" We can rip the night out of the arms of the sun"
(CHRIS CORNELL)
Além da Terra, Além do Céu, Marte e Vênus sujeitam-se às mesmas luzes quando expostos a ventos, magnitudes, invasões e mudanças de direção. Ainda separadamente, é sob o mesmo vento solar e contato atmosférico que tal visão Boreal lhes é concedida, variável de ponto a outro. Luzes distintas. Além de esverdeadas, podem ser vermelhas, azuis e até amarelas.
Um ponto de vista é só a vista de um ponto.
Não nos esqueçamos de Júpiter e Saturno, cujas luzes lá aparecem da mesma maneira, devido aos campos magnéticos e extensos cinturões os quais possuem. Não nos esqueçamos da Aurora Austral, embora nela pouco se fale.
Os meses propícios para observar o fenômeno vão de Outubro a Março. Porém existem exceções; houve em Cuba, onde certa vez Aurora por lá passou.
Não nos esqueçamos das outras Auroras: Eos, infância, juventude, princípio, amanhecer.
Há também as Auroras por nome-próprio, as quais amanhecem no princípio do dia e no findar da noite. Drummond conheceu uma pessoalmente:
"AURORA, | |||
O poeta ia bêbedo no bonde.
O dia nascia atrás dos quintais.
As pensões alegres dormiam tristíssimas.
As casas também iam bêbedas.
Tudo era irreparável.
Ninguém sabia que o mundo ia acabar
(apenas uma criança percebeu mas ficou calada),
que o mundo ia acabar às 7 e 45
Últimos pensamentos! últimos telegramas!
José, que colocava pronomes,
Helena, que amava os homens,
Sebastião, que se arruinava,
Artur, que não dizia nada,
embarcam para a eternidade.
O poeta está bêbedo, mas
escuta um apelo na aurora:
Vamos todos dançar
entre o bonde e a árvore?
Entre o bonde e a árvore
dançai, meus irmãos!
Embora sem música
dançai, meus irmãos!
Os filhos estão nascendo
com tamanha espontaneidade.
Como é maravilhoso o amor
(o amor e outros produtos).
Dançai, meus irmãos!
A morte virá depois
como um sacramento."
|
Auroras podem ser, outrossim, rosas e alaranjadas. No Polo Norte e no Polo Sul. Todas elas brilham quando em elevadas altitudes. Mas sucede que a visão noturna é difusa e circunstancial. Rara, porém iluminadora.
Escolhei, então, o amanhecer, Aurora! Embora prosaica e ininterrupta, é a mais importante entre todas.
Em sua inexistência, Auroras não nasceriam "...com tamanha espontaneidade". Não haveria luzes, poemas, deusas, infâncias, juventudes ou nomes próprios; tampouco ventos solares e magnetismos.
Não haveria princípios:
Amanheçamos, enfim,
por-hábito e por-tanto.
Queria eu escrever cinturiões, porque acho mais bonito.
Poderia?
Dançai, meus irmãos!
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