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Usei bota ortopédica aos três anos. Aos seis, óculos; aos sete, aparelho dentário.
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Minha botinha não era rosa; era uma botina marrom como desses caras que escalam montanhas. Certamente meu pai a escolhera para mim, porque se fosse minha mãe, deveras seria rosa com desenhos de flores e borboletas.
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Meus dois primeiros óculos foram rosa, com uma cordinha rosa que os unia ao meu pescoço. Apesar da cara feia de meu pai, minha mãe os achava lindos, exceto pela cor da cordinha, que segundo ela devia ser rosa fosforecente.
Usei bota ortopédica aos três anos. Aos seis, óculos; aos sete, aparelho dentário.
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Minha botinha não era rosa; era uma botina marrom como desses caras que escalam montanhas. Certamente meu pai a escolhera para mim, porque se fosse minha mãe, deveras seria rosa com desenhos de flores e borboletas.
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Meus dois primeiros óculos foram rosa, com uma cordinha rosa que os unia ao meu pescoço. Apesar da cara feia de meu pai, minha mãe os achava lindos, exceto pela cor da cordinha, que segundo ela devia ser rosa fosforecente.
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Meu primeiro aparelho odontológico era da cor de aço, sem detalhe. Mas era como se houvesse uma borboleta em minha boca, o que fazia graça e tornava o incomodo um pouco menor. Usei vários tipos de aparelhos dentários, exceto aquele que se assemelha a um freio de cavalo. Mas ainda tenho dentes de coelho e sorriso alto, como o é denominado; contudo, parte do meu charme vem daí, como disse MARCELO CAMELO, e se MARCELO CAMELO o disse, está dito.
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Quanto aos outros desvios, hoje só o astigmatismo (minha miopia subitamente desapareceu no exame passado, apesar de ter "surgido" uma tendência ao desenvolvimento de um glaucoma.) Gosto de óculos, sinto-me charmosa e penso que não há nada mais atraente do que um homem de óculos. Quanto a meu jeito de andar, caminho sempre em diagnonal, obrigando a pessoa da minha direita a deslocar-se como que empurrada ou tropeçada para lá.
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Não tenho carteira de motorista.
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Ainda sobre a bota ortopédica, aos 4 minha mãe pôs-me nas aulinhas de Ballet a fim de que meu pé adquirisse curvatura, a que não existia. Meu pai nega veementemente tal fato, alegando que na verdade o sonho de minha mãe era que eu fosse, quando mulher, uma daquelas dançarinas do Chacrinha: ganhasse muito dinheiro, fosse muito bonita, tipo mulherzinha com bundão e me casasse com um bom rapaz, talvez rico, mas se pobre, pelo menos de família honesta.
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Sobre os sonhos de mamãe.
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Uma vez bailarina, sempre bailarina; mas como todas da nossa raça afirmam "disciplina, leveza, graciosidade e postura", desta quadra de elementos só me restaram um pouco de postura e graciosidade, mas já a leveza e a disciplina....Pode ser que tenha certa leveza (disciplina não mesmo) ao caminhar ou algo assim. Embora meus carinhos sejam grosseiros, como quando dou um tapinha nas costas de um amigo e acabo por lhe causar um deslocamento vertebral, por exemplo.
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Aprendi a amar assim com uma das tias de quem mais gosto (irmã caçula de minha mãe; esta, a mais velha dos 8 irmãos): quando criança, ao invés de nos tratar com docilidades e beijinhos, tia Marli dava-nos murros nos braços e bunda, como prova de que nos amava.
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Porque às coisas do coração não existem certo ou errado, tampouco classificações e rótulos.
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Acho que todos temos um lado feminino e masculino, indiferente e independete à orientação sexual de cada um. Sou masculina em muitas coisas, contrariando os sonhos de mamãe que em mim vislumbrava, senão uma Chacrete, no mínimo uma Sandy.
