segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Efeito Colateral

Doce de leite com queijo de minas :D. Foto de Marta Bucher.
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Preciso, urgentemente, de um ginecologista.
Preciso, urgentemente, de um oftalmologista.
Preciso, urgentemente, de um cirurgião dentista.
Preciso, urgentemente, de um periodontista.
Preciso, urgentemente, de um otorrinolaringologista.
Preciso, urgentemente, de um dermatologista.
Preciso, urgentemente, de um podólogo.
...
Preciso, sem demasia, de um céu acinzentado.
Preciso, sem demasia, de um labirinto humano - pedra ou aço.
Preciso, sem demasia, de uma amnésia súbita - fatal.
Preciso, sem demasia, de vinte e oito noites - num dia.
Preciso, sem demasia, de uma convulsão patológica - crônica ou poética.
Preciso, sem demasia, de um eletrocutamento divinal.
Preciso, sem demasia, de um podólogo.
...
Preciso, em diminuto, de uma ponte marginal - viadulto.
Preciso, em diminuto, de uma nova langerie - vinho.
Preciso, em diminuto, de um amor que se esvai - por entre os poros.
Preciso, em diminuto, de uma taça de azeite - Português.
Preciso, em diminuto, de um chão cinza de porto - morto e mal amado.
Preciso, em diminuto, de um alargamento de alma - para os dentes frontais.
Preciso, em diminuto, de um podólogo.
...
Preciso, religiosamente, de uma limpeza de pele - seca.
Preciso, religiosamente, de uma chuva que desce - seca.
Preciso, religiosamente, de uma folha que adere - seca.
Preciso, religiosamente, de um vinho sangrado - seco, maduro, raso.
Preciso, religiosamente, de uma versão amarelada de mim - sem o contorno dos lábios.
Preciso, religiosamente, de uma melodia que se repete - castigo, flagelo, som.
Preciso, religiosamente, de um podólogo.
...
Vence o desencontro, do que se pode chamar de azar ou necessidade.
O queijo e a faca nas mãos - tínha-se.
As mãos, desalmadas e insatisfeitas, não fizeram mais que o habitual:
Colaterizar o efeito do nada, ausência de pó-do-logos:
O Verbo que não se encarnou.


domingo, 27 de fevereiro de 2011

Hoje acordei assim....


...meio Joseph Climber!
Que Deus me abençoe....

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Férias de Sofia!

*Gnomo. Foto de Flávio Polti.
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Vou ali....
...mas volto!

Espero!

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

JOGO DA FORCA

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terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Lugar


*Metro do Porto. Foto de Jorge Guedes.

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[...]
O caminho do fogo é a água

O caminho do barco é o porto
O do sangue é o chicote
O caminho do reto é o torto
O caminho do bruxo é a nuvem
O da nuvem é o espaço
O da luz é o túnel
O caminho da fera é o laço
O caminho da mão é o punhal
O do santo é o deserto
O do carro é o sinal
O do errado é o certo
O caminho do verde é o cinzento
O do amor é o destino
O do cesto é o cento
O caminho do velho é o menino
O da água é a sede
O caminho do frio é o inverno
O do peixe é a rede
O do vil é o inferno
O caminho do risco é o sucesso
O do acaso é a sorte
O da dor é o amigo
O caminho da vida é a morte!
[...]
O caminho do risco é o sucesso
O acaso é a sorte
O da dor é o amigo
O caminho da vida é a morte!
(Caminhos - Raul Seixas)

SATANÁS e EU: Nossa horta rebeldia.


Eu sei que a vida não foi feita para ser
Olhada aos olhos totalmente nus por isso não tire o véu
E enquanto ela caminha sobre o teu olhar
O sol aquece todo o seu andar e ela se esquece do céu
(Diabo - Manacá).

