quarta-feira, 30 de março de 2011

Superego.

*Unhas vermelhas! Foto de Isabella.
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Acordei com vontade de fazer as unhas.
Foi quando sentei e esperei que a vontade passasse.
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Amanhã, acordarei com vontade de monografar.
Boa Noite!

Will I stay?

*Hoje vivo de mão dada com a solidão. Foto de Rui Soares.
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Sometimes I feel like I don't have a partner
Sometimes I feel like my only friend
Is the city I live in, the city of angels
Lonely as I am, together we cry

I drive on her streets 'cause she's my companion
I walk through her hills 'cause she knows who I am
She sees my good deeds and she kisses me windy
Well, I never worry, now that is a lie

And I don't ever want to feel
Like I did that day
Take me to the place I love
Take me all the way

I don't ever want to feel
Like I did that day
Take me to the place I love
Take me all the way, yeah

Yeah, yeah

It's hard to believe that there's nobody out there
It's hard to believe that I'm all alone
At least I have her love, the city, she loves me
Lonely as I am, together we cry

Well, I don't ever want to feel
Like I did that day
Take me to the place I love
Take me all the way

Well, I don't ever want to feel
Like I did that day
Take me to the place I love
Take me all the way, yeah

[...]

Will I stay?

(Under the bridge - Red Hot Chilli Peppers).

Engoli o orgulho, saltei o pedregulho, resolvi o marulho, comi o sarrabulho, escrevi o bagulho, de beca eu tô em julho: Diário de uma Formanda.II

(ANTES)
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Querido Leitor,
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Vamos conferir o segundo capítulo da nova coluna:
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Engoli o orgulho, saltei o pedregulho, resolvi o marulho, comi o sarrabulho, escrevi o bagulho, de beca eu tô em julho: Diário de uma Formanda.
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Vamos lá? (Nãããããooooooooooo!)...Ah vamos sim!
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Capítulo II: Águla mole em pedar dura, tanto bate até que fura.
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Esse post é um resumo nada sintético acerca de algumas coisas que me aconteceram nos últimos cinco anos e meio, dentre elas, o como eu enfim me apaixonei pelo curso de Letras, decidindo ficar, e todas as venturas e desventuras que me ocorreram.
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Em outubro de 2006, meu segundo período no curso de Letras, fui acometida por uma crise de bipolaridade. Se não tenho vergonha de falar sobre isso? Sinceramente, não. Até porque um pedaço da parte boa que hoje sou, ainda que não anule a má, é fruto daquele tempo. De qualquer forma, não pretendo me expor aqui, ou falar minuciosamente, não; quero apenas frisar que fui obrigada a trancar o meu segundo período do curso, o que tumultuou toda minha grade, mas, ao mesmo tempo, permitiu que vivesse coisas as quais não teria tido tempo, se fizesse meu curso em quatro anos e meio, como o planejado.
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"Por que comprar um caderno com pautas!" - disse-me um rapaz, no café de uma livraria. "A vida não tem pautas, Amanda; viva-a sem pautas".
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Foi o que fiz. Nunca por desejo, mas obrigação e sorte (ou azar). Ao voltar para minha rotina normal, estava namorando um rapaz, motivo da criação deste Blog. Juntando a fome à vontade de comer, eu que nunca fui uma aluna muito exemplar, nem mesmo no pré primário, cabulava todas as aulas que podia para namorar, para vê-lo, o que resultou numa disciplina perdida, morfologia. Tomei pau na diciplina, mas passei muito bem na segunda vez quando a fiz, tempos depois... (há coisas que são melhores na segunda vez, não acham? Tipo?? Tipo...exame de direção!!).
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Com toda essa confusão, o desejo de mudar de curso ainda era grande. Mas antes de fazê-lo, decidi mudar um pouco minha vida acadêmica, que não existia: passei a estudar com mais frequência, aumentei o meu coeficiente (não que isso seja grande coisa, mas...), consegui bolsa como tutura de Let 099, e, por fim, decidi conversar com um professor da História.
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Minha vontade era a de trabalhar com História da religião. Conversando com esse professor, surpreendi-me quando disse: "O que você quer é a Literatura, não a História". "Literatura?" - pensei. Por coincidência, ainda naquele período, que já nem lembro qual, conheci outro professor que mudaria um pouco, ou totalmente, o rumo dessas coisas.
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No colégio, gostava muito de Literatura infanto juvenil (ainda gosto). Dos canônes, gostava de Machado, Carlos Drummond de Andrade e Clarice - embora só tivesse lido A Hora da Estrela. Odiava parnasianismo e simbolismo (digamos que nunca os absorvi. Ministrar uma aula sobre simbolismo é perdir que eu pule na lagoa da UFV e nade de ponta cabeça). Por fim, tal encontro que mencionei acima mudou totalmente o rumo das coisas, porque pude enfim conhecer uma experiência da Literatura que, embora não diminuísse o estético, mostrava-me a História como sustentáculo (aff...brega isso, não?). Foi o "sopro da graça", sem dúvida: não só me apaixonei por Literatura Portuguesa, a partir de então, mas como passei a gostar das aulas de Literatura Brasileira, a fazer bons trabalhos (a tentar), a ler os textos literários. Não apenas isso (não consigo descrever)...foi nesse momento que encontrei a Literatura como um todo, do pouco que pude conhecer, por pura incompetência. Sempre preguiçosamente, enrroladamente, atrasadíssima, chorona, sempre eu: mas um eu novo e razoável. Hoje sou apaixonada por Literatura brasileira, por parte da Literatura hispano-americana que conheci (embora conheça quase nada, admito...) e também gosto muito de alguns autores da Literatura Africana.