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Não tenho muitas vaidades (minhas vaidades são mais profundas. Advêm do meu interior, mistura de ego e preciosimo): não era a primeira aluna da classe (só gostava de escrever, mas não de estudar); perdia todos os meus materiais escolares, isso quando não os comia; detestava fazer bandeirinhas nas festas juninas (não tinha habilidade manual desde criança); não tive muitos bichinhos de pelúcia (porém, adorava bonecas e bonequinhos de guerra); adorava me lançar em poças de lama; fugi duas vezes das aulas de catequese; não gostava de ir a missas (mas conversava com Deus quando lhe acendia velas coloridas, como ainda faço).
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Atualmente, não faço unhas; mal me maqueio; não sou doce (ainda que me considere gentil); não sei cozinhar um prato extraordinário para meu namorado rico ou pobre de boa família; não uso nada de marca; divido meu dinheiro com ciganas (adoro ciganos); as paredes do meu quarto eram azuis (agora serão vermelha e brancas) cheias de rabiscos por elas afora; não cuido muito do meu cabelo; não tenho paciência para organizações; não tenho disciplina, não tenho dinheiro, não tenho, ainda, carteira de motorista; falo muito alto, rio muitíssimo alto (não me importo com os ouvidos dos vizinhos e as paredes que nos separam); saio por aí com a roupa ao avesso; converso com cachorros no meio da rua; tenho estômago de homem; rolo na lama com crianças; não tomo banho quando está muito frio e passei com 80 na monografia, cujo tema era o diabo. E, para provar que sou realmente o sonho "ao avesso" de mamãe:
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DETESTO LOJAS E FAZER COMPRAS.
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Hoje, já de última hora, fomos meu irmão adotivo e eu à busca do vestido: sim, o símbolo da formanda, da rainha do baile. Eu, com pouco dinheiro, de certeza só tinhas duas: seria vermelho, o vestido, e o primeiro. Primeiro da primeira loja da primeira "provada". Como homem que existe no meu eu mulher, odeio ir à caça de loja em loja, falta-me paciência, saco, alegria, gosto, tempo, humor. Gosto das coisas prontas na minha mão e sim: detesto vestidos de festa. Entretanto, na medida do possível, gosto de me sentir bonita, sempre. Faço-me bonita quando me sinto bonita, e por isso gostava da bontina marrom que meu pai me dera, porque com ela me sentia mais bonita que as outras meninas, todas tão rosas.
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Encontramo-lo na primeira loja, na primeira visão, na primeira prova. Apesar disso, olhamos em outros lugares, mas meu coração já estava lá. Sim, estou com uma barriguinha de cerveja, arranjos e adaptações serão feitos, mas que sejam todos feitos, porque é ele o vestido (vermelho) que fará de mim não a rainha do baile, mas a rainha de mim mesma (com um leve acréscimo de glamour e elegância - esta, herdada do Ballet, elegância natural)
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Depois das fotos, hei de rasgar metade de sua calda de sereia, além de sujá-lo com todo tipo de bebida (menos café). Pagaremos uma multa brutal por conta disso (porque ele é alugado, eu jamais compraria um vestido que não fosse usá-lo n'outra ocasião...), meu pai há de repetir a frase que faz de mim um nada, uma atual formada desempegada e desesperada "Tu pensas que meu dinheiro é capim?". Mas, a felicidade, da pequena à grande, já estará instalada em nossos corações, principalmente no de mamãe, quando se der conta de que, apesar d'eu não ser a dama de honra que ela quis dar ao mundo, o Ballet funcionou para alguma coisa: aprendi a dançar conforme a música...(e com um singular toque de leveza, postura, graciosidade e elegância natural).
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Quanto à disciplina: Deixemo-la por conta do cerimonial!
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Para concluir este textículo, uma retroscpectiva de todos os meus bailes:
Meu primeiro aparelho odontológico era da cor de aço, sem detalhe. Mas era como se houvesse uma borboleta em minha boca, o que fazia graça e tornava o incomodo um pouco menor. Usei vários tipos de aparelhos dentários, exceto aquele que se assemelha a um freio de cavalo. Mas ainda tenho dentes de coelho e sorriso alto, como o é denominado; contudo, parte do meu charme vem daí, como disse MARCELO CAMELO, e se MARCELO CAMELO o disse, está dito.