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Querido Leitor,
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Acordei com uma grande vontade de escrever; porém, com nehum tema muito interessante que me motivasse a fazê-lo...(não que meus temas sejam interessantes; mas hoje, realmente, não estou nada inspirada). É incrível como a tranquilidade não me inspira. Eu gosto é do estrago. Vou escrever um pouco sobre trabalho, sendo assim, para preenchimento de tempo e tabela. Para este fim, convido a você, querido leitor, a fazer comigo uma rápida sessão (ou seção?) regressiva até o longinquo espaço da minha infância: onde tudo começou!
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Estava na primeira série do primário. Sete anos de idade, cabelos muito longos; óculos cor de rosa, aparelho nos dentes, gordinha, chatinha - e a mesma paixão por escrever e pelas coisas invisíveis. Naquele tempo, sentava-me ao lado de um menino muito fofo chamado Paulinho, o qual marcara minha infância pelos lindos olhos azuis e delicioso hábito em me presentear com balas e doces, excessivamente! Vem dai o meu gosto por homens "fofos" que me presenteiem com doces, apesar do tenro clichê.
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"Tia" Ana nos pede uma redação sobre natureza. Eu, com toda minha vontade de aparecer, adorava ler meus textos em voz alta para a sala, de modo que não foi diferente naquela tarde de 1993. Comecei a leitura da minha redação sobre natureza, conforme o pedido da professora. O título da redação? Bem...
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"A horta do Diabo".
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Uma horta vem a ser, na minha concepção, uma mistura de pomar, jardim e cemitério, tal qual tínhamos em casa. Digo cemitério porque todos os nossos animais caseiros foram enterrados na nossa horta da casa de São Paulo. Mas isso estava no inconsciente, não tendo assim relação direta com a escolha do protagonista Belzebu.
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Após ler a redação para meus colegas, também de sete anos - redação cujo meu cérebro encarregou-se de deletar da memória, devido ao trauma e vergonha que passei - fui repreendida pela professora quem me disse, com essas palavras: "Amanda, você não pode escrever sobre essas coisas!!"
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Lembro-me da sensação de abismo! Sentei no meu lugar, segurando o choro. Paulinho se vira pra mim, rindo de minha cara, oferecendo-me mais bala. Sempre fui emotiva; desde pequena. Imagino que tenha ficado o resto do dia sem falar nada, pensando no porquê de não poder escrever sobre o diabo....no porquê do diabo não poder ter, assim como os seres de luz, uma horta para o plantio de suas coisinhas! Engoli o sapo: mantive essa história no subconsciente por quase toda a vida, imersa na escuridão da dúvida.
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Dezoito anos depois, cá estou com um novo projeto de pesquisa: Literatura e Satanismo. Talvez uma tentativa acadêmica - e por assim ser, "respeitada", "legitimada" - de se responder a um simples questionamento infantil, norteador da minha existência: Afinal de contas, por que o diabo não pode ter uma horta, como todos os seres de luz?
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O diabo é um ser de luz. Diabo significa "divisor"; Lúcifer, "filho da luz": tem-se aí um filho da luz, que divide. Mas a minha simpatia por essa entidade não vem das pesquisas acadêmicas, herméticas, engravatadas. Não! O diabo sempre esteve presente em minha vida, concomitantemente com a idéia de Deus, como se ambos me fossem faces de uma mesma moeda, senão o mesmo, em trajes e perspectivas diferentes.
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Fui criada na igreja católica. Pratiquei muitos dos ritos católicos ao longo da vida, por influência familiar, de modo que hoje, mesmo não me considerando católica, ainda sinto uma paixão imensa pelo catolicismo, pela história da igreja, pela tradição judaico cristã, pela religiosidade popular e tudo que ela evoca. Adorava "coroações" quando criança. Coroação é uma festividade popular em que crianças se vestem de anjos para "coroar" a virgem Maria. É claro que eu gostava por causa dos doces que ganhávamos após a cerimônia: o fato de estar no altar de uma igreja, cantando (eu adorava cantar!), coroando a virgem, ainda não me era um problema, até o dia em que esqueci a letra da música, o que me levou a uma imensa ansiedade, vergonha, culpa! Fiz xixi na roupa, na frente de todos, de tanto medo e pasmidão - sendo repreendida pela minha mãe, posteriormente. Idade? sete anos.....
