I.
stop
a vida parou
ou foi o automóvel?
(Carlos Drummond de Andrade)
II.
A um ausente
Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.
Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?
Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.
Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste.
(Carlos Drummond de Andrade).
III.
Não se mate
Carlos, sossegue, o amor
é isso que você está vendo:
hoje beija, amanhã não beija,
depois de amanhã é domingo
e segunda-feira ninguém sabe
o que será.
Inútil você resistir
ou mesmo suicidar-se.
Não se mate, oh não se mate,
reserve-se todo para
as bodas que ninguém sabe
quando virão,
se é que virão.
O amor, Carlos, você telúrico,
a noite passou em você,
e os recalques se sublimando,
lá dentro um barulho inefável,
rezas,
vitrolas,
santos que se persignam, .
anúncios do melhor sabão,
barulho que ninguém sabe
de quê, praquê.
Entretanto você caminha
melancólico e vertical.
Você é a palmeira, você é o grito
que ninguém ouviu no teatro
e as luzes todas se apagam.
O amor no escuro, não, no claro,
é sempre triste, meu filho, Carlos,
mas não diga nada a ninguém,
ninguém sabe nem saberá.
(Carlos Drummond de Andrade)
IV.
Eu vou estar
Eu não vou pro inferno
Eu não iria tão longe por você
Mas vai ser impossível não lembrar
Vou estar em tudo em que você vê
Nos seus livros, nos seus discos
Vou entrar na sua roupa
E onde você menos esperar
Eu vou estar
Eu não vou pro céu também
Eu não sou tão bom assim
E mesmo quando encontrar alguém
Você ainda vai ver, a mim
Nos seus livros, nos seus discos
Vou entrar na sua roupa
E onde você menos esperar
Embaixo da cama
Nos carros passando
No verde da grama
Na chuva chegando
eu vou voltar
Nos seus livros, nos seus discos
Vou entrar na sua roupa
E onde você
(Capital Inicial)
V.
O fumo do Tabaco é prejudicial à saúde.
(Senso comum, recomendação médica)
VI.
- Só amor basta?
AMOR” é um lindo apelido que nós, seres humanos, gostamos de dar para vários sentimentos.
Posse, ciúme, paixão, dependência, orgulho, são frequentemente chamados de amor.
Mas, a definição de “Amor” diz que o verdadeiro amor é INCONDICIONAL, ou seja, que não depende de condição alguma para existir, por tanto, um tipo de amor meio inexplicável e incansável, ao meu ver. Tal amor, nunca vi.
Amor sem reciprocidade não é amor, é vaidade.
“Amor” puro é como a farinha de trigo: Sozinha não serve pra nada, mas quando a misturamos com outros ingredientes… Aí temos infinitas e deliciosas possibilidades!
Amor sozinho não basta. Não é suficiente para manter uma relação. Amor sem cumplicidade é encrenca. Amor sem desejo é amizade. Amor sem amizade é doença. Amor sem paciência é paixão. Amor sem complacência é fraco. Amor sem entrega absoluta é ilusão.
Amor com tudo isso é raro.
Amor legítimo não se encontra em qualquer esquina, embora tenha muito camelô de amor por aí, não se deixe enganar…
Amor original é caro.
[...]
O amor genuíno é altruísta. Egoísmo é adjetivo das paixões.
É triste, mas às vezes, só amor não basta. É necessário que caminhem juntos na mesma direção; Que tenham os mesmos objetivos e que um seja a prioridade do outro. Amor não basta de nada quando a confiança já deixou de existir faz tempo. (Fonte: https://osegredo.com.br/2017/02/quando-so-amor-nao-basta/)
VII.
- Só Amor basta?
Entre o mundo material e aquele que não se pode tocar, nem ver, há uma diferença enorme. Os factos objetivos são apenas uma parte da realidade.
A verdade inclui esses dois mundos e, por isso, vai muito para além do que é material.
O mundo está cheio de coisas a que se dá um valor que pouco tem a ver com as suas qualidades intrínsecas. Há quem veja as coisas como condições essenciais, degraus ou trampolins para a felicidade e há ainda quem nelas veja a finalidade e plenitude da sua existência...
Talvez esta confusão aconteça porque muitos não compreendem que o amor, tal como o vento, só se pode conhecer pelas suas obras.
Há quem pense que o amor é uma fraqueza, inutilidade ou até mesmo uma ilusão. Isto porque, quando se ama, tudo o mais se relativiza a um tal ponto que parece quase perder o seu anterior sentido, uma vez que perde o valor que lhe dão os que não amam.
Nenhum de nós é o centro da sua missão.
Mas há quem busque o divino apenas à procura de milagres.
A maior parte de nós prefere sonhar e chorar por um milagre qualquer no mundo material, em vez de acreditar e sofrer pelo amor verdadeiro. Não, não se pode ter tudo, nem faria qualquer sentido. Só o amor basta. Tudo o mais é dispensável.
O amor não é um milagre.
É algo muito melhor!
(Fonte: http://rr.sapo.pt/artigo/75169/so_o_amor_basta)
VIII.
Arte de amar
Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus - ou fora do mundo.
As almas são incomunicáveis.
Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.
Porque os corpos se entendem, mas as almas não.
Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus - ou fora do mundo.
As almas são incomunicáveis.
Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.
Porque os corpos se entendem, mas as almas não.
(Manuel Bandeira)
IX.
Cada um com seu cada qual
Tem gente que vai à feira
Tem gente que volta do bar
Gente na missa da padroeira
Gente na beira do mar
Cada um faça o que queira (cada um)
Quem quiser que faça igual (faça igual)
Vivo da minha maneira
Não mudo de jeito algum:
Cada um é cada qual (cada qual)
[...]
Quem se leva muito à sério
Nesse lero-lero se entreva...
...Quem repara na feiúra
Quer cura pra própria cara
Se ampara na sua grossura
Distila amargura e não sara
Tem tara por descompostura
Dá dura e não é uma mas várias
Comigo na área eu fico uma fúria:
Lugar de secura é no saara
Tem gente que vai à feira...
(Celso Viáfora)
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