sábado, 5 de fevereiro de 2011

Dos males? Que venha (logo) o maior!


Oh Lord, won't you buy me a night on the town?
I'm counting on you, Lord, please don't let me down
Prove that you love me and buy the next round
Oh Lord, won't you buy me a night on the town?
(Mercedes Benz - Janis Joplin).

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Querido Leitor
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Após um surto psicótico, decidi fazer uma viagem de dez dias a São Paulo - a minha terra das palmeiras, onde não canta sabiá algum; as aves que aqui gorjeiam são mais bonitas que as de lá, sem dúvida! Mas, sinto falta da Bilings a minha janela, com seu brilho oleoso, cheiro nefasto e corpos à deriva; falta do barulho do autódromo irritando-nos ao longo do dia; da Zona Sul dos meus manos, pirueiros e pagodeiros; Meu shopping Interlagos, ex-coquinho. Quem precisa de pássaros para ser feliz?
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Desde que me mudei para Viçosa, Minas Gerais (uai!), fui somente 4 vezes a São Paulo:
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- Outubro de 2004: Quando fui convocada a passar os últimos dias de vida do meu irmão, Cleiton, a seu lado;
- Abril de 2005: Ida secreta a São Paulo, somente para o show do Hanson...(O que era um segredo de estado até a manhã de hoje);
- Janeiro e Fevereiro de 2006: Após ter passado no vestibular, já me sentia confortável para responder a meus amigos "O que enfim faria da vida"; e, sendo assim, passei dois meses por lá.
- Julho de 2008: Com meu ex de número 3, em São Paulo e Ubatuba.
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Com a superação de alguns traumas particulares, passei três anos sem ir a São Paulo. Desde o início do ano passado, tenho planejado (mentalmente....) essa viagem. Após saber das gravidezes, futuros casamentos, passados casamentos e derivados de meus amigos mais próximos, decidi fazê-la no início desse ano. Mas, a preguiça...a falta de dinheiro....e tempo....impediam-me de pensá-la com mais concretude. Recentemente, devido a outros motivos de força menor, penso: "Vou! Dos males? Que venha (logo) o maior!".
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Males? Sim! possíveis complicações, dores de cabeça e insatisfações:
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"Male" n°1) Não tenho dinheiro. Meu dinheiro, no sentido literal, será usado para passagens e presentes para meus "sobrinhos", "afilhados", além do doce de leite, que não pode faltar (o qual acho que comprarei em qualquer quitanda de São Paulo, para economizar cansaço e costas! Quem vai saber?). A mim foi feito um empréstimo familiar, sem juros, para custeio do todo.
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Aos leitores e fãs do Sofia de Buteco afim de colaborar com uma ajuda de custo, enviem um email para: oraculodesofia@yahoo.com.br, que, certamente, e sem orgulho algum, entrará em contato!
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O fato é que será uma viagem para reencontros, porque não tenho grana para "nights", como já avisado a meus amigos. Até então, só uma noite de Zouk com um amigo já programada! Vamos ver o que mais há de acontecer. Mas sim: não dispenso programas diurnos...Quero ir ao museu de Língua Portuguesa, ao cinema, ao shopping, ao Ibirapuera (talvez), à Liberdade, que amo!
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"Male" n°2) Recentemente, combinava com outro amigo uma ida a um barzinho na Faria Lima...quando, de repente, eis que ecoa dentro de minh'alma: "Faria Lima...Faria Lima...Faria Lima??"
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- Nem lembra onde fica! putz! - disse o amigo.
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A verdade é que nunca conheci São Paulo, mas porque mal conheço meu próprio umbigo! Até hoje não conheço todos os prédios e departamentos da UFV, tão pouco sabia o que era balaústre. Vivo numa bolha e só pareço não alienada porque Deus quis. Mas adoro me perder! Sempre andei por São Paulo, sozinha, desde adolescente.... (na época do Hanson, um dia conto mais sobre isso!) quase como uma bandeirante paulistana desbravando a terra da garoa! Já viajei muito por aquele lugar, mas nunca, nunca mesmo, peçam-me informações sobre coisa alguma ou referências! Minhas únicas referências são: o autódromo de Interlagos e o Borba Gato (uma referência psicológica, na verdade).
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Tenho amigos que moram em cantos diferentes da cidade! Para esta viagem, fiz um recorte e pretendo ficar mais próxima de onde morava, com meus amigos de União (escola), adolescência e etc. Acho que é isso....É isso?