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Coincidência ou não, o clima "religioso" sempre fez parte de mim, mas com uma óptica de rebeldia, questionamento. Com nove anos, li todo o Apocalipse, sem nada entender, mas li. Também aos nove, na ausência de meus pais, ao receber a visita de duas moças Testemunhas de Jeová, as quais minha mãe proibia-me de receber, devido a coisas que não cabem nesse texto, mas passíveis de inferirmos, aceitei o convite proposto pelas mesmas em vir até minha casa a fim de que estudássemos juntas a Bíblia. "O que você quer estudar, mocinha?" - disse a senhora. "Lúcifer" - respondi, sem pestanejar!.
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Com passar do tempo, sublimei essa curiosidade. Já na adolescência e juventude, nunca deixei a questão religiosa de lado: já visitei casas de umbanda, candoblé, cultos evangélicos, Mórmons, espiritismo pós moderno. Já frequentei o espiritismo kardecista, inclusive... Mas, a igreja católica sempre teve minha predileção. Não o catolicismo em si...mas a história da igreja, os ritos, a cultura, o imaginário! Em termos de fé, tento seguir os princípios da Teologia da Libertação, soldados a uma colcha de retalho em que misticismo e ceticismo dialogam abertamente. Minha religião é o humano - mas isso já é outra história!
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Fui Vicentina, Atuei (ainda atuo?) na Pastoral da Juventude...e embora meus antigos questionamentos não viessem mais a tona, com a mesma força, vez ou outra ainda me surgiam, em meio a uma conversa de butequim. Como no dia em que conversando com um amigo Padre, também jovem, questionei-o se não poderia a serpente do Gênesis ser na realidade uma face de Deus.
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Como estudante de Letras também é assim. Escolhi Letras porque gostava de escrever , além de acreditar ter mais chances em passar devido ao meu Inglês, que na época não estava dos piores, ao contrário de hoje. Mas a História é que me encantava, Hitória da religião!! Passei metade da graduação com esta dúvida na alma, infernizando-me. Foi quando ao conversar com um professor Historiador, fui surpreendida com uma novidade-velha: tal professor me aconselhou a não transferir o curso, alegando que poderia fazer o que gostava dentro da Literatura.
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Sempre gostei de Literatura, mas nunca fui uma leitora compulsiva como meus amigos, colegas e professores que conheço; pelo contrário! Até nas coisas que gosto sou preguiçosa. Mas também por uma conspiração, no ano dessa conversa conheci um professor que foi capaz de me encantar pela literatura, também por um viés histórico, apesar da preocupação estética. Depois desse "encontro", talvez o sopro da graça chamado paixão, porque o amor já estava, através de outros sopros , obras, textos, autores, histórias - e também colegas e professores - percebi que minha perspectiva religiosa é muito mais literária. É a fantasia que preenche a lacuna histórica que me instinga, e isso só encontro na Literatura.
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Mas esse papo chato é pra dizer que muitos dos autores que mais gosto são aqueles em que reconheço o elemento religioso: Clarice, Saramago, Antônio Vieira, Gil Vicente, Alvares de Azevedo, Alexandre Herculano. E que não da mesma forma, nem intenção, mas talvez "perspectiva", a Bíblia também pode ser lida por um viés Literário. Quer texto mais literário, polifônico, dialógico que o Livro do Apocalipse? Pessolamente, não só o Cântico do cânticos e Salmos são textos literários. Com excessão das epístolas, todos podem ser lidos com esse olhar "diáfano" de fantasia.
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Tudo isso pra mostrar, querido leitor, o que um trauma infantil é capaz de fazer....
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Muitas foram as situações, pré e pós trauma infantil, responsáveis pelo meu ecantamento com o Demo. Como podem notar, eu poderia escrever milhas e milhas linhísticas sobre o assunto, mas paro por aqui com uma citação do filme El secreto de sus ojos, capaz de resumir o sentimento que fica: “Una persona puede cambiar de nombre, de calle, de cara....perto hay una cosa que no puede cambiar: no puede cambiar de passión".
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Por fim, a pergunta que não quer calar:
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Por que o diabo não pode ter uma horta,
como todos os seres de luz?.

