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Assum Preto veve sorto
Mas num pode avuá
Mil vez a sina de uma gaiola
Desde que o céu, ai, pudesse oiá
(Assum Preto- Luíz Gonzaga)
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Mas num pode avuá
Mil vez a sina de uma gaiola
Desde que o céu, ai, pudesse oiá
(Assum Preto- Luíz Gonzaga)
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Cegam o Assum Preto a fim de que ele cante melhor, com mais beleza. Acredito que isto seja verídico, que advenha da tradição popular como nos faz encantar a narrativa de Luíz Gonzaga.
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Em meus devaneios instantâneos, fiz-me o seguinte questionamento: o que eu escolheria? A sina da gaiola, desde que o céu pudesse olhar ou a liberdade, ainda que uma liberdade parcial, uma liberdade carregada de sofrimento e dificuldade?
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Eu vivo na gaiola de onde enxergo o céu azul ou cinza (gosto mais do cinza, nasci num dia acinzentado de uma cidade de mesma cor). Nunca experimentei a liberdade em plenitude, exceto a liberdade interior. Digo liberdade no sentido literal: sair de casa e aprender a viver em comunidade, pagando contas, obedecendo ordens, aderindo à hipocrisia que existe além gaiola. Nunca me foi preciso, desde então, mas neste instante, ao lembrar-me da música de Gonzaga, perguntei a mim mesma se trocaria a gaiola pela liberdade; liberdade talvez incoerente aos olhos de algumas pessosas. Arriscaria?
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O vôo noturno.
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Sim, eu arriscaria, mas apesar disso, apesar de abrir mão da gaiola, completamente cega não teria coragem de fazê-lo. Seria necessário, no mínimo, um tronco de árvore já familiar, onde pudesse instalar-me para quando chegasse a noite e eu perdesse por completo a visão em meu vôo noturno. Caso contrário, contrariada e triste, permaneço na gaiola, ainda que o sofrimento que a dor proporciona transfigure-nos, às vezes, em pessoas melhores, mais bonitas, como o canto do Assum Preto.
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É chegada a hora de voar.
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Mas como? Não conheço o jeito das coisas, não me ensinaram a ter vontade, minhas vontades também são interiores e me movem apenas em meus lapsos desatinantes, mas quando sóbria, sou o pássaro da gaiola que canta, canta, canta à espera de alguém que lhe diga como fazer...(o que fazer sei).
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Até quando Assum Preto resistirá, submetendo-se a esta liberdade tão desgraçadamente pobre?
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Não falo aqui apenas das coisas simples e necessárias, como sair de casa, trabalho, estudos; estas, por certo, fazem parte do todo, mas falo principalmente da liberdade interior que ultrapassa o sentido das coisas, aquela que subjaz felicidade plena.
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Existirá tamanha plenitude num vôo tão cego e noturno?
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Boa Tarde!
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Em meus devaneios instantâneos, fiz-me o seguinte questionamento: o que eu escolheria? A sina da gaiola, desde que o céu pudesse olhar ou a liberdade, ainda que uma liberdade parcial, uma liberdade carregada de sofrimento e dificuldade?
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Eu vivo na gaiola de onde enxergo o céu azul ou cinza (gosto mais do cinza, nasci num dia acinzentado de uma cidade de mesma cor). Nunca experimentei a liberdade em plenitude, exceto a liberdade interior. Digo liberdade no sentido literal: sair de casa e aprender a viver em comunidade, pagando contas, obedecendo ordens, aderindo à hipocrisia que existe além gaiola. Nunca me foi preciso, desde então, mas neste instante, ao lembrar-me da música de Gonzaga, perguntei a mim mesma se trocaria a gaiola pela liberdade; liberdade talvez incoerente aos olhos de algumas pessosas. Arriscaria?
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O vôo noturno.
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Sim, eu arriscaria, mas apesar disso, apesar de abrir mão da gaiola, completamente cega não teria coragem de fazê-lo. Seria necessário, no mínimo, um tronco de árvore já familiar, onde pudesse instalar-me para quando chegasse a noite e eu perdesse por completo a visão em meu vôo noturno. Caso contrário, contrariada e triste, permaneço na gaiola, ainda que o sofrimento que a dor proporciona transfigure-nos, às vezes, em pessoas melhores, mais bonitas, como o canto do Assum Preto.
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É chegada a hora de voar.
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Mas como? Não conheço o jeito das coisas, não me ensinaram a ter vontade, minhas vontades também são interiores e me movem apenas em meus lapsos desatinantes, mas quando sóbria, sou o pássaro da gaiola que canta, canta, canta à espera de alguém que lhe diga como fazer...(o que fazer sei).
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Até quando Assum Preto resistirá, submetendo-se a esta liberdade tão desgraçadamente pobre?
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Não falo aqui apenas das coisas simples e necessárias, como sair de casa, trabalho, estudos; estas, por certo, fazem parte do todo, mas falo principalmente da liberdade interior que ultrapassa o sentido das coisas, aquela que subjaz felicidade plena.
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Existirá tamanha plenitude num vôo tão cego e noturno?
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Boa Tarde!
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