Ridículo.

Leitores,

Estou me sentindo ridícula.
Bom é ser criança, quando a noção de ridículo assume uma outra conotação, mais sincera.
Para mim, hoje, ser ridícula é ser eu sem rímel, lápis, batom e álcool:
É acordar com a vontade de dizer...."ah...eu estava fora de mim", mas me dar conta de que o meu verdadeiro problema é o meu excesso de verdade, o meu excesso de vontade, o meu excesso de excesso diante do ridículo.
É leitor....gostaria de não estar na minha pele; as coisas são/estão tão ridículas, que poderiam até ser inventadas, se não fossem a mais pura e rídicula verdade, assim como todas as verdades, ridículas por natureza e cheias de rímel, lápis, batom, álcool, medo, dúvida, sim, não, dar de ombros.
A verdade dos adultos é a indiferença para com eles mesmos.
Uma criança nunca faria isso.
Pior que indiferença, é se dar conta de que você não pode fazer nada a respeito. Crianças são tão versáteis, tão cheias de planos e alternativas; mas você não. Você é só ausência. Ausência, sobretudo, de uma boa palavra que mude o rumo das coisas; ausência de uma boa idéia, que sossegue a sua procura ridícula; Ausência de créditos, créditos comigo mesma, créditos da oi, o que me impede de ser tão ridiculamente redundante.

Pior que todas estas ausências, só mesmo a ausência da minha mãe para fazer o almoço de hoje:

Estou morrendo de fome, arrependimento e vontade de ridículo.
Ridículo.

O contrário da ridicularidade é a coerência-incoerente que só uma criança tem:

Todas as crianças são ridículas, e é isto que fazem delas tão independentes, a ponto de construirem sua própria coerência diante da falta de uma brincadeira ou do excesso de verdade limitadora.

A ridicularidade comeu todos os nossos créditos.

Ridículo.