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Porque fomos acostumados a uma visão medieval do demo como ser monstruoso, animalesco, grotesco, horrendo, sanguinário. Tal visão católica tinha o objetivo de evocar a culpa no sujeito, um sujeito ainda ligado ao imaginário pagão, greco-romano. Não é acaso que muitos dos relatos que se tem do diabo, nessa época, aproximam-o de deuses Gregos como Pan, Hefésios, ou Minotauros, metade bode, metade homem, metade cachorro...e por aí vai.
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Em termos de imaginário, meu diabo é o Joohny Deep. Meu diabo é aquele quem age na surdina, secretamente, através da sedução. Quase como um bailarino, o diabo tem uma graciosidade e percepção do belo, talvez herdada de Deus, capaz de fazê-lo se aproximar do humano com mais afetividade que culpa, temor, horror, como nos ensina o catecismo da igreja. Quando criança - lá pelos três aninhos - minha mãe, que é meio carola, meio bruxa, meio eu, disse-me que no carnaval o diabo gostava de andar solto por aí. Eu, imaginando um sentido literal pra isso, perguntei a ela como era o diabo.: "Ele tem um rabão de gato" , disse-me.
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Quer coisa mais graciosa, elegante, sedutora que um caminhar de gato?
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Em termos de fé, não creio no diabo, exceto como uma face de Deus, do Deus cordeiro-serpente que habita todos os homens, todos os espíritos. Não acredito em maldade absoluta, tão pouco bondade plena. Somos frutos de uma história, um contexto, uma cultura, uma noção de bem, mal, erro, CULPA, e claro:
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Somos frutos dos nossos traumas infantis, dos nossos professores e dos "nãos " que nos são dados pelos mesmos.
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Já do ponto de vista prático, Satanás é a dúvida que inferniza o espírito. Todos os "ses" que ecoam em nossas mentes, do acordar até o dormir. Não existe no mundo nada mais demoníaco e tentador que um bom pedaço de dúvida...
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"E se eu mudar de emprego?"; "E se eu fizer aquela viagem?"; "E se eu deixar tudo por ele?"; "E se eu tivesse falado com ela?"; "E se eu tivesse feito de outra forma?"; "E se eu me arrepender eternamente?"; "E se eu abandonar o Pai, o Paraíso, levando somente minha horta e alguns anjos rebeldes, mudando-me para Amércia Latina? O que há de ser?