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Depois disso, passei a alimentar o desejo de fazer mestrado. Consegui uma bolsa de pesquisa, passei a dar aulas num cursinho pré vestibular, continuei como tutora, dou aulas particulares (literatura, redação, português) ....quase morri período passado, mas cá estamos. Sempre tive uma dificuldade imensa de organização, o que advem em partes do meu temperamento, em partes da minha preguiça, em partes da minha falta de confiança em mim mesma e nas coisas que poderiam ser e nunca serão (nunca serão enquanto eu continuar aqui, hoje, escrevendo no Sofia). Mas sou feliz e se pudesse mudar uma coisa no meu passado acadêmico seria ter entrado no curso de Letras com a cabeça e coração que tenho hoje.
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Também o coração. Após o término daquele namoro, apesar de da longa foça, pude viver muita coisa legal, momentos divertidíssimos, como forma de compensação, os quais nunca teria vivido se tivesse terminado a graduação casada e com três filhos. Não quero dizer que um seja melhor que outro, ambos são projetos, escolhas, mas hoje eu realmente e aliviadamente fico feliz por ter levado um pé na bunda. Isso não quer dizer que me arrependa de ter namorado duas vezes na graduação; de forma alguma. Gostei muito de meus ex´s namorados, de formas diferentes, claro, de modo que acreditei ser um deles o tal "homem da minha vida". Quase me matei, quase pulei de um pé de alface...mas ao me dar conta que sobrevivi, fui em todas as festas possíveis de Viçosa, saía de segunda a segunda, conheci muita gente interessante - e também desinteressante. Aprendi a gostar mais de mim. Após a fase inicial de "crise de identidade" (lembro-me que torrava meu dinheiro com chapinha , unhas e roupas todo fim de semana) dei-me conta de que a Amanda de verdade é aquilo que é...chata, mal humorada, com cabelo fuazão, que come unhas (arght!), que entre vestir a mesma blusa 15 festas seguidas e gastar dinheiro com cerveja, livro, cd e cerveja....preciso dizer?
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Claro que aprendi algumas coisas, amadureci com o sofrimento (porque sim, foi um sofrimento...e é a perda das coisas que nos faz mais vivos). Hoje sou menos ciumenta, menos possessiva - e também me importo menos com as coisas. Ao mesmo tempo, ainda que tenha uma tendência "mulherzinha", a que persiste, aprendi a ter projetos individuais, aprendi a ter amigos individuais, aprendi que sentimento é coisa que não se define, cada um sente de uma forma....se é que sente, se é que ama.
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Voltando. Hoje estou bem mais ajustada, só vou às festas que realmente gosto e com quem gosto. Falava no post anterior sobre uma amiga chata ruiva quem mudou a minha vida. Digamos que foi a responsável pelo meu desencaminhamento; fez o papel de acalentar minha dor de cotovelo, apresentando-me gentes, lugares, festas; ouvindo-me, vendo-me chorar; vendo-me fazer merda e sobretudo deixando-me fazê-las (...coisa que é incompreensível aos olhos de um "falso" amigo).
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E de tanto bater, água mole em pedra dura, deu no que deu!
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Pra terminar, acho que o bom da minha graduação foi ter tido a oportunidade de fazer outras coisas, isto é, não só viver num mundo alienante que pode vir a ser Viçosa-viciosa...(alienante pra quem vive só pra estudar, ou pra quem entrega-se a porra-loucura por completo, ou ainda, pra quem pensa apenas em salvar o mundo). Uma lista das melhores coisas:
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1- Atuei na Pastoral da Juventude durante seis anos (ainda me considero da PJ, embora não mais com a mesma intensidade);
2- Trabalhei como babá...(na verdade, conheci uma irmã...L*).
3- Trabalhei em festas organizadas por um tio;
4- Fui Tutora, professora de cursinho, professora particular;
5- Fiz pesquisa;
6- Tive dois namoros (um de seis meses, outro 2 anos e 5...), alguns rolos, rolinhos, bons amigos, etc...;
7- Tive uma crise bipolar;
8- Levei um pé na bunda homérico;
9- Vi nascer os filhos dos meus melhores amigos;
10 - Passei bons momentos com minha família, minha avó;
11- Conheci gente por quem daria minha vida;
12- Fui a todas as festas que queria;
13- Tomei muitos porres intrigantes....(destaco: o da festa GLS, ao bater a cabeça em algum lugar; o de quando sai andando no meio da BR, o de quando queimei a perna no escapamento do carro, o de quando subi no quejo do Eletrobar...);
14- Viajei muito pelas cidadezinhas da região;
15- Escrevi alguns emails de amor e ódio;
16- Fui voluntária numa casa assistencial durante 2 anos e meio (CASFA - Casa assistencial São Francisco de Assis);
17- Fui enrrolada;
18 - Dei um tapa na cara de uma pessoa; joguei uma xícara de café n'outra pessoa; já quase fui processada...
19 - Conheci o Frei Betto;
20 - Conheci o Pe. Hilário Dick;
21 - Cortei o cabelo curtinho;
22 - Fiz uma tatuagem;
23 - Pedi uma pessoa em casamento;
24 - Comecei a fumar, parei de fumar, só fumo quando bebo;
25- Vi uma amiga ir embora...Julya Victor...
26 - Fui ao carnaval de Ouro Preto;
27 - Fui ao carnaval de Diamantina;
28 - Não li nem metade do que gostaria;
29 - Não aprendi gramática normativa;
30- Amei os estágios que fiz: Escola Nossa Senhora de Fátima (AMORAS) e Coluni;
31- Fiz revisão de texto pra uma revista;
32- Fui uma das colunistas no "Protagonismo Juvenil' (saudades);
33 - Li o Evangelho segundo Jesus Cristo (a obra da minha graduação);

