domingo, 19 de dezembro de 2010

Desventuras e Gostosuras

Querido Leitor...
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Faltam exatos 12 dias para o fim de 2010...(Saravá!). Costumo me resguardar, nesta época do ano, como uma grávida à espera do nascimento do filho. Eu, tão pessimista e melancólica, sou acometida por uma súbita esperança e excesso de devaneio nesses dias, como se estivesse prestes a adrentrar na nova fase de um jogo já antigo, no qual me viciei há 25 anos.
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Acho o máximo a possibilidade de uma nova fase. Sofro por aqueles que não terão a mesma oportunidade, que tiveram suas potentes máquinas desligadas ao longo desse ano.Sofro pela minha sorte. Ao mesmo tempo, desejo intensamente um novo cenário para o desenrolar de tantas desventuras e gostosuras que só o jogo da vida pode oferecer.
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Desventuras e (ou) Gostosuras?
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O ano de 2010 me trouxe muitas novidades. Quantas coisas bizarras me aconteceram, as quais motivaram, da minha parte, um comportamento ainda mais idiota. Não posso me culpar:
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Seria o mesmo que culpar um sujeito epilético por ter uma crise de epilepsia durante o show do Paul Mccartney no Morumbi! Provavelmente, ele soferá alguns arranhões, pra não dizer que será pisoteado até a quase morte....além do trabalho que dará a seus amigos que estavam apenas afim de curtir o show - mas, não podemos dizer que a culpa foi dele! Ninguém pode ser culpado por ser aquilo que o é, em toda sua essêcia e falta de definição.
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Já para o show do U2, também no Morumbi, o mesmo sujeito já terá tomado todas as mais drásticas providências com o intuito de preservar a si mesmo e aqueles que o cercam! Afinal de contas: "de grão em grão a galinha enche o papo" (...não era esse o ditatdo popular que buscava; mas, acho que viver ultrapassa as máximas populares...deixemos a citação aí como artifício retórico....).
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É dessa forma que vejo 2010, como um prolongamento de 2009 e de todo o novo universo que estes dois anos gêmeos me trouxeram.
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Errei desgraçadamente; acertei graciosamente. Ficou a dúvida: Errei ou aceretei? Acertei ou errei? Como definir coisas óbvias, meu Deus do céu? É como definir o amor....alguém já disse: "Amanda...como definir quando o amor acaba? mal sabemos como e quando ele começa...". Dessa forma, é provável que sabendo o que sei hoje, errasse tudo exatamente igual... embora não goste de contar essas coisas às novas gerações de leitores que terão a certeza, a partir desse texto, de que certas coisas, por mais previsíveis, exigem o jogo tentativa-erro. É como uma novela do Manoel Carlos: não é porque já sabemos o previsível final que deixaremos de nos emocionar com os detalhes.
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A vida é o óbvio imprevisível.
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O que é a vida se não alguns momentos que ficam? nascimentos, mortes, casamentos, formaturas...alguns carnavais: o grande amor, a grande decepção, o grande encontro...o chegar atrasado naquela entrevista de emprego que modifica a existência dos seres. Tudo se resume, mas ultrapassa.
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Amei muito. A paixão é uma das coisas mais fantásticas que nos acontece em dias triviais: uma doença perigosa! Você fica cego, surdo, louco, possuído - não que estas coisas sejam ruins, exceto o ser "possuído" que pode ser assustador. Não me arrependo das minhas paixões; mas, talvez não as tivesse dado tanta corda....não sei.
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Desilusões? claro...sobretudo com algumas amizades. Ás vezes, a gente projeta a família que somos no outro e não recebemos a mesma sintonia. Ás vezes, somos um número, dentro de um dado espaço, mas custa acreditar. Ainda assim, ver as coisas como de fato são não deixa de ser a melhor alternativa. Fica a lembrança e aprendizado.
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Família: laço real que "está". Não foram poucos os barracos familiares que me ensinaram a valorizar as piores manias do ser humano. Porque a paixão é cega, mas o amor...este se revela sobretudo na imperfeição dos seres.
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Conquistas e (des)conquistas. Desde o ano passado, tenho buscado um foco acadêmico que nunca vem. Sei que melhorei muito, principalmente porque aprendi a ter paixão por aquilo que já estava em mim e eu não enxergava: agora é preciso dosá-la e discipliná-la.
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Foco me lembra amizade. Agradeço à vida pela possibilidade de tantos encontros.Tanta gente que me tocou e fez da ausência de sentido uma possibilidade. Quantas festas, dias de ócio, dias de lágrima, riso, sonho compartilhado, cerveja, sorvete, açaí (arght!): a amizade é a melhor coisa que acontece diariamente....
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Apesar da luz, temos os dias escuros. Mas sem os dias escuros, a luz não teria tanta importância. Sofri bastante com coisas que ainda me farão sofrer mais, apesar de que tudo tem um preço: também o acerto, também o fim - tudo o que nos faz felizes pode nos fazer sofrer, quando se muda o contexto e o foco narrativo! Tal qual um texto da Clarice...
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A luta. 2010 foi o ano das pequenas lutas; mas, as grandes, as grandes "causas" ficaram desavisadas. Preciso de um olhar que transcenda meus muros e vontades engavetadas, para o próximo ano.
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Saudade e abismo são quase sinônimos pra mim. O abismo do não estar com o outro, de se romper com o limite da espera ou do espaço físico. Odeio saudade! saudade me faz mal, faz com que fique ainda mais chata, ainda mais exigente com coisas que não dependem só de mim! Gostaria de ser um vaso chinês...
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Micos? milhares...milhares. Prefiro não comentá-los, gostaria de esquecê-los, mas sei que não passam da minha essência e falta de definição.
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Sonhos? Poucos! 2010 me ceifou muitas sementes; mas, virão outras, como um lixo que se recicla.
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Quantas desventuras que me trouxeram gostosuras; quantas gostosuras que terminaram em desventuras. Quanto samba, família, amigos, paixões, amores, conquistas, (des)conquistas ; e, o mais legal: um novo corte de cabelo!
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Cortei meu cabelo curtíssimo....e ficou ótimo! Mas, confesso: não há um dia sequer em que não tente prendê-lo com um elástico daqueles fininhos! Quero que ele cresça!!!!! quero que ele cresça rápido! Afinal de contas: entre o erro e o acerto, sempre fica a dúvida.
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No mais, minha dúvida atual se refere às coisas do além: quantas serão as fases do meu jogo, querido leitor? Espero que a próxima não seja a última! É preciso que eu aprenda, antes de desligar a tal máquina, qual é o nome da engrenagem que move todas as coisas....
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Qual é o nome da sua grande paixão, querido leitor?
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Boa Tarde!

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