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Sendo-lhe negado o paraíso, Lúcifer mudou-se para o planeta Terra, habitando a América Latina, mais precisamente. Todo fevereiro ou março, de acordo com a mudança estelar, Capetinha visita o Brasil, camuflando-se em uma bela passista, porta bandeira, malandro de gafieira; ou, ainda, condensando-se em uma bateria de escola de samba inteirinha. Enquanto isso, Deus assiste ao desfile das escolas em seu camarote sagrado, do alto, à espera da chegada de seu filho pródigo predileto, cuja promessa em lhe trazer um bom litro de caipirinha e cachaça brasileira, além de fotos das principais "destaques" para toda milícia celeste, da ordem dos Serafins até a do anjinho da asa quebrada, é responsável pelo júbilo e euforia de todo plano celestial.
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Que Deus nos abençoe!
(E que eu não seja excomungada!).
Saravá!

sábado, 5 de fevereiro de 2011

É isso o que você quer? BELEZA, Glo!


Há tempos, tenho notado o súbito aumento do número de visitantes do SOFIA DE BUTECO.
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Mesmo com posts melodramáticos e textos cheios de erros ortográficos - apesar da minha formação em Letras, diga-se de passagem... - fiquei lisonjeada com a procura do público, o que me levou a imaginar o porquê dessa diferença discrepante de visitas, tempos pra cá:
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A) Seria enfim o reconhecimento do meu talento como cronista, e da minha capacidade inventiva e imagética?

B) Seria enfim o reconhecimento do meu bom gosto para fotografia, música, dança, cinema, artes em geral?

C) Seria o fascínio que minha auto exposição pública exerceria sobre minhas rivais, as que, vez ou outra, recorrem ao Sofia como método de espionagem?

D) Seria um artifício usado por algum cavalheiro sedutor, disposto a me conquistar, cujo uso do Sofia teria o objetivo de conhecer a fundo meu passado e predileções?

E) Seria enfim o reconhecimento da minha ironia carnavalesca, quase Machadiana?

F) Seriam todas as alternativas anteriores?

G) Seria, talvez, devido a uma foto da antiga Globeleza, postada no Especial Copa: comentários inteligentes com Sofia de Buteco, responsável pela atração de inúmeros gringos e tarados (ou de ambos, concomitantemente ou não...) de todo o universo a este domínio?
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O que você
ACHA, querido leitor?
Boa Tarde!