(DEPOIS)

Confira as próximas postagens de:
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Engoli o orgulho, saltei o pedregulho, resolvi o marulho, comi o sarrabulho, escrevi o bagulho, de beca eu tô em julho: Diário de uma Formanda.

terça-feira, 29 de março de 2011

Engoli o orgulho, saltei o pedregulho, resolvi o marulho, comi o sarrabulho, escrevi o bagulho, de beca eu tô em julho: Diário de uma Formanda.I

Querido leitor do nosso Sofia de Buteco,
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Hoje damos início a mais uma coluna do nosso pseudo buteco virtual, cujo nome é:
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Engoli o orgulho, saltei o pedregulho, resolvi o marulho, comi o sarrabulho, escrevi o bagulho, de beca eu tô em julho: Diário de uma Formanda.
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Bem. Tratar-se-á de uma coluna talvez semanal, talvez não, talvez quinzenal, talvez não, talvez diária, talvez não, cujo intuito é o de partilhar com vocês, queridos leitores e curiosos desavisados de plantão, um pouco da minha trajetória como possível formanda no curso de Letras pela Universidade Federal de Viçosa, em julho de 2011...(ai ai ai Sofia...Já começou a monografia?). A idéia é de narrar um pouco do meu sofrimento diário, minha auto sabotagem de todos os dias, minha auto flagelação psíquica e situações pelos quais todos os estudantes de Letras hão de passar um dia, cedo ou tarde: expectativas, monografia, festas, anseios, angústias, concursos, mestrados, primeiro dia como professor pós formado, primeiro baixo salário, primeiro desencanto com o regimento interno das escolas estaduais e municipais do país, primeira vontade de chutar o balde e mandar tudo à PQP, primeira caricatura feita por um aluno sacana (tal qual você aos quinze), primeira carta de amor recebida daquele aluno nerd fofíssimo, primeira greve, primeira mobilização, primeira crise pós acordo ortográfico ainda não aprendido, primeiro dia de aula do mestrado, primeiro dia como recém milionária após anos de escravid...ops! isto é, aulas no sistema público e privado, sem vida, sem família, cachorro, filhos, cachorro, família, filhos....e por aí foi-se.
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Comçaremos então nossa mais-que-emocionante-narrativa pelo capítulo I, obviamente:
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Capítulo I, obviamente: A Criação.
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No princípio, Deus criou os céus e a terra. A terra estava informe e vazia; as trevas cobriam o abismo e o Espírito de Deus pairava sobre as águas. Após criar os monstros marinhos, Deus criou Adão e Eva a sua imagem e semelhança. Após meses no paraíso, Adão e Eva têm a primeira DR (pode-se dizer que o casal divino foi precursor das DR´s modernas que se tem hoje...), no dia em que Eva descobriu a traíção de Adão com sua irmã Lilith (manteremos a ambiguidade na construção, intencionalmente, haja vista o incesto ter sido uma prática usual e necessária naquele tempo). Daí a necessidade da superdotada serpente, pensou Eva, a fim de se vingar do marido. Pouco tempo depois, entre a reforma Paradisíaca e a chegada do anti -Cristo (com ou sem hífen?), Deus criou uma leva de homens e mulheres em Minas Gerais, dentre os quais estavam Maria Francisca Lopes (ainda não Freitas), e Raimundo José Bijos de Freitas, meus pais.

