Querido Leitor desta Sexta Literária...
Quando o conheci, senti uma intesa e inexplicável atração; mas, nada além do óbvio. Interessante e sedutor, não haveria como escapar de tais sentimentos fortes.
Com a convivência...praticamente diária...surgiram, então, os primeiros problemas: apesar da afinidade sobrenatural, havia um detalhe...um espinho cultural, lexical, pseudo-lingual....problema de falta.
Pegada?
Sentimentos não são apenas espontaneidade.
Há aqueles que precisam de exercício e cultivo: Tempo.
Preciso.
Pois, ora: Foste-nos passando...Ai dona! Encantei-me.
Falta muito, é certo, eu sei.
Não consigo, por exemplo, absorvê-lo antropofagicamente, tal qual faço com ela...ainda não é tão natural, apesar da afinidade, da sedução, das coincidências.
Falta-nos intimidade.
De tão bom, ele me intimida...Talvez preguiça.
Hoje, contudo, dei-me conta de que gosto dele sim: um gostar que não é paixão, mas que de forte e familiar, nos conduzirá, queimando todas as etapas prováveis, a um amor maduro consumado em casamento precoce, fadado a fracasso e divórcio, já que somos de escorpião e eu, Cristã convicta...
Um homem que nasceu Fado; mas, que de fado em fado, virou Flamenco, como bem sei e não discordaria...
Ela.
Ela é a minha paixão...e o grande amor da minha vida; um deles, porque sou poligâmica em certos aspectos. Paixão sem esforço algum, apenas por ser, existir, nascer.
Ele paga as minhas contas; discutimos politica e religião...fumamos e bebemos juntos.
Ela me desnuda; revela-me num espelho tosco, avesso, inumano, desconstrutor, vazio, ausente.
...
Quando a conheci, ela já não era de Sagitário, mas eu tinha dezesseis...
Paixão fulminante e desmedida; entretanto, a distância, os interesses diversos, a atemporalidade dos dias - o destino conspira contra nós.
Não consigo racionalizá-la quando me é preciso; só consigo senti-la, como um segredo.
Já tentou várias vezes que eu fosse com ela: mas sempre digo não.
Outros amores me vem, sempre; mas ela, vez ou outra, eis que me surge num momento inoportuno e trágico, apenas para lembrar-me de que não consigo esquecê-la....nem quero.
Não posso me envolver.
Ela me exigiria demasiado tempo...análise custosa...cuidado...(ela merece todo cuidado...todo meu melhor...) e no momento, só posso oferecer a ela a mediocridade dos minutos contados.
Atrasos.
Acho que a amo, de fato, porque ela me diz aquilo que, de tão bobo, não consigo formular sozinha...mas que também é.
Comunicamo-nos com olhar, silêncio e música.
Ele? Não o esqueço...
É pelo jeito como olha pra vida: sarcástico, pessimista, ateu que não é ateu, figurantes encarnados que somos...como eu?
Ora...
Vivo um "prisma" amoroso...
Eu,Saramago, Clarice, e o Texto.
Acho que vou ficar com os três...pra sempre?? ou pra nunca? Sim? Não?
Mas confesso: Tenho uma queda por um outro homem, mais velho...bem mais velho...pai de muitos filhos, os quais não me importaria em adotar...
...Sem contar que vez ou outra...tenho encontros noturnos com um rapaz mais jovem e bipolar...necrófilo!
...Há ainda o de São Paulo...a quem gostaria de conhecer melhor; sua modernidade mexe comigo...além dos amigos interessantes que têm...
...E...que fique entre nós: ano passado conheci um argentino... misterioso y muy hermoso...Sonho com ele, às vezes.
Lobato, Alvares de Azevedo, Oswald, Borges, Saramago, Clarice, o Texto e eu:
Uma grande suruba necrófila literária!
A única suruba viável em tempos de crise financeira e de mal-me-quer...
= (
...porque a Literatura é a prostituta das artes, alguém já disse...
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Mudando de assunto...sabe o "Agosto"??
Hoje ele passou por mim, e me deu um aceno. Acho que posso descobrir o que é.
Não deve ser mesmo o que eu pensava. Mas, ainda assim...pode ser melhor. Pode ser o início do futuro...(Não Leitor que me lê; não é mesmo o que você está pensando...)
Pode ser aquilo que eu não conseguiria fazer sozinha...Vamos ver...
Bom Dia!
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