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"Male" n°3) Assalto? Nunca fui assaltada em São Paulo. Quase todos os meus amigos já. Meu pai quase morto uma vez.
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O "male" em si não é o assalto, até porque acho tal visão muito preconceituosa, "turística", da qual não compartiho. Passei a vida toda em São Paulo para ser assaltada em Juiz de Fora! E aí?
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O "male" é o meu deslumbramento! Uma vez, em São Paulo, em frente a um mercado perto do "meu" colégio, ocorria um assalto em uma van. Passei em frente ao ocorrido, no exato momento. Ao notar toda aquela "muvuca" de gentes, senti-me instigada a ver o que era, pessoalmente, com meus olhos oblíquos e dissimulados. Dando-me conta do assalto, porque vi um jovem armado, (infelizmente um jovem....), pedindo a todos que deixassem o carro, ao invés de sair correndo como uma pessoa normal, fiquei paralisada observando a cena por minutos, até que minha ficha caísse. Após a queda da ficha, sai caminhando nervosamente, lamentando o porquê de ter nascido tão sonsa.
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Uma vez, no meu bairro, fui a primeira a ver um corpo estendido (morto) ao chão. Também por deslumbramento, fiquei observando o rapaz por minutos. Acabara de ser morto, de modo que fui a primeira a vê-lo ( junto de um homem "especial". Aff....isso merece um post à parte...sobre essas nomenclaturas todas.). Como quase sempre acontece, tenho uma falta de sensibilidade nata para o perigo.
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Talvez essa falta de sensibilidade advenha do meu conhecimento prévio de mundo. Nesses poucos anos de vida, já convivi com todo o tipo de pessoa, de todas as classes sociais, profissões, nacionalidades, orientações, religiões, erros e acertos. E por isso, afirmo: não existe maldade ou bondade, mas sim, contexto. Somos mais parecidos, todos, do que pensamos.
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"Male" n° 4) O tal do sotaque. Não há nada mais chato que piadinhas! Levo na esportiva, mas a verdade é que me irritam profundamente. Sim! Ainda tenho o "r" híbrido - às vezes sai porrrrrrta, às vezes pohta - mas o grosso, amineirei! Falo "uai", "Aqui", "moço", "Ei". Deixem-me em paz!
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O engraçado é que os palavrões e conversações tensas e raivosas ainda saem apaulistanadas. Toda vez que sinto ódio mortal por alguém ou circunstância, sou conduzida a meu dialeto materno novamente, em sua pior variante: "meu", "meu", "Meu, como assim? Você não tá me entendENdo, você tá me entendENdo?";
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"Male" n° 5) O male número cinco é uma abstração, embora quase certa. Na verdade, certa. Sei que vou passar alguns momentos de raiva, porque me conheço bem, há vinte e poucos anos.
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De qualquer forma, entre a dúvida e a possibilidade, sempre opto pela linha que conduz de uma a outra.
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Há certos males, querido leitor, que nos exigem presença, visão e contato, para uma digestão mais rápida, definitiva e eficaz. É por isso que me f** em quase tudo o que faço, devido a minha impulsividade. Mas, ninguém morre desse mal.
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Dos males? Que venha (logo) o maior!
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"Quebrada", desorientada, sonsa, orgulhosa e impulsiva! Quem disse que felicidade tem que ser azul? Minha felicidade é ansiosa, humana, cheia de "pode me tocar". Felicidade medrosa, boba, e com tino natural para maldadezinhas. É uma felicidade infantil e por isso nunca se esvazia. Seja aqui ou ali. Minas, São Paulo, meu coração, minha Faria Lima: minhas palmeiras.
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Boa Tarde!

2 comentários:

  1. Concordo comtigo dos males que venha logo o maior se é que existe o maior. Pra falar a verdade numsei se a vida seria tao engraçada se não passasemos por tantos perrengues que historias iríamos contar do que iríamos rir acredito nos males necessários .


    Parabens pelo Blog

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  2. Hahah...é verdade...certos males estão mais pra comédia que pra tragedia!
    Valeu João, pela visita!!!!!
    Beijoo

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