...
Quanto aos outros desvios, hoje só o astigmatismo (minha miopia subitamente desapareceu no exame passado, apesar de ter "surgido" uma tendência ao desenvolvimento de um glaucoma.) Gosto de óculos, sinto-me charmosa e penso que não há nada mais atraente do que um homem de óculos. Quanto a meu jeito de andar, caminho sempre em diagnonal, obrigando a pessoa da minha direita a deslocar-se como que empurrada ou tropeçada para lá.
...
Não tenho carteira de motorista.
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Ainda sobre a bota ortopédica, aos 4 minha mãe pôs-me nas aulinhas de Ballet a fim de que meu pé adquirisse curvatura, a que não existia. Meu pai nega veementemente tal fato, alegando que na verdade o sonho de minha mãe era que eu fosse, quando mulher, uma daquelas dançarinas do Chacrinha: ganhasse muito dinheiro, fosse muito bonita, tipo mulherzinha com bundão e me casasse com um bom rapaz, talvez rico, mas se pobre, pelo menos de família honesta.
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Sobre os sonhos de mamãe.
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Uma vez bailarina, sempre bailarina; mas como todas da nossa raça afirmam "disciplina, leveza, graciosidade e postura", desta quadra de elementos só me restaram um pouco de postura e graciosidade, mas já a leveza e a disciplina....Pode ser que tenha certa leveza (disciplina não mesmo) ao caminhar ou algo assim. Embora meus carinhos sejam grosseiros, como quando dou um tapinha nas costas de um amigo e acabo por lhe causar um deslocamento vertebral, por exemplo.
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Aprendi a amar assim com uma das tias de quem mais gosto (irmã caçula de minha mãe; esta, a mais velha dos 8 irmãos): quando criança, ao invés de nos tratar com docilidades e beijinhos, tia Marli dava-nos murros nos braços e bunda, como prova de que nos amava.
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Porque às coisas do coração não existem certo ou errado, tampouco classificações e rótulos.
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Acho que todos temos um lado feminino e masculino, indiferente e independete à orientação sexual de cada um. Sou masculina em muitas coisas, contrariando os sonhos de mamãe que em mim vislumbrava, senão uma Chacrete, no mínimo uma Sandy.
...
Não tenho muitas vaidades (minhas vaidades são mais profundas. Advêm do meu interior, mistura de ego e preciosimo): não era a primeira aluna da classe (só gostava de escrever, mas não de estudar); perdia todos os meus materiais escolares, isso quando não os comia; detestava fazer bandeirinhas nas festas juninas (não tinha habilidade manual desde criança); não tive muitos bichinhos de pelúcia (porém, adorava bonecas e bonequinhos de guerra); adorava me lançar em poças de lama; fugi duas vezes das aulas de catequese; não gostava de ir a missas (mas conversava com Deus quando lhe acendia velas coloridas, como ainda faço).
....
Atualmente, não faço unhas; mal me maqueio; não sou doce (ainda que me considere gentil); não sei cozinhar um prato extraordinário para meu namorado rico ou pobre de boa família; não uso nada de marca; divido meu dinheiro com ciganas (adoro ciganos); as paredes do meu quarto eram azuis (agora serão vermelha e brancas) cheias de rabiscos por elas afora; não cuido muito do meu cabelo; não tenho paciência para organizações; não tenho disciplina, não tenho dinheiro, não tenho, ainda, carteira de motorista; falo muito alto, rio muitíssimo alto (não me importo com os ouvidos dos vizinhos e as paredes que nos separam); saio por aí com a roupa ao avesso; converso com cachorros no meio da rua; tenho estômago de homem; rolo na lama com crianças; não tomo banho quando está muito frio e passei com 80 na monografia, cujo tema era o diabo. E, para provar que sou realmente o sonho "ao avesso" de mamãe:
...
