quarta-feira, 23 de maio de 2012

Clareando

Fonte: http://www.beingll.com/wordpress/
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E da janela
Desses quartos de pensão
Eu como vetor
Tranqüilo eu tento
Uma transmutação...

Oh! Oh! Seu Moço!
Do Disco Voador
Me leve com você
Prá onde você for
Oh! Oh! Seu Moço!
Mas não me deixe aqui
Enquanto eu sei que tem
Tanta estrela por aí...
(S.O.S - Raul Seixas)

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Imagine você, querido leitor: Abandonei o hábito da escrita "bloguística" após um longo período de transmutação. Sim! Ao experenciar um produtivo período no que diz respeito à escrita acadêmica, cérebro e compartições neuronicas entraram em colapso. Atualmente, nem-artigo-nem-email-nem-nímero-de- telefone. Sinto-me frustrada, como artista decadente. Só me falta a arte.
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 "Automatico mode-on, logo existo" - é o lema da vez.  "E o mestrado, como fica?" - Você me pergunta. Fica. Pior do que tá.
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Ando me perguntando sobre as voltas que o mundo dá; também sobre o modo mais adequado de se fazer escolhas. Não me proponho mais a solução das coisas, senão escolher entre o "pior" e o "menos pior". 
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- Pior é nada - disse uma amiga.
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Meu namorado me chama de empanada às vezes (tradução para o que seria "pamonha"). De fato, pamonha é um pouco forte, acredito que queira dizer que tenho um leve senso de "não senso" das coisas burocráticas da vida. Um leve distúrbio que me foi dado a fim de equilibrar minha beleza natural e excesso de sorte. Todas as vezes em que o diz, imagino-me vestida de esfiha de carne. Não sei qual a associação: empanada-empada-esfiha-Síria-Líbano. A mente humana é um labirinto.
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Não estou feliz nem triste. "A cada segundo basta o seu mal" - parafraseando Paulo. Se posso dormir mais cinco minutos antes do trabalho - é a felicidade que se instala. Se posso degustar um pouco de café antes daquela aula, é a felicidade que me vem. Se posso ler - entre uma critica e outra - qualquer palavra gratuita solta no universo, já me sinto leve outra vez. Meço a vida assim. Também o segundo de riso compartilhado acalenta o espírito: assim medimos o amor, que nada mais é que isso...um aglomerado de segundos que tecem uma história feliz ou triste, que quase sempre termina com alguém que se f*.
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Em tempos de greve, pergunto-me se esse é o melhor formato que damos as nossas intenções. A causa é justíssima, e digo também como membro da classe de professores desse país.  Mas queria mesmo é a união de todos os seguimentos. Depois que passei a trabalhar com o ensino fundamental, em uma cidade pequena como a minha, percebe-se como existe um abismo entre o professor da educação básica e o professor universitário. Quase dois mundos diferentes. Ao me dar conta de que seria professora, sonhava em ser um exemplar versátil de educadora, dessas com experiência de ensino médio à graduação; extensão-pesquisa e ensino. Tudo é a mesma cosmovisão. Tudo é humano e necessita cuidado. Qualquer forma de protesto deve levar em consideração todos os ambitos: levar o povo à rua, irmos às ruas...
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Morro de inveja de minhas amigas e conhecidas que vivem felizes em seus gabinetes executivos ganhando rios de dinheiro. Não nascem para protestar. Deus me deu um bom timbre de voz, boa saúde, e fé nas pessoas. De fato, todos nascemos para protestar, todos somos brasileiros. Melhor: somos de carne e osso, todos, então retiro o comentátio improprio. Ao compartilharmos do mesmo ar, somos responsáveis pelo andamento do mundo. É por isso que, respondendo aquela pergunta, literatura não faz ninguém feliz: porque como toda arte, é feita pra libertar.
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Felicidade é o que sinto agora.
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Tenho conhecido tanta gente bonita e interessante, que me da até gosto. Tanta gente jovem e talentosa. Tanto educador bom, comprometido com "a causa", que gosta do que faz. Realizamos uma semana de Literatura no colégio em que trabalho e, sinceramente, o que mais apreciei foram os trabalhos do broto, isto é, dos filhotinhos. Que Deus dê vida longa às educadoras infantis, pedagogas e professoras do ensino básico - além de bons salários e condições de trabalho. Porque tudo é a mesma cosmovisão.
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Depois de seis anos de espera, finalmente o show: Los Hermanos. Pensei que fosse morrer sufocada entre aquele batalhão de gente, por pouco não vomito também - como a menina ao lado. Mas a felicidade insiste em bater. Há tempos não ouvia nada tão fantástico como o instrumental de "Além do que se vê", "Conversas de bota batidas" e todas do primeiro album. O coro de "Mais uma canção" quase me fez chorar, além da "Adeus você", que bem ou mal, sempre é motivo de lembrança. 
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Também Belo Horizonte me impressiona, cidade bonita é aquela: viveria ali feliz da vida. Ou não.
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Porque felicidade não depende de lugar: ela vem, clareia, e morre.
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