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Sobre amor e medo. Minha mãe mudou-se para a cidade de São Paulo após o término de um relacionamento que muito lhe marcara (daqui emana a minha veia passional), enquanto meu pai também mudou-se para a terra da garoa por um motivo qual nem o próprio conhece, ou nunca revelou-me...(daqui emana a minha veia bipolar). O fato é que meu pai sempre foi e ainda é apaixonado pelo Rio, fixando-se em São Paulo por motivo inexplicável...
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Encontraram-se. Após a greve dos anos 70...(meu pai era do sindicato, conheceu o Lula, tomaram cachaça juntos), resolveram se casar, por amor, ou medo da solidão, ou ambos. Tempos depois, nasci, no dia 10 de novembro de 1985, às 17:15 de um domingo (chuvoso, claro).
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Desde pequena, o "fantasma Viçosa" assombrava meus dias. Sendo minha mãe da cidade de Canaã, localizada nas proximidades de Viçosa, Minas Gerais, cogitou-se desde os primórdios que nos mudássemos para Minas assim que meu pai conseguisse sua aposentadoria, tão aguardada, ainda que precoce. Por que Viçosa? Meus pais sentiam a necessidade de envelhecer num lugar tranquilo, mais acessível financeiramente que São Paulo e que simultâneamente pudesse me oferecer a possibilidade de continuar os estudos, de modo que também estivessem perto dos demais familiares. Dessa forma, no dia 02 de agosto de 2004, por volta das 8:00 da manhã, desci daquele ônibus, naquela rodoviária horrenda, querendo morrer e matar. "Pai, quero morrer e te matar!" - disse Amanda aos 18, quase 19.
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Mas a vida recomeça e passo no vestibular para Letras no ano de 2006. Por que Letras? Porque gosto de escrever e porque havia estudado inglês. Também porque o ponto de corte estava mais baixo naquele ano, em comparação com a História, minha paixão. Sempre gostei de Literatura, mas sempre li pouco, preguiçosamente pouco. Logo, Letras não foi, tampouco Literatura, uma paixão à primeira vista, mas sim à quarta, quinta ou sexta - como uma paixão que nasce inexplicavelmente entre você e qualquer pessoa até então conhecida e sem sal, mas que transfigura tudo a que dá sentido. Ainda naquele ano,prestei vestibular em São João del Rey, Psicologia. Em 2004, Jornalismo, já na UFV. No ano anterior, queria ser oncologista. Em anos anteriores, bailarina clássica. Ainda antes, jogadora de basquete. Ao longo de toda infância, cientista. Por volta dos quatro, padre. Uma coisa imutável foi escrever, como droga que me acalma e traz felicidade. Sempre foi. Escrevo mal, sei, e por isso aprender a escrever foi talvez o motivo principal d'eu estar ainda aqui, na Zona da Mata Mineira.
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"Recebi" o trote dos meus amigos da Pastoral da Juventude, do Grupo JA. Também participei do nosso trote oficial, morrendo de vergonha, com uma vontade insuportável de sumir. Antes disso, lembro de ter ido a um rodízio com os novos amigos da Letras, onde conheci, entre outras pessoas que se tornariam especias (...porque essas coisas são misteriosas mesmo) uma menina chata e ruiva que mudaria minha vida...(falaremos disso em outra ocasião).
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Antes de que tudo isso acontecesse, cheguei por aqui almejando ser freira...( tenho sim uma veia religiosa, fruto do meu parentesco direto com Eva e Lilith). O que me salvou dessa antiga sina, a que realmente "encarnei" durante os anos de 2002 até o dia 18 de outubro de 2004, foi uma série de encontros misteriosos que se sucederiam a partir de novembro daquele ano: Leandro, Patrícia (meus grandes amores) e a Pastoral da Juventude. É nesse momento que encontro uma experiência de fé compatível com valores que tinha na época (os quais ainda tenho, em sua maioria), o que possibilitou uma reformulação da minha noção de "causa". É também aqui, por intermédio dos meus primos supracitados, que dou início a minha vida mais leve, mais jovem (porque até então estava muito presa a acontecimentos não muito felizes, os quais citaremos posteriormente): Leão, república, Leão, república, Leão, república, Leitão**, Leão, república, S(BG)**, Leão, república, M**, Leão, república, J****, Leitão, república, A*,B*, C*, D*, E*, F*, J*, H*, I*, G*...
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O gosto por cerveja e cachaça já trazia comigo da adolescência. Seria provavelmente uma freira/missionária cachaceira e com um pé na umbanda, no candomblé, no espiritismo kardecista, no judaísmo e outras expressões, bem como militante do movimento contra a homofobia e em prol de cuidados para com jovens em sistema/regime carcerário - temas pelos quais sempre me interessei. Também sempre me gostei (OLHA O ATO FALHO AQUI GENTEENNN!!) dos desiquilibrados e acredito, no fundo, que a serpente de Gênesis é na verdade outra face de Deus (já acreditava nisso antes de ler Saramago...).
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Voltando. Chatas foram as primeiras aulas. Com passar do tempo, adquiri uma espécie de tique nervoso ao ouvir as palavras "conhecimento prévio", "conhecimento de mundo", "inferência". Aristóteles, que não passava de um semi Deus grego pra mim, até então, e Odisseu, cujo nome me remetia àqueles filmes pieguíssimos exibidos pelo SBT, tornar-se-iam parte da minha vida ad eternum. E a pergunta que não quer calar: "O que é Literatura?".
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Sobrevivi.
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Quer saber mais? Confira a próxima postagem de:

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Engoli o orgulho, saltei o pedregulho, resolvi o marulho, comi o sarrabulho, escrevi o bagulho, de beca eu tô em julho: Diário de uma Formanda.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Coração tão branco

* O segredo. Foto de Antonio Felix.
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"[...] também ela sentia ameaçada e inquieta pela perda de seu futuro, ou por alcançá-lo".
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(Javier Marías, Coração tão branco).

domingo, 27 de março de 2011

sábado, 26 de março de 2011

Lítio (Louvada seja a dança!).