Novo Vício

Troquei o cigarro pela águra mineral.
Três garrafinhas a cada meia hora.
Agora, só me falta um substituto para as drogas ilícitas, passíveis de serem tragadas, também perigosas às doenças periodontais.
(Pegadinha do Malandro, gente!!!!).

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Caso vicie-me em água mineral, substituirei-a por vodka, para desintoxicação.

Post auto-censurado (Com ou sem hífen?)

Dos males? Que venha (logo) o maior!


Oh Lord, won't you buy me a night on the town?
I'm counting on you, Lord, please don't let me down
Prove that you love me and buy the next round
Oh Lord, won't you buy me a night on the town?
(Mercedes Benz - Janis Joplin).

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Querido Leitor
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Após um surto psicótico, decidi fazer uma viagem de dez dias a São Paulo - a minha terra das palmeiras, onde não canta sabiá algum; as aves que aqui gorjeiam são mais bonitas que as de lá, sem dúvida! Mas, sinto falta da Bilings a minha janela, com seu brilho oleoso, cheiro nefasto e corpos à deriva; falta do barulho do autódromo irritando-nos ao longo do dia; da Zona Sul dos meus manos, pirueiros e pagodeiros; Meu shopping Interlagos, ex-coquinho. Quem precisa de pássaros para ser feliz?
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Desde que me mudei para Viçosa, Minas Gerais (uai!), fui somente 4 vezes a São Paulo:
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- Outubro de 2004: Quando fui convocada a passar os últimos dias de vida do meu irmão, Cleiton, a seu lado;
- Abril de 2005: Ida secreta a São Paulo, somente para o show do Hanson...(O que era um segredo de estado até a manhã de hoje);
- Janeiro e Fevereiro de 2006: Após ter passado no vestibular, já me sentia confortável para responder a meus amigos "O que enfim faria da vida"; e, sendo assim, passei dois meses por lá.
- Julho de 2008: Com meu ex de número 3, em São Paulo e Ubatuba.
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Com a superação de alguns traumas particulares, passei três anos sem ir a São Paulo. Desde o início do ano passado, tenho planejado (mentalmente....) essa viagem. Após saber das gravidezes, futuros casamentos, passados casamentos e derivados de meus amigos mais próximos, decidi fazê-la no início desse ano. Mas, a preguiça...a falta de dinheiro....e tempo....impediam-me de pensá-la com mais concretude. Recentemente, devido a outros motivos de força menor, penso: "Vou! Dos males? Que venha (logo) o maior!".
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Males? Sim! possíveis complicações, dores de cabeça e insatisfações:
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"Male" n°1) Não tenho dinheiro. Meu dinheiro, no sentido literal, será usado para passagens e presentes para meus "sobrinhos", "afilhados", além do doce de leite, que não pode faltar (o qual acho que comprarei em qualquer quitanda de São Paulo, para economizar cansaço e costas! Quem vai saber?). A mim foi feito um empréstimo familiar, sem juros, para custeio do todo.
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Aos leitores e fãs do Sofia de Buteco afim de colaborar com uma ajuda de custo, enviem um email para: oraculodesofia@yahoo.com.br, que, certamente, e sem orgulho algum, entrará em contato!
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O fato é que será uma viagem para reencontros, porque não tenho grana para "nights", como já avisado a meus amigos. Até então, só uma noite de Zouk com um amigo já programada! Vamos ver o que mais há de acontecer. Mas sim: não dispenso programas diurnos...Quero ir ao museu de Língua Portuguesa, ao cinema, ao shopping, ao Ibirapuera (talvez), à Liberdade, que amo!
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"Male" n°2) Recentemente, combinava com outro amigo uma ida a um barzinho na Faria Lima...quando, de repente, eis que ecoa dentro de minh'alma: "Faria Lima...Faria Lima...Faria Lima??"
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- Nem lembra onde fica! putz! - disse o amigo.
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A verdade é que nunca conheci São Paulo, mas porque mal conheço meu próprio umbigo! Até hoje não conheço todos os prédios e departamentos da UFV, tão pouco sabia o que era balaústre. Vivo numa bolha e só pareço não alienada porque Deus quis. Mas adoro me perder! Sempre andei por São Paulo, sozinha, desde adolescente.... (na época do Hanson, um dia conto mais sobre isso!) quase como uma bandeirante paulistana desbravando a terra da garoa! Já viajei muito por aquele lugar, mas nunca, nunca mesmo, peçam-me informações sobre coisa alguma ou referências! Minhas únicas referências são: o autódromo de Interlagos e o Borba Gato (uma referência psicológica, na verdade).
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Tenho amigos que moram em cantos diferentes da cidade! Para esta viagem, fiz um recorte e pretendo ficar mais próxima de onde morava, com meus amigos de União (escola), adolescência e etc. Acho que é isso....É isso?
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"Male" n°3) Assalto? Nunca fui assaltada em São Paulo. Quase todos os meus amigos já. Meu pai quase morto uma vez.
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O "male" em si não é o assalto, até porque acho tal visão muito preconceituosa, "turística", da qual não compartiho. Passei a vida toda em São Paulo para ser assaltada em Juiz de Fora! E aí?
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O "male" é o meu deslumbramento! Uma vez, em São Paulo, em frente a um mercado perto do "meu" colégio, ocorria um assalto em uma van. Passei em frente ao ocorrido, no exato momento. Ao notar toda aquela "muvuca" de gentes, senti-me instigada a ver o que era, pessoalmente, com meus olhos oblíquos e dissimulados. Dando-me conta do assalto, porque vi um jovem armado, (infelizmente um jovem....), pedindo a todos que deixassem o carro, ao invés de sair correndo como uma pessoa normal, fiquei paralisada observando a cena por minutos, até que minha ficha caísse. Após a queda da ficha, sai caminhando nervosamente, lamentando o porquê de ter nascido tão sonsa.
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Uma vez, no meu bairro, fui a primeira a ver um corpo estendido (morto) ao chão. Também por deslumbramento, fiquei observando o rapaz por minutos. Acabara de ser morto, de modo que fui a primeira a vê-lo ( junto de um homem "especial". Aff....isso merece um post à parte...sobre essas nomenclaturas todas.). Como quase sempre acontece, tenho uma falta de sensibilidade nata para o perigo.
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Talvez essa falta de sensibilidade advenha do meu conhecimento prévio de mundo. Nesses poucos anos de vida, já convivi com todo o tipo de pessoa, de todas as classes sociais, profissões, nacionalidades, orientações, religiões, erros e acertos. E por isso, afirmo: não existe maldade ou bondade, mas sim, contexto. Somos mais parecidos, todos, do que pensamos.
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"Male" n° 4) O tal do sotaque. Não há nada mais chato que piadinhas! Levo na esportiva, mas a verdade é que me irritam profundamente. Sim! Ainda tenho o "r" híbrido - às vezes sai porrrrrrta, às vezes pohta - mas o grosso, amineirei! Falo "uai", "Aqui", "moço", "Ei". Deixem-me em paz!
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O engraçado é que os palavrões e conversações tensas e raivosas ainda saem apaulistanadas. Toda vez que sinto ódio mortal por alguém ou circunstância, sou conduzida a meu dialeto materno novamente, em sua pior variante: "meu", "meu", "Meu, como assim? Você não tá me entendENdo, você tá me entendENdo?";
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"Male" n° 5) O male número cinco é uma abstração, embora quase certa. Na verdade, certa. Sei que vou passar alguns momentos de raiva, porque me conheço bem, há vinte e poucos anos.
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De qualquer forma, entre a dúvida e a possibilidade, sempre opto pela linha que conduz de uma a outra.
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Há certos males, querido leitor, que nos exigem presença, visão e contato, para uma digestão mais rápida, definitiva e eficaz. É por isso que me f** em quase tudo o que faço, devido a minha impulsividade. Mas, ninguém morre desse mal.
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Dos males? Que venha (logo) o maior!
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"Quebrada", desorientada, sonsa, orgulhosa e impulsiva! Quem disse que felicidade tem que ser azul? Minha felicidade é ansiosa, humana, cheia de "pode me tocar". Felicidade medrosa, boba, e com tino natural para maldadezinhas. É uma felicidade infantil e por isso nunca se esvazia. Seja aqui ou ali. Minas, São Paulo, meu coração, minha Faria Lima: minhas palmeiras.
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Boa Tarde!

