segunda-feira, 13 de julho de 2009

Inventando Moda!


Havia lá pelos lados do Cachoeirão, cidade onde foram criados meu pai e seus oito irmãos, um jovem senhor chamado Antônio “peida” fogo. Não sei dizer a procedência do apelido bizarro; reza a lenda, contada por meu pai, que Antônio “peida” fogo, seu tio, isto é, marido da irmã do meu avô, costumava passar dias deitado na rede, de tempos em tempos, a fim de economizar comida: o moço, que vivia só – a esposa morrera ao dar a luz ao primeiro filho, quando “peida” fogo tinha apenas 23 anos – passava dias dormindo (cerca de três dias seguidos de tempos em tempos...) para não ter que comer e trabalhar. Meu pai conta também que esse costume nos foi herdado pelos nossos antepassados , os homens pré-históricos, que na dificuldade, ou preguiça de caçar, dormiam para não ter perda de energia.
Bom leitores...não sei informar a situação financeira de Antônio “peida” fogo: não sei se o moço – segundo meu pai, ele era relativamente jovem na época deste fato, 35 anos apenas - passava necessidade ou era apenas preguiçoso mesmo; ....não sabemos, infelizmente.
Mas..Antonio “peida” fogo, ou toninho “peida” fogo – para os mais íntimos e já me sinto intima desta triste figura, também um pouco meu parente – merece ser homenageado neste Blog, porque conseguiu driblar as adversidades da sua vida de forma criativa, isto é, inventando moda. Ta certo que passar os dias dormindo ao invés de encarar a vida não é um ato muito louvável; mas, creio que não podemos julga-lo. Não sabemos o que passava dentro de sua alma, e tão pouco se esta figura realmente existiu; pode ser apenas um mito, desses criados pelas famílias afim de mumificar seus mortos e cultuar suas histórias.
De qualquer forma, o apelido Antônio “peida” fogo por si só já é digno de homenagem....que escreva o primeiro comentário aquele de vocês que conhecer ou tiver um amigo com um apelido mais feio .......
Enfim: voltando leitores. Há certas situações na vida as quais nos restam apenas “inventar moda”: situações extremas onde não há nada o que fazer além de apelar para aquela boa idéia, que geralmente não vem, ou inventar aquela desculpa de “joão sem braço” típica...(esta é a expressão popular de que mais gosto na Língua Portuguesa....).
Vejamos o que aconteceu a uma conhecida minha.
Minha colega do curso de Letras, vou chamá-la aqui de Leila, nome fictício, estava no banheiro feminino com uma amiga e, enquanto fofocava, penteava-se e fazia essas coisas que nós mulheres fazemos, proferiu a fatídica frase: “ Nossa! Agora vou ter a pior aula de todas, Hebraico II !!! (disciplina fictícia...), ninguém merece aquela professora nova...aff....”. De repente...dentre uma das 5 “cabines” do banheiro feminino (vou chamar cabine porque não tenho um nome melhor...aceito sugestões!!), eis que sai de lá, após fazer suas necessidades fisiológicas, nada mais, nada menos que a nova professora substituta de Hebraico II do Departamento de Letras da UFV no ano de 2007 (para aqueles que se interessarem pelo caso...eis a dica!); vou chamá-la aqui de Dave.
Leila, desesperada, conseguiu sair a tempo do banheiro sem que Dave visse seu rosto, MAS, sua amiga, sem entender o que ocorrera gritou desesperada por seu nome: “Leilaaaaaaaaa, me espera!!” – sim leitores....todos nós temos um amigo tapado que consegue estragar ainda mais certas situações...(confesso que já fiz esse papel algumas vezes...)
Neste dia, isto eu presenciei, Dave – a substituta - faz , pela primeira vez em 1 mês de aula, chamada oral e , ao chamar pelo nome “Leila”, sua mais nova inimiga em potencial, minha pobre colega ainda tentou disfarçar, olhando para baixo fixamente, mas, foi uma tentativa em vão: a professora Dave “pára” a chamada oral e pergunta em voz enfática :

- Ah então você é Leila?
- ...... ( minha colega “fingi na hora rir”.....)
- Ok.... – Resmunga a substituta.

Pois é, curiosos leitores: nada demais aconteceu. Minha colega passou com boas notas na disciplina de Hebraico II, creio, mas o fato é que Dave nunca fora com a cara de Leila, e suspeito de que o acontecimento no banheiro feminino tenha sido uma das causas para tal inimizade.

Acredito leitores que todo o ser humano deva aprender a “fingir na hora rir” para se driblar as mais temíveis circunstancias: não só para estas situações “chatas” de encontros inusitados, como foi o caso da minha colega Leila em sua experiência “banheirística” , e de tantos seres humanos que sofrem a experiência de encontrar em festas e outros ambientes seus ex´s namorados com seus novos peguetes, casos, affairs e namorados (que na maioria das vezes são pessoas legais também, não deixando ao menos a possibilidade de lhes falar mal....); mas também, para as circunstâncias graves impostas pela vida diariamente, como a falta de esperança e de fé, que acredito ter sido o mal que afligia meu parente “peida” fogo para fazê-lo dormir tanto....

É preciso usar da criatividade e deixar que ela faça uso de você ; inventar moda – como fizeram os nossos ancestrais, os homens pré-históricos que, além de dormirem para não caçar nos dias de preguiça, segundo as histórias contadas por meu pai, criaram desenhos fantásticos a fim de expressar e registrar a história de sua gente...suas lamúrias e festejos, não se deixando abater pela ausência da escrita, da internet, ou de um Blog.

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