*Dança da Menina Moça. Foto de Paulo Amorim.
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Louvada seja a dança

porque ela liberta o homem
do peso das coisas materiais,
e une os solitários
para formar sociedade.

Louvada seja a dança,
que tudo exige e fortalece,
saúde, mente serena
e uma alma encantada.

A dança significa transformar
o espaço, o tempo e a pessoa,
que sempre corre perigo
de se desfazer e ser ou somente cérebro,
ou só vontade ou só sentimento.

A dança porém exige
o ser humano inteiro
ancorado no seu centro,
e que não conhece
a obsessão da vontade de dominar
gente ou coisas, e que não sente
a demonia de estar perdido
no seu próprio ser.

A dança exige o homem livre e aberto
vibrando na harmonia de todas as forças.

Ò homem, ò mulher, aprenda a dançar
senão os anjos do céu
não saberão o que fazer contigo.

(Santo Agostinho - 354 -430).


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Eu era mais feliz quando dançava. Também mais equilibrada - mas disso não tenho certeza, talvez fosse falta de oportunidade.
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Pra mim, dentre as coisas mais prazerosas do universo está a dança. Tal como um forte alucinógeno, ou sexo ou chocolate ou amor ou paixão, foi-nos dada a dança como fuga do desencanto. Quando danço, sinto uma substância que, produzida pelo meu cérebro, é capaz de me dar felicidade pura, dessas que dependem exclusivamente de mim, do meu corpo, pés, pulmões, labirinto; felicidade plena. Nada falta, nada sobra. Nada sofro, sozinha.
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Após uma noite dançante, acordo às 9:30 da manhã (o que é relativamente cedo, tendo em vista a minha falta de horário, apesar do excesso de obrigação) ainda feliz, ainda viva, ainda anestesiada, ainda dançando. Até que meu humor volte ao normal, o intermediário, permanecerei nesse estado divino até que os pés parem de doer, até lembrar de que hoje é dia de trabalho, até o início da minha neurose quase diária, a que se dilui nas coisas pequanas,quando danço. Música, gente, literatura - a que se dilui nas coisas pequenas, quando danço.
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Nem mesmo a morte das coisas.
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Tudo o que é puro - nascer, morrer, amar - o homem inventou enquanto dançava: respiração, ritmo (o que se altera quando é vida, morte ou amor) e vontade.
Uma professora de Ballet me disse a seguinte frase, há alguns anos, por motivo d'eu estar insegura para desenvolver uma dada sequência de passos. Ela disse:
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- Respira e vai.
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Não sei quanto tempo depois, trago comigo a voz daquela mulher em todos os meus momentos mais decisivos. Lembro da música prestes a ter início, e da voz: Respira e vai. Respiro e vou.
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A dança é o meu lítio.
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Feliz do homem que tem alma e pode dançar.

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Bom Dia!

sexta-feira, 25 de março de 2011

Hoje eu acordei com sono...

21 de março. dia mundial da poesia. Foto de A menina que gostava de ser chamada.
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Querido Leitor,
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Ontem foi um dia bom. Rotineiro, típico, usual; nada de grandes adrenalinas tampouco grandes acontecimentos: uma crise de cólica às 5 da manhã; aulas, leituras - sim! consegui manter a minha concentração ao longo de todo um dia - por fim, uma cervejinha com minha prima naquele barzinho sertanejo que ela tanto adora.
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O mais interessante é o caminho interior. Acordei com uma estranha paz, dessas de quem não espera nada, e também não procura. Sinto um sono quase crônico. Ouço Frejat. Não estou quente ou fria; morna. O plano de hoje é ir à Universidade daqui a pouco...comprar umas coisas....(alugar um filme)....e convencer minha amiga a irmos numa festa blues que rolará hoje...
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E as coisas (des)continuam...como já imaginei.
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Vontade de me mandar pra Bahia...
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- Xuxu, vou me mandar pra Bahia!
...
Bom Dia!

quarta-feira, 23 de março de 2011

O(s) óculos

* Anos 30 ou 40...Foto de Joana Cristina Silva.
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Foi comprar novos óculos e voltou sem palavra.

Todas, exceto uma, já haviam sumido.
Todas exceto seu nome, o qual persistia míope, astgmata e glaucômico, mas sem desperdício de sina e plural.

segunda-feira, 21 de março de 2011

O sentido

*Wonderland. Foto de Hugo Macedo.
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Aprisionada pelo labirinto de perguntas que sua prodigiosa mente tecia, ritualisticamente ,todas as manhãs, Ana recebe o telefonema que estaria prester a mudar, senão toda a sua vida, pelo menos a melhor parte, dentro da fantástica parte, dentro da mais que perfeita parte desta:
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- Alô?
- Oi...
- Oi! Desejaria falar com?
- Ana?
- Sim!
- Sou eu....
- Eu? Eu quem?
- A vida.
- Quem? Alô? Oi? Alô?
- ....
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Ana sentia como se fosse público de um reality show, cuja responsabilidade em eleger este ou aquele participante dependesse exclusivamente do seu voto, escolha e vontade. Passara anos imaginando quando receberia, finalmente, um sinal ou aviso da própria morte, logo que a ciranda da vida por-se-ia fim, mas nunca, deveras, havia cogitado a hipótese de algum dia presenciar, lúcida, um telefonema da vida. Mas o que haveria sua própria vida de querer contigo? Qual o sentido daquele telefonema?
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Mais que depressa, Ana se pos a pensar em tudo o que lhe aflingia, todas as escolhas mal feitas e dívidas não pagas; todos os eu´s te amo já ditos, todas as mentiras contadas a sua tia, toda a não culpa que sentia pelo mal que fazia a si mesma, toda a humanidade que tinha dentro de si.
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Ana lembrara-se da primeira mentira de sua vida. Roubara um caminhãozinho da loja daquela antiga senhora, cujo nome já não vem ao caso. Ao ser repreendida por sua tia, Ana desnudou-se de qualquer mancha culposa e apenas sorriu: - Tia...eu só queria brincar. Eu ia devolver, prometo! Eu só queria ver como era por dentro.
....
De fato, como a maioria das mentiras, todas - grandes, pequenas, pretas, brancas, pardas e assexuais - Ana não achava o costume de mentir ilícito, tão pouco vão: ver o que há por dentro de todas as coisas era o seu pior vício; lógica cuja prática fazia com que sua vida não fosse mais, tão perto do que seria, sonâmbulismo diurno sem pulso e suspiro.
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Ana mentia.
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Ana mentia quando dizia "Bom dia", já sabendo que a maioria dos seus dias não haveriam de ser bons ou especiais, tão pouco destinados a algum mistério, fadados ao fracasso. Mesmo assim, Ana ludibriava a todos com a ilusão de que as grandes mudanças se iniciam pela manhã, como o Deus que abençoa os que cedo acordam! Mas, sabia Ana que não havia nada de mágico no universo e que Deus tinha predileção pelos atrasados e mal amados. Ana mentia quando observava com assombro uma criança na rua, ou recém nascida, como se nunca houvesse visto antes um exemplar daquele pequeno rosto, alma e cheiro. Ana achava que todos os recém nascidos eram a prova concreta de que somos mais próximos dos animais do que nos damos conta, visto que pequenos pintinhos têm a mesma alma, cheiro e rosto de bebê - ambos nascem do ovo da vida.
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Ana mentia quando dizia amar. Ana sabia que amor é sentido inefável, inexprimível, mas Ana, mais preocupada com a auto salvação, dizia que amava várias vezes ao dia, ainda que ela própria nem sequer imaginasse que amasse mesmo, pouco importava amar ou não, desde que pudesse, quando bem entendesse, ver o que havia por dentro do amor.
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Chegara o dia. O amor era a partícula comum entre pintinhos e bebês; o amor era a mola propulsora de todas as mudanças desnecessárias e invisíveis. Dentre todas as mentiras que contava, dentre todos os brinquedos que roubara, quando criança, dentre todos os nus que seus olhos já presenciaram, apenas o amor era o artefato jamais desconstruído e experimentado em sua mediocridade e pureza. Ana não sabia o que era amor, mas, desconfiava de que fosse qualquer coisa muito pequena, passível de apreender entre os dedos das mãos.
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O telefonema da vida fizera com que Ana percebesse o amor que já estava. Vislumbrá-lo do avesso, de ponta cabeça, por de trás das roupas requintadas. Ana sabia lidar com a morte; há tempos já se preparava, desde a morte do irmão, para o dia da própria partida - bater as botas, subir ao telhado, ir à casa do Judas.
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Ana só não esperava o encontro.