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Vaticínio

*Parafuso. Costa.
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Da minha cabeça, esses dias, perdi o último parafuso que restava.
Espero reencontrá-lo a tempo, antes de fazer alguma (outra) m****.
Bom Dia!

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Para todas as datas e corações.


Querido Leitor,
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À medida que vivemos novas experiências que a vida nos traz, automaticamente ampliamos as datas importantes dos nossos calendários particulares. Aniversário da melhor amiga, aniversário do cachorro ou da tartaruguinha familiar; aniversário de mudança de casa, mudança de estado, país, namorado, namorada, orientação sexual: aniversário de mudança "destinal".
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Comemoro todos os aniversários, velhos e novos, que a vida me tem dado por todo esse pequeno caminho. Mesmo as piores datas devem ser lembradas. Tudo isso porque existem inúmeros "sims" que nascem de "nãos", "nunca", ou "sempre". Novos caminhos que se iniciam a partir daquela porta que se fecha. Chega a ser deslumbrante essa coisa de "fim", se não fosse tão sofrido ao mesmo tempo, ou num tempo anterior.
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Vivo uma fase boa, finalmente, após alguns dias de certo desespero. Estou animada com meu início de ano, com minhas escolhas acadêmicas e consequentemente profissionais. Também feliz por estar com os amigos, com a família e com alguns planos ainda para esse mês: quero visitar minha terra!
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Quanto ao coração, ainda bate, numa frequência mais leve, mais bossa, menos samba. Pessoas interessantes conhecemos todos os dias num cruzamento qualquer, de trânsito, olhar ou genético. Perdemos-nos sempre mais, e mais, e mais. O importante de se perder é o encontro que isto precede. A cada perda, ou novo labirinto, um encontro a mais com aquilo que sou: bossa, samba, funk ou erudito - sou aquilo que nasce e aquilo que morreu. Reencarno-me.
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Hoje assisti a El otro lado de la cama (Martínez Lázaro/ 2002). Recomendado por uma amiga, e depois, emprestado por um novo amigo, esperava um pouco mais do filme. Na verdade, El otro lado de la cama é uma gracinha, mas não passou disso. Não gostei muito das coreografias também, senti-as um tanto exageradas, mas acho que é por serem mais antiguinhas (2002). De qualquer forma, a trama não deixa de ser encantadora, embora previsível. Familiar? Talvez! Quem nunca levou um "pé" na bunda da mulher (homem) amada(o), viveu um quarteto amoroso, ou, ainda, desejou ardentemente a mulher(homem) do(a) próximo(a), hein?
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Daqui a pouco, assistirei Foi apenas um sonho, também recomendado por muitas amigas. A princípio, o enredo não me interessou muito, mas pode ser que me surpreenda: comentarei mais tarde!
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Musicalmente, após uma fase "fadística", a que ainda perdura, intercalo meu sofrimento musical às canções da Carla Bruni - as que tenho ouvido alucinadamente, sem saber porquê. Também um pouco de Dolores Duran e Martinho da Vila.
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Literatura? Portuguesa. Meu relatório de pesquisa está praticamente pronto, mas decidi reler Saramago, de novo. Quero tentar escrever um artigo sobre o diabo em Saramago, vamos ver se sai alguma coisa! Não consegui, ainda, ler outros três livros os quais me prometi ler ao longo das férias....Mas, tenho tido certa disciplina, a que advém do tédio dos meus dias, mas ainda assim, novidade.
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Cervejinhas diárias, nada de cigarro...(exceto ontem), uma dieta que não sai da agenda e uma saudade. Momentos de felicidade em alta frequência proporcionam certa leveza inexplicável, certa cura. Também passam, como tudo o que é bom e mau, mas nos são necessários para começos de ano: doses cavalares de esperança, as do Reino "pedra", Filo "um dia de cada vez", Classe "pés no chão", Ordem "ver no que dá", Família "respira e vai...", Gênero "comédia", Espécie "foda-se".
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Feliz Aniversário a todas os viventes, para todas as datas e corações!