DETESTO LOJAS E FAZER COMPRAS.
....
Hoje, já de última hora, fomos meu irmão adotivo e eu à busca do vestido: sim, o símbolo da formanda, da rainha do baile. Eu, com pouco dinheiro, de certeza só tinhas duas: seria vermelho, o vestido, e o primeiro. Primeiro da primeira loja da primeira "provada". Como homem que existe no meu eu mulher, odeio ir à caça de loja em loja, falta-me paciência, saco, alegria, gosto, tempo, humor. Gosto das coisas prontas na minha mão e sim: detesto vestidos de festa. Entretanto, na medida do possível, gosto de me sentir bonita, sempre. Faço-me bonita quando me sinto bonita, e por isso gostava da bontina marrom que meu pai me dera, porque com ela me sentia mais bonita que as outras meninas, todas tão rosas.
....
Encontramo-lo na primeira loja, na primeira visão, na primeira prova. Apesar disso, olhamos em outros lugares, mas meu coração já estava lá. Sim, estou com uma barriguinha de cerveja, arranjos e adaptações serão feitos, mas que sejam todos feitos, porque é ele o vestido (vermelho) que fará de mim não a rainha do baile, mas a rainha de mim mesma (com um leve acréscimo de glamour e elegância - esta, herdada do Ballet, elegância natural)
....
Depois das fotos, hei de rasgar metade de sua calda de sereia, além de sujá-lo com todo tipo de bebida (menos café). Pagaremos uma multa brutal por conta disso (porque ele é alugado, eu jamais compraria um vestido que não fosse usá-lo n'outra ocasião...), meu pai há de repetir a frase que faz de mim um nada, uma atual formada desempegada e desesperada "Tu pensas que meu dinheiro é capim?". Mas, a felicidade, da pequena à grande, já estará instalada em nossos corações, principalmente no de mamãe, quando se der conta de que, apesar d'eu não ser a dama de honra que ela quis dar ao mundo, o Ballet funcionou para alguma coisa: aprendi a dançar conforme a música...(e com um singular toque de leveza, postura, graciosidade e elegância natural).
...
Quanto à disciplina: Deixemo-la por conta do cerimonial!
.....
Para concluir este textículo, uma retroscpectiva de todos os meus bailes:
Baile I
Título: A primeira vez a gente nunca esquece.
Ocasião: Baile da minha formatura de segundo grau (Colégio União Brasileira-São Paulo).
Ano: Dezembro de 2003.
Baile II:
Título: Pagando de boa moça para a família do ex.
Ocasião: Baile de formatura de um dos meus ex´s namorados.
Ano: Janeiro de 2008.
Baile III
Título: Elegância vem de família.
Ocasião: Baile de formatura do meu querido primo Joséllio.
Ano: Janeiro de 2010.
Baile IV
Título: Barracos no Baile.
Ocasião: Baile de formatura da minha amiga barraqueira Raquel-Grampola.
Ano: Julho de 2010.
Baile V
Título: Gostosuras e Travessuras (o baile mais divertido de todos!!!).
Ocasião: Baile de formatura da minha amiga Rebeca.
Ano: Janeiro de 2011.
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Baile VI: ?
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Título: Gostosuras e Travessuras (o baile mais divertido de todos!!!).
Ocasião: Baile de formatura da minha amiga Rebeca.
Ano: Janeiro de 2011.
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Baile VI: ?
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Engoli o orgulho, saltei o pedregulho, resolvi o marulho, comi o sarrabulho, escrevi o bagulho, de beca eu tô em julho: Diário de uma Formanda.
Cap.XIV: Little Miss Sunshine
Vc sempre fica mto bem de vermelho, aposto que vestido ficou lindooo!
ResponderExcluirPerguntou da Paixão nova ne? então, quando é que nao estive vivendo uma paixao nova? hahaha...
Ps. agora que ja apresentou a monografia, trate de aparecer...saudade! bju