sardas.Viajei nas suas entrelinhas. Que te entregam e desvendam o melhor em ti: Me perdi no céu da sua boca. Me reencontrei nas suas curvas. Você é labirinto, rua sem saída. Me rendi a tua alma nua, vem cá! Congela o teu olhar no meu. Esconde que já percebeu. Que todo meu amor é teu amor! Então vem cá...
Em mel e girassóis te peço, só te peço:
Fica.
OBS: É SEMPRE BOM LEMBRAR, QUE UM COPO VAZIO, ESTÁ CHEIO DE AR.
BJOOO! TE AMO!
.....
Fontes: Música "Fica" de Anavitória. Música Copo Vazio, Gilberto Gil. Duas Geladeiras.
A raiva é por acordar cedo. Conheci pessoas que acordavam mal humoradas, mas nunca as entendi visto que despertavam assim ás nove, dez ou onze da manhã. Eu, porém, que venho acordando quase diariamente às cinco e meia da manhã ou às dez para às seis, quando tenho coragem em ser rápida (nunca tenho, sempre preciso de cinco minutos para blasfemar sobre o dia recém-parido), sinto-me um traste. Meu mau humor é chato, profundo, vontade de que o mundo exploda. Em seguida, a longa espera pelo ônibus na manhã fria de Belo Horizonte (a que se converte em tardes excessivamente quentes, igualmente odiadas) ou, quando há atrasos, a raiva do peso financeiro de arcar um Cabify e no maior dos azares um táxi. Ah, leitor, esta vida adulta... Não é para mim!
Tudo vale a pena se a alma não é pequena, isto é, se o salário é compensador. Sendo-o, que chegue também sem atrasos... Outras histórias longas e curtas, porém igualmente mal humoradas.
Em meus antigos trabalhos, tinha o privilégio de acordar tarde. Em um deles, somente, fazia-o de manhãzinha, porém ficava perto de minhas duas casas, sobretudo da segunda ou da primeira. Agora, já não há remédio e nem casas. O trabalho é temporário, gosto muito dele, mas o acordar cedo me deixa exausta e - se tenho aula em seguida, a do Doutorado - retorno a minha kitnet como um soldado da guerra. Paciência, sempre, paciência! Odeio esse vocábulo. Odeio o excesso de paciência.
- You know nothing, your innocent...(or blind?)
Só que após horinhas de descuido chega o TCHAN: A alegria. Meus alunos, não todos, mas a maioria deles são muito, mas muito legais! Há alguns dias dancei forró com alguns deles, durante a aula mesmo. Hoje, com uma turminha bastante engraçada, um forró, um funk e alguns "passinhos". Essa é a minha alegria quase diária, a do encontro com gente jovem, inocente e não ao mesmo tempo, contudo muito divertida. O riso é inevitável, mesmo nos momentos de bronca! Sentirei falta disso daqui a um mês e meio. De acordar cedo? Jamais!
Sendo o resultado final a alegria, lembrei-me inevitavelmente daquele grupo É O TCHAN.Na época, com meus nove ou dez anos, dançava a todas as músicas sem maldade, sem compreender as letras, só por infância e as coisas doces que dela vem.
Aos desavisados, o É O TCHAN (ou Cia do Pagode ou Gera Samba, porque eles mudaram seus nomes com o tempo...) foi um grupo musical surgido na metade da década de noventa que se tornou muito popular no Brasil com musiquinhas-melô (refrãos ou refrões que não nos saiam da cabeça) de Axé, Pagode e até Samba. Nos vocais estavam o "Cumpadi" Washington e Beto Jamaica. Já os dançarinos, eu "peguei" a fase da Carla Perez, Débora Brasil e Jacaré até a temporada das Sheilas, a loira e a morena, ainda com Jacaré e os mesmos vocalistas. O grupo ainda existe porém sem tanta audiência. Mas o passado, nesse caso, vale a pena ver de novo, principalmente nos karaokês ou nos fins de festa!
Há passados que nos valem a pena ver de novo e de novo e de novo, acreditem, leitores! E o É O TCHANé um básico exemplo disso. Vinte anos depois e não deixam de serem engraçadas aquelas músicas mal intencionadas mas que faziam até crianças dançarem, na época em que não tínhamos moral. Quando ainda éramos mais índios, despidos de nossa catequese diária.
A alegria subverteu o meu dia. Amanhã, novamente, chegará o mau humor, como a manhã após uma noite inébria. Portanto, sem muitos assuntos ou motivos, o SOFIA DE BUTECO hoje decidiu prestar uma homenagem a esse passado gracioso: Voltemos a ele?
- Sabe de nada, Inocente! - ainda diz Cumpadi Washington, ainda que por marketing necessário.
Vamos ser ridículos um pouquinho, leitores? Seguem abaixo as minhas músicas preferidas do É O TCHAN!Acreditem: Enquanto as busco aqui, ouvirei a todas e serei feliz! Há letras, talvez, que só entenderei hoje (RISOS). Nada de fim. Comecemos pelo começo:
I. GERA SAMBA: A BOQUINHA DA GARRAFA!
II. MELÔ DO TCHAN(MINHA PREFERIDA!)
OBS: Levei anoooossss pra entender a "maldade" dessa música!
III. É O TCHAN: DANÇA DA CORDINHA
(... essa eu dançava na escola!)
IV. É O TCHAN: RALANDO O TCHAN NAS ARÁBIAS
V....como esquecer esta...ainda comoGERA SAMBA:
A DANÇA DO BUMBUM
VI. É O TCHAN: ARIGA TCHAN
VII. É O TCHAN: TCHAN NO HAWAI
VIII. É O TCHAN: TCHAN NA SELVA
IX. É O TCHAN: MELÔ DO TCHACO
X. É O TCHAN: DANÇA DO PÕE PÕE
Bem. Os tempos mudaram e hoje vivemos a era do politicamente correto. Embora necessário, sinto um pouco de pena porque, a meu ver, estamos perdendo a nossa inocência, àquela herdada de nossos ancestrais indígenas com suas vergonhas e desvergonhas. Carla Perez (gosto muito dela) se casou com Xanddy, o amor de sua vida, e tem dois lindos filhos. Porém, tenta apagar o passado que, bem ou mal... Não é apenas um passado; é um melô! Sendo assim, a menina que requebra mãe pega na cabeça. Domingo ela não vai... Não, não vai! Domingo ela vai ao culto. Nada contra isso, nada contra os pentecostais, as religiões ou contra Deus. Mas isto aqui abaixo, mirem... Será uma pequena lembrança de um TCHAN segurado e amarrado? Ou a certeza de que perdemos a inocência?