segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Curso de Inverno 2009 (Quebra - cabeça...)












Aconteceu entre os dias 18 a 26 de julho, na cidade de Belo Horizonte, mais uma edição do curso de inverno promovido pelo Instituto de Pastoral da Juventude (IPJ) do Regional Leste II. Quatro jovens da nossa arquidiocese participaram do evento: Douglas (Conselheiro Lafaiete), Iara, Jean e eu (Viçosa).


Foi uma experiência de re-encantamento, a qual me serviu como combustível e logo explicarei o porquê.


A princípio, eu não participaria do curso....em função de “n” motivos....dentre eles, pelo fato de não estar tão presente no contexto Pastoral da Juventude; não me sentia “apta” para participar desse tipo de evento....me sentia um tanto velha, se assim posso dizer...(não velha de idade, logicamente...). Graças ao incentivo da minha amiga Irmã Cleonice, mais conhecida como Cléo, leitora assídua deste Blog, conselheira para assuntos variados , assessora da Pastoral da Juventude, e, também, revisora textual , mudei meus planos - assim de uma hora para a outra, como sempre acontece na minha vida - e fui-me embora para BH junto de meus amigos.


Lá chegando, me senti, a princípio, como um peixe fora d’água: uma “tia idosa” no meio daquela meninada de 15, 16 anos!!! Mas, pouco tempo depois, não só pela chegada de pessoas mais velhas, da minha idade, mas sobretudo, pela acolhida e cuidado que tiveram conosco, pude me sentir em casa...(em casa MESMO leitores...rsrs).



Impressões

Gostei muito das palestras. De todas elas, diga-se de passagem. Também gostei muito da oficina que participei; dos momentos de celebração e de confraternização. Mas quero comentar aqui um pouco da impressão que tive das pessoas que conheci, da juventude com a qual me deparei.


Foi interessante perceber como as pessoas, e nós jovens principalmente, nos ligamos, criamos nossos grupos a partir dos laços de afinidade que estabelecemos uns com os outros. Havia nesse curso que participamos uma série de pequenos grupos de jovens, de “tribos”: grupos marcados por certas características particulares, que os distinguiam uns dos outros. Não eram grupos fechados, isolados feito ilhas, solitários; não! Os grupos se comunicavam, construíam laços de afeto, saiam de si: mas, ao mesmo tempo, mantinham-se ligados por laços de afinidade àqueles que lhes eram mais “parecidos”.


Observei, por exemplo, um grupinho de jovens que gostava de dançar street-dance, hip-hop e coisas do tipo; tratava-se de cinco jovens, três meninos e duas meninas, que não se desgrudaram ao longo do encontro inteiro! No início, pensei que já se conheciam de outros cursos, ou que fossem vizinhos; depois, nas minhas pesquisas orkutianas, descobri que alguns deles se conheceram naqueles dias. Mas como eram unidos! Assemelhavam-se no modo de se vestir de se expressar. Expressão, inclusive, muito bonita e “viva”, o que me fez criar um “puxa-saquismo” particular por esse grupinho..... Tudo era motivo de dança! Tudo era transformado em passo de “dança de rua”, “forró”, ou “axé”, desde um canto litúrgico até a dança do Créu.


Havia também muitas outras “tribos”: as dos meninos que “pagavam” de gatinho, constante alvo das perguntas “mal intencionadas” nas brincadeiras de verdade ou conseqüência; tribo de “pjoteiros” mais velhos, grupo mais diversificado mas que também se assemelhava pelo jeito de se vestir, e sobretudo pelas ideologias e linguagem verbal; tribo das meninas “chapadas” , isto é, aquelas que chegavam atrasadas nos momentos de oração inicial, mas que não deixavam de “chapar” a cabeleira; tribo dos favoráveis às discussões de gênero e homossexualismo; tribo dos tímidos, tribo dos “consagrados”, tribo dos “alternativos”, tribo dos homens encantadores, tribo dos sem-tribo....


Acho que ao longo da minha adolescência e juventude, já pertenci a algumas dessas tribos, embora hoje eu já não me reconheça mais em nenhuma delas. Não acredito que tais grupos possam ser classificados como rótulos; não leitores! Não quero rotular ninguém, mas gosto de perceber como é bonita a nossa diversidade, e como temos uma mania quase instintiva de procurar no outro um pedacinho de nós. Eu faço isso o tempo todo, embora não tenha mais tribo que responda por mim e pelos meus atos.


Também pude, neste curso, aprofundar um pouco mais a amizade e admiração que nutro por uma pessoa que já conheço há alguns anos. Uma jovem que , apesar de ser um pouco mais nova que eu, e com uma história de vida praticamente oposta a minha, carrega dentro de si algo com o qual me identifico, me reconheço, embora não saiba dizer o que seja....(talvez nem ela).


Amiga que partilhou comigo uma das experiências mais fortes que já vivi: a de conhecer um centro de internação para adolescentes e jovens “infratores”. Adolescentes e jovens marcados por um contexto de violência, à espera de uma segunda chance, de um carinho, de um amigo, de uma tribo.


Sim leitores! O curso de inverno foi para mim um combustível, trazendo para perto de mim uma realidade nada distante, mas que por vezes se esconde dos meus olhos em função do meu cansaço e das minhas desilusões. A sensação é de estar diante de um quebra-cabeça: algumas das peças me foram dadas nesse encontro, mas há milhares de outras esperando para serem descobertas, seja em lugares próximos e conhecidos, e, quem sabe, também em lugares distantes e inimagináveis.








3 comentários:

  1. Até que enfim, hem????? Rsrsrsrsrsr.
    Adorei o Irmã Cleonice - rsrsrsrs...
    Interessante a sua percepção das diferentes tribos presentes ali no C.I. É a realidade das juventudes estampada e vivenciada naqueles dias. Apesar de tudo havia um clima de união e de integração muito interessante.
    Que bom que a insistência deu resultados. Bom demais estar com vc nesses dias.

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  2. SAUDAÇÕES PERNABUCANAS......OXENTE que legal viu?? Viajei no seu blog, lembrei de tantas momentos que vivi no curso, cada palavra que foi dida por vc aqui!!! Você está de Parabéns por ser uma pessoa tão amiga, estilosa e muito inteligente (percebe-se) hehe

    Um grande abraço de uma pessoa que te estima muitoooo.....

    OBS: TEM UMA MÚSICA DE MARISA MONTE CHAMADA VILAREJO, QUE GOSTO BASTANTE E NÃO SEI POR QUE TODA VEZ QUE ESCUTO LEMBRO DE TI... :D

    Beijosssssss

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  3. Procurei por esta postagem hoje, quase um ano depois...
    e é o msm sentimento das outras postagens, msm sem viver momentos diarios com vc, sinto a sua presença.
    beijo bubiça!

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