Misturado & Junto

domingo, 20 de março de 2011

...E o pulso ainda pulsa....

" . ". Foto de Adriane.
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...E o corpo ainda é pouco" (Arnaldo Antunes).
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Ás vezes, o melhor a ser feito é partir.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Para os descomplicados

Bom Dia....
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Bom dia pra você, leitor, que gosta das coisas simples da vida! Que não complica o óbvio, não se sabota diariamente, não se auto enrola ou entorpece. Bom dia pra você, leitor não dislexo, não daltônico, ou, ainda, não portador da síndrome do contorcionismo. Bom dia pra você, leitor que valoriza e opta pelas coisas descomplicadas do universo - o meu sincero BOM DIA! (e a minha inveja...).

quarta-feira, 16 de março de 2011

Oráculo de Sofia: dicas para encontrar o "não homem" da sua vida!

* Menino de Petra. Úrsula Iglesias.
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Você é bonita e interessante. Bem sucedida ou não, o importante é que dentre as mulheres de todo o mundo você se destaca como protótipo de "mulher especial". A verdade é que você tem um Q a mais, que pode ser o seu natural sexy appeal, ou , talvez, sua aguçada criatividade e percepção para coisas inexplicáveis. Pode ser, ainda, devido a sua facilidade para leitura de mãos e Tarô, ou, quem sabe, a sorte de ter nascido inteligente, num país em que mulheres ainda são, infelizmente, idealizadas como comerciais de cerveja, pra não dizer pelo tamanho da bunda.
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Sendo você esta mulher incrível, acredito eu, o que faz de você uma solteira, visto que poderia escolher agora mesmo, num passe de mágicas, o homem certo para a sua vida?
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Bem, queridas, a resposta correta é: o homem certo para sua vida, na verdade, é o homem errado. Entendeu alguma coisa? não? Então vamos aos fatos. Confira a seguir dicas para identificar o homem certo, e, após fazê-lo, entender de uma vez por todas que é do errado mesmo que você precisa!
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HOMEM CERTO 1: "Os opostos se atraem".
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Você é corinthiana e ele palmeirense. Ele é cruzeirense e você atleticana. Enquanto você é capaz de passar horas a fio naquela festa badalada, ele gosta mesmo é de jogar xadrez com o avô. Você é uma matraca de primeira, enquanto o rapaz é discreto e contido. Esta diferença entre vocês fazem com que se apaixonem perdidamente, levando-os a acreditarem, enfim, estarem diante da pessoa "certa", como um complemento. Vocês começam a namorar e de repente se dão conta de estarem já morando juntos, apropriando-se, antropofagicamente, das características que são de um ou do outro.
CUIDADO: Relacionamentos assim só tendem a funcionar em "Eduardo e Mônica". O homem errado da sua vida nunca será tão diferente de você, a ponto de fazê-la abdicar daquele seu "defeitinho" em prol de uma vida mais saudável! Depois do quinto ano de casamento, você perceberá que perdeu a sua identidade, e de que não é mais aquilo que você é, senão a cópia daquilo que ele é. É clichê, mas o fato é que o homem errado da sua vida gostará de você ainda que você seja louca, fumante, sonâmbula, e apaixonada por New kids on the block.
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HOMEM CERTO 2: "Alma gêmea".
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Vocês ficam sem esperar nada um do outro, até que um dia se dão conta de serem extremamente, digo, EXTREMAMENTE parecidos. O que poderia se desenrolar numa boa amizade é ofuscado pelo sentimento amoroso, que se desenvolve devido a tamanha sintonia! Quando você imaginava ser a única pessoa no mundo apaixonada por "A lagoa azul", você conhece um cara que além de adorar "A lagoa azul", tem o DVD original de "A lagoa azul II" ! Quando saem juntos para comer um lanche, ambos não podem se deliciar com aquelas dóceis "bisnaguinhas" de ketchup, mostarda e maionese, porque AMBOS nunca na vida aprenderam a abri-las! Tão pouco quando já estão semi abertas. Ele responde suas mensagens quando você pensa "Nossa, ele ainda não respondeu minha mensa...pi pi pi pi! (AVISO DE RECEBIMENTO DE MENSAGEM)".Você consegue prever por quais mulheres ele se interesserá e a trairá, caso venham a se casar, porque seriam as mesmas mulheres por quem você se interessaria caso fosse lésbica! E sim: ambos têm em comum coisas estúpidas como o mesmo número da sorte, o mesmo preferido diretor de cinema, o mesmo vício, o mesmo jeito de caminhar "atropelando" a pessoa à direita. CUIDADO: Relacionamentos assim só tendem a funcionar mesmo em "A lagoa azul". A longo prazo, caso venham a morar juntos, vocês se tornarão tão companheiros, tão afins, tão felizes, que não terão mais o que descobrir de novo no outro. Você sempre saberá com quem e quando estará sendo traída, e ele, por sua vez, sempre saberá aquilo que você pensa antes mesmo de você pensar. É clichê, mas o fato é que o homem errado da sua vida DEVE saber abrir uma bisnaga de ketchup, caso você não o saiba, afinal de contas, quem o fará para os futuros filhos de vocês? A amante? (Não querida....você não quer isso...).
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HOMEM CERTO 3: "O Deus sol."
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Ele é lindo, perfeito, rico, não tão inteligente quanto os anteriores, mas tem um corpão e é muito bom de cama. Em algumas semanas você se dá conta de já estar mais que obsecada pelo rapaz; você não o tira da cabeça e se torna capaz, inclusive, de abdicar dos seus seriados preferidos (Simpson´s, CSI Miami, Lost) apenas para estar na companhia dele, assistindo programas sobre fisiculturismo pelos quais ele é obsecado. Ele é tão bonito, mas tão bonito, que você acredita ter tirado a sorte grande, isto é: torna-se alvo de inveja de todas as suas amigas e principalmente daquela sua "amigazinha chatinha" que você finge engolir. Só para melhorar, o rapaz também parece ser apaixonado por você: envia flores semanalmente e te compra roupas de marca. CUIDADO: Relacionamentos assim só tendem a dar certo em Malhação. Depois de dois anos morando juntos, a paixão se esgotará e você se dará conta de estar dividindo seus dias com um cara perfeito, mas que de tão perfeito, não faz de você uma pessoa melhor. Não se trata aqui de um "Narcíseo" ruim; não! Ele é o cara CERTO...gosta de você, inclusive, mas após o fogo da paixão, às vezes mais passageiro do que se espera, o que há de restar? Sobre o que vocês conversarão daqui a 40 anos, ou quando você estiver com dores crônicas de cabeça?
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HOMEM CERTO 4: "Reinaldo G..."
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Este aqui é o homem dos sonhos: Inteligente, bonito, cheiroso, charmoso, atencioso. Gosta de você, tal qual você é, embora sempre tenha em mãos algumas dicas extraordinárias sobre como deixar seu cabelo mais bonito e sua pele mais macia! Um verdadeiro gentleman! Conhece bons vinhos, fala seis idiomas, é sensível para música e artes em geral. É amigo de todas as suas amigas e sabe cozinhar como ninguém. Você sabe que a combinação entre vocês dois daria fruto a filhos maravilhosos, educados e saudáveis. CUIDADO: Relacionamentos assim só tendem a funcionar nas novelas das Oito! Este rapaz, por quem você se apaixonou, pode vir a ser um dos grandes amores da sua vida... um maravilhoso companheiro, sobretudo, AMIGO! Mas nunca, nunca mesmo o nosso "homem errado" em questão...pelo simples fato de que ele é GAY, e cabe a você, mulher moderna e auto suficiente, mostrar isso a ele!
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HOMEM CERTO 5: "Vinícius de Moraes"
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Este rapaz é o cúmulo da sensibilidade, embora seja de fato heterossexual. É extremamete carinhoso, extremamente: Manda-te flores diariamente, poemas, músicas. Escreve odes para ti à luz da lua e das estrelas, ou à luz das lâmpadas da sua casa. Ama o jeito como você se move, como você caminha, como você respira; ama o modo delicado como você faz coisas banais e singelas como....dar uma voadora em alguém (talvez você seja uma mulher praticante de luta livre, vá saber!). O rapaz certo número 5 idealiza todas as suas qualidades e defeitos. Tem certeza que está apaixonada? CUIDADO: Relacionamentos assim só funcionam na Literatura do século XIX. O carinha pode até estar apaixonado por você, mas não você por ele! Você está é apaixonada por você mesma, e pelo culto que recebe diariamente, tal qual uma deusa grega. EXPERIMENTE deixar que ele a veja fazendo "necessidades", caso decidam mesmo se casar! Relacionamentos assim são chatíssimos! O que vale mais, ser a musa de algum poeta ou a "mulher chata e mal humorada" do homem errado? Pode ser, inclusive, que ele não a ame: Pode ser que ele ame apenas o fato de "estar amando" alguém!
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Por fim, queridas leitoras, após compreender quão arriscado é se relacionar com os famosos "homens certos" das nossas vidas, agora já estamos prontas para o encontro com o homem errado, isto é, o "não homem" ideal.
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- Alguém viu ele por aí?
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- Oi?
Beijos do Oráculo!
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Dúvidas?
Conselhos?
Sugestões?
Repreensões?
Escreva-nos:
oraculodesofia@yahoo.com.br

