sábado, 2 de outubro de 2010

Buscai e Achareis.

*Foto de Ricardo Costa Vieira. Cumprir Abril.
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"Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e achareis;
batei e abrir-se-vos-á;
porque todos os que pedem, recebem;
os que buscam, acham;
e a quem bate, se abre."
(Mateus, 7:7-8.)


Estou aqui sentada à mesa onde costumo trabalhar pensando em alguns desses diálogos que mudam a vida da gente depois de meses, ou quem sabe, anos.

Uma professora me disse uma vez - professora que na época não fazia parte do meu circulo de amigos, como ainda não o faz - que às vezes, na vida, é preciso caminhar à procura de nossa alma, seja lá onde ela esteja, como fazem os índios.

Eu havia acabado de passar por uma situação de fato triste, de fato traumática, e aquelas palavras me ressoaram como um enigma que só muito tempo depois eu poderia desvendar em mim mesma.

Procurei alguma fonte que legitimasse o conselho de tal mulher; mas em vão. Pode ser que ela o tenha inventado, com a sua especial capacidade discursiva de linguista que tambem é, mas verdade ou não, todos nós temos uma alma que , fugidia, exige-nos, vez ou outra certo esforço de procura.

Os índios caminham até o encontro de suas almas para completarem-se em harmonia. A nossa vida tão corrida, tão desencantada, tão cheia de nós, impede-nos o encontro com aquilo que nos alimenta, isto é, o elo com o universo que existe em mim e em você.

Ainda estou à espera de qualquer coisa de inusