Hoje pensei no que escrever...
A impressão é a de que não há mais nada pra ser dito, como se a fonte esgotasse-me. Parte dela ainda está; a outra, ainda.
Permaneço, apesar disso, dando voltas em torno de mim mesma, para me distrair um pouco mais: uma tatuagem, um livro que não será lido hoje, outros duzentos deles, um cachorro... sim, é possível que eu adote um cachorro para disperdiçar gratuitamente a minha capacidade de amor, enquanto não puder ter filhos.
Estou no inferno.
Um inferno astral que não é meu, embora é como se o fosse. Falta um tanto ainda para o meu aniversário...(os infernos nos são dados um mês antes do aniversário, dizem aqueles que creem nessa bobagem...como eu).
Prometi a mim mesma que não escreveria hoje, mas como não escrever? É o mesmo que pedir a uma criança que não ria, que não dance, que não faça perguntas, ainda que estejamos num velório, e queiramos, secretamente, também rir, também dançar, também perguntar o porquê das crueldades que nos surgem.
Ontem.
Ontem estudávamos algumas frases clichês do Português, e é nisso que me dou conta do quanto meus olhos estão clichês, previsíveis, cheios de pré-requisitos infundados. Parece que não sou eu, parece que eu sou o retrato de alguém com quem pareço, ou com quem gostaria de parecer devido a minha falta de amor próprio.
Um cachorro nos ensina muito sobre amor próprio.
Todas as palavras são clichês, tudo ressoa exatamente igual.
Joguei tarot para uma amiga que se surpreendeu com o destino que li. Engraçado como ela foi capaz de confiar em mim; eu poderia ter inventado? Acho que menti.
Eu não confiaria tanto numa pessoa como eu.
As pessoas que falam muito alto, riem muito alto, não são de confiança...não guardam segredos. As pessoas de voz mansa são melhores.
O inferno.
Sempre preferi inferno à ceu.Inferno literário, inferno medieval.
Eu me identifico com o Diabo.
A loucura é um inferno real, no qual já estive por alguns meses. Essa loucura com a qual sonhamos, não passa de excesso de medo. Loucura real é labirinto. Falta ar. Pode sentir?
Não sou confiável, porque não consigo não escrever. Eu nunca durmo. Nunca esvazio.
Eu me saboto.
A saudade é tão grande, que chega a doer. Só não é maior que a vontade e a certeza.
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