Dohan Próprio-Essa madrugada

O Diário por Sofia

*Boba. Foto de Paulo Serra Guerreiro.
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Post inspirado no fantástico "O diário por Dohan" (Recomendo! Vide Abaixo!)
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Gente! É o seguinte: todo mundo sabe que sou uma pessoa discreta, não é? Tenho um Blog que talvez algum de vocês conheçam, mas não vejo necessidade em escrever sobre tudo o que me acontece, ou parodiar todas as coisas que desgosto ou desacredito. Denegrir a imagem alheia? Nunca faria isso com ninguém, imagina! Sei que aumento, mas não invento, e as pessoas de quem não gosto estão eternamente marcadas na minha lista "negra" ("....ah....que preconceito, por que não pode ser lista amarela?" - pensa o sujeito que não se dá conta de que esse "negro " pode se remeter a trevas, escuridão, obscuro, culturalmente marcado na Idade Média, não tendo assim nada a ver com questões raciais....) , não preciso expor certos sentimentos num rélis Blog, o que não é nada fino, não é genteeeeen? Datas? Lembro-me de todas! Não preciso de um Blog ou diário para lembrá-las....Sei de cabeça, de cor e salteado, como o dia 20 de março de 1999, dia em que eu.....enfim....
Gente, eu vou ler, então, um trecho do meu diário, pra vocês se darem conta do quanto sou discreta, e , sobretudo, quão emocionante tem sido minha vida nesses últimos dias...cola em mim!
Deixa eu só escolher um dia aleatório aqui, gentennn, hum...que tal...deixa eu ver...Ontem! Terça-feira, 15 de março de 2011.
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Querido Diário.
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Acordei ás sete da manhã. Acordei com aquela vontade de voltar a dormir e voltar a sonhar com aquilo que sonhara, seja lá o que tenha sido. Durmo. Acordo ás oito, lembrando que preciso, ainda, terminar o relatório que já estava pronto, isto é, formatá-lo e enviá-lo a L, antes das onze da manhã, como combinado. Antes de levantar da cama, penso em B, C, D e E; e em como seria feliz se não estivesse tão gripada, em como seria feliz se não estivesse desempregada; em como seria feliz se eu conseguisse tudo o que quero sem esforço algum, isto é: enriquecer sem ter que trabalhar. Penso em prostituição. "Não deve ser assim tão difícil, olha só a Bruna Surfistinha?". Mas, logo me ocorre a possibilidade de ter que satisfazer certas fantasias sexuais masculinas, as quais eu não conseguiria, nunca, como por exemplo, vestir-me de dentista ou periodontista mulher! That´s it, baby! Tenho SIM trauma de dentista, é tão óbvio, não? Odeio dentista, odeio meus dentes, sobretudo meu dente superior frontal esquerdo. Em seguida, recordo minha dentista, linda, rica, inteligentíssima e maravilhosa, cujo namoro acabara de terminar e que passara o carnaval em Ouro Preto, cidade na qual eu também estava. Após anos de namoro, morando junto com o namorado, eis que me aparece a menina solteira, na cidade de Satã, com aquela frase típida das pessoas recém solteiras..."Ah Sofia! Tem gente que termina depois de 50 anos de casado, o que são 10 anos?". Não me felicito com a desgraça alheia...mas, dou-me conta de quantas possibilidades o mundo nos reserva, o que me estimula, depois de tudo isso, a levantar-me da cama por volta das nove e começar a formatar o relatório.
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Vou ao banheiro. Lavo as mãos. Faço xixi. Dou a descarga, sentindo que faltava alguma coisa pra ser feita, mas devia ser só impressão mesmo. Lavo as mãos. Escovo os dentes. Uso o fio dental (não a calcinha, claro). Escovo, de novo, os dentes - completando assim meu árduo ritual de higiene bucal. Vou à cozinha. Não tinha pão, não tinha bolo, não tinha biscoito, tinha fruta - mas eu não como frutas, o que explica em partes meu péssimo funcionamento intestinal. Mal humorada, tomo café, com exatas sete gostas de Zero cal, sete, sempre sete, o número da perfeição. Volto ao banheiro, re-escovo os dentes. Meu pai acorda e diz "Você não sabe fazer outra coisa que não escovar os dentes?". Acreditando que não, apenas respondo "Bom dia!". Minha mãe já estava acordada, há tempos, jogando Mini fazenda no computador do meu pai. Imagino, num devaneio, quão divertida será a minha vida daqui a vinte e oito anos, sozinha, sem netos, sem cachorros. Fico deprimida. Entro no Blog. Entro no MSN. Entro no Orkut. Entro no Facebook. Entro no Twitter. Ouço aquela música "Adarghal", daquele cantor "Abdeli", da trilha sonora daquela novela "O Clone" - a que está sendo reprisada na "Vale a pena ver de novo". Aliás, eu emprestei, na época, o meu cd da trilha sonora internacional para alguém que nunca mais o devolvera. A música do Norte da África me enche de alegria, fazendo-me sair pela casa afora dançando como uma odalisca. É dessa forma, por volta das dez, que meu humor já volta ao normal, e eu começo a formatar MESMO o relatório.
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Sento-me diante do computador. Abro todos os arquivos referentes à pesquisa, e dou início, naquele instante, a um trabalho de Ninja: leio todo o relatório, modificando todas as incoerências textuais e não textuais, toda falta de coesão. É quando me deparo com um inimigo terrível: as normas da ABNT! Até o ano passado, quando tutora, não tinha problema com essas normas, mas um ano depois, não tinha idéia se houvera modificações consideráveis. Tenho pouco tempo. Penso em sentar (ops! já estava sentada...). Penso em deitar e chorar. Saio pela casa dançando como uma odalisca, a fim de não me deprimir, quando me ocorre a brilhante idéia de ligar para alguns de meus amigos, também ex tutores. Ligo para G, H, I - nenhum deles me responde. Penso em B, minha melhor amiga, mas ela devia, pelo horário, estar trabalhando. Envio então, com muito sacrifício, uma mensagem para D, pai imaginário dos meus filhos imaginários, quem me responde prontamente afirmando não dominar as tais normas. Movida pelo espírito de porco, entro no site da ABNT e pesquiso. Entro n´outro site e pesquiso e por fim termino o serviço sujo. Após fazê-lo, envio para meu orientador, às onze, como combinado, porém, sua caixa de email, cheia, não recebe o meu relatório! Movida por uma indignação inescrupulosa, penso em deitar e chorar muito, de raiva, mas opto por sair pela casa afora dançando como uma odalisca. Ligo para J, secretária de L, quem me passa um outro email do mesmo, para qual envio o relatório. Já é meio dia.
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Almoço arroz e Mini chicken sadia. Fumo dois cigarros; nem mais, nem menos. Escovo os dentes. Dessa vez, não uso fio dental porque estava muito atrasada. Quanto às demais necessidades orgânicas, nada de novo de baixo do sol. Atrasada, nervosa, não tomo banho também. Levam-me até a minha segunda casa, onde encontro L.
[Resolvi suprimir essa parte do diário por motivo de força maior...]. A minha vontade é a de sair por aquele corredor dançando como uma odalisca, mas eu não posso. Resignação. Imprimo o relatório, L o assina, eu o entrego, e já está! Sinto-me como se acabasse de parir e não tivesse o pai do meu filho a meu lado, apoiando-me;ou, ainda, como uma criança cujas primeiras fezes são censuradas pelos pais - segundo Freud.

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Chego às 16:30 para a aula de LIBRAS, após uma semana de ausência. A sala está cheia, repleta de engenheiros, historiadores, físicos, educadores físicos(?). "Melhor assim"- penso. A professora é uma fofa, muito gracinha, super expressiva...o que me leva a pensar se eu teria competência para a língua de sinais, tal como ela, visto que não sou fofa, gracinha, tão pouco expressiva. Ela usa um vestido preto lindíssimo e uns colares muito legais. Enquanto aprendiamos o alfabeto de sinais, sinto uma imensa vontade de rir. Não por falta de respeito, mas sim, por saber que estou ridícula e que minha mão está toda pintada à tinta azul. Uma menina a meu lado, tão "escrota" quanto eu, diz: "Ei, psiu! não te dá vontade de rir? Risos, risos, risos" - enfim, o gelo se quebra. A aula é muito legal e eu saio de lá encantada por ter aprendido, ao menos, a perguntar para um menino "Qual curso você faz?" - soletrando. (Soletrando?).
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Ainda na Universidade, ligo para B, minha melhor amiga, a quem não via há tempos. Marcamos no barzinho local, para colocarmos as fofocas em dia. Assunto? Homens, claro... Ela me conta suas últimas experiências afetivas, assim como eu. Conto a ela a minha última experiência afetiva mais significativa, a do carnaval: uma pessoa fofíssima e maravilhosa quem já conhecia, mas que parece estar "apaixonadozinho" por mim! Engraçado como essas coisas me acontecem no carnaval, e SÓ no carnaval. Acho que carnaval é beijar na boca e tchau...não gosto de ninguém no meu pé, não gosto de nada sério ou "profundo", a menos que seja um acontecimento extraordinário, o que nunca me ocorreu. "Estou numa fase masculina" - disse. "Não quero me envolver" (TCHARANNNNNN!). Ao proferir "Não quero me envolver", dois arcanjos, Miguel e Gabriel, descem do céu tocando baixo e guitarra respectivamente, naquele solo de "Smells like teen spirit", do Nirvana, música qual não me saia da cabeça enquanto esperava pelo ônibus na rodoviária de Ouro Preto, semana passada. "Mas você não quer um namorado?" - perguntou-me B. "Sim....quero um namorado, mas até não encontrar a pessoa certa, quero não envolvimento com as pessoas menos certas" (para mim não existem pessoas "erradas". Eu sou a pessoa errada de todas as minhas relações...).
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Nosso amigo M, aliás, amigo de quem muito gosto, chega em nossa "mesa" falando sobre as últimas dublagens japonesas quais assistira. Falo daquelas dublagens engraçadas e sem significado algum. Como estava com meu computador, contenho meu desejo imenso de colocar a tal música do Norte da África e dançar como uma odalisca no DCE, e, em prol do meu amigo e do meu prazer pessoal, busco vídeos no youtube para assistirmos juntos. Após meia hora de riso infantil, minha amiga e eu vamos para um bar de verdade, tomamos cerveja, fumamos um cigarro (porque parei de fumar) e decido ir embora. "Já?", "Já!".
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Chego em casa. Meu pai assistia TV. Minha mãe fora para a casa de sua irmã, a fim de resolver os problemas de sempre. Banho-me. Escovo os dentes. Uso fio dental. Re-escovo os dentes. Visto um pijama, velho. Danço como uma odalisca pelo quarto, pela última vez no meu dia. Entro no email: nada. Entro no Orkut, no Facebook, no Blog , no Twitter e no Skype. Fico deprimida, por me dar conta de que estava com saudade de D. Vontade de contar a ele todas as pequenas e estúpidas coisas do meu dia; vontade de saber o que tinha feito de bom, ou de ruim...essas coisas sem muita utilidade ou significado. Esperei. Após horas...(mentira, minutinhos) de espera, decido levantar a poeira e fazer algo que me trouxesse uma felicidade mínima. Escrevo no Blog sobre o meu encontro com um ovo; na verdade, o ovo não passava de mim mesma, como se estivesse vazia e oca no dia de ontem, tão cansativo e ao mesmo tempo tão ...oco. Assisto o documentário "The secret", após dois anos de relutância, apenas porque fora emprestado por minha melhor amiga. Acredito em quase tudo o que disseram, porque de tudo já sabia, desde quando tinha dez anos e comprei o meu primeiro manual de magia, na banca de jornal que ficava de frente pro meu colégio. "Talvez eu consiga enriquecer sem me prostituir ou trabalhar, apenas através da lei da atração...." - penso, antes de dormir.
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Vou ao banheiro. Faço xixi. Volto para o quarto e ouço "Luna", daquele cantor italiano Alessandro Safina, cuja música também é tema da novela "O Clone" (Cadê o meu cd???). Pergunto-me o porquê dos homens italianos serem tão bonitos (como o próprio Safina...será ele gay?), e sinto uma felicidade imensa apenas por lembrar que tenho família na Itália, isto é, quando decidir, um dia, passar férias por lá, a estadia será um gasto a menos. Lembro do meu primo italiano, Stefano, tão lindinho e que deve ter hoje seus vinte e três anos. Lembro-me ,sobretudo , de que ele é meu primo de terceiro ou segundo grau..... Antes de deitar, dou uma conferidinha nos aplicativos todos virtuais, desligo o computador e resigno-me por fim. Ainda naquele instante, lembro -me de minha amiga e eu conversando sobre as árvores macho e fêmea do DCE; sobre uma árvore judia macho "circuncizada" que lá habita, pegadora de todas as árvores fêmeas daquele micro espaço.
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Durmo. Sonho com O. É incrível como sempre sonho com O!!! Uma pessoa que não faz parte dos meus pensamentos diurnos normais. Tenho medo de contar isso a meu psiquiatra...(Será isso um ato falho?). Acordo. Mais um dia a minha espera. A primeira coisa em que penso, no dia de hoje, é: "Quero dançar como uma odalisca até às duas da tarde".
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Bom gente! Esse é o meu diário. Dúvido que alguém de vocês terá coragem de lê-lo até o fim! Quem conseguir, por favor, deixe um comentário!
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Boa tarde!!!

O diario por Dohan

terça-feira, 15 de março de 2011

Assombro


*Embryo. Foto de Nuno Freitas.
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Fim de tarde, deparei-me com um ovo à deriva, exigindo-me atenção e tato.
Horas a fio de prolongada conversa, mim e o ovo, enquanto o relógio da vida fazia tic-tic-tic-tac e eu, tão pesada, perdia mais um trem.

"Ops!" - exclamou o ovo, imaginando que me fizesse parar, eu tac-tac-tac-tic.

Nada mais assombroso que um ovo oco numa tarde de terça.

domingo, 13 de março de 2011

Inara George - "Bottlecaps" - Live at The Bootleg Theater

HORA DE MORFAR...

...porque amanhã não será uma segunda-feira qualquer;
mas sim, a primeira segunda-feira do meu último período como graduanda em Letras pela Universidade Federal de Viçosa!
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Hora de morfar??
Bons recomeços a todos vocês!

Masoquismo particular

*Cansaço feliz. Rute Violante.
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"Acho que todos nós somos
um pouco como Dom Quixote:
certas ilusões são mais
fortes que a realidade".
Marcelo Mastroianni
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Querido Leitor,
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Estou curtindo, ainda, minha ressaca pós carnaval: gripadíssima, dores por todo corpo, dores de cabeça, dores nos pés, dores na garganta e ouvido, rouquidão, entre outras! Sem contar a preguiça de recomeçar - esse recomeço inadiável, inevitável, ritualisticamente iniciado pela arrumação do meu guarda-roupas, a qual comecei ontem, mas ainda não dei fim.
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Não preciso nem sequer lembrar daquele relatório...o qual necessita de uns retoques finais, a fim de ser entregue amanhã!! Amanhã... amanhã tudo volta ao normal! Hoje me darei o direito de passar o dia em casa, á luz de velas (porque amo velas), ouvido Etta James e esperando pelo milagre de todas as coisas, de todos os dias, que não vêm.
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Apesar da dor, meu carnaval foi ótimo; fantástico! Pessoas interessantes, momentos engraçadíssimos, riso, gente bonita...um pouco estressante, mas isso faz parte do pacote de uma pessoa como eu, que não suporta coisas perfeitas por demais; isto é, uma jovem ranzinza e casmurra!
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"Tudo vale a pena se a alma não é pequena" - já disse Pessoa, tão masoquista quanto todos nós; tão humano quanto todos os masoquistas, crentes na sublime invisibilidade dos dias.....Ai! (brega, não? eu sei!).
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OBS: Para os interessados em manter contato com o Sofia de Buteco, seja através de dicas para a melhoria do Blog, pedidos de aconselhamento para a coluna "Oráculo de Sofia", ou, até mesmo, reclamações, processos, censuras e afins, escreva-nos: oraculodesofia@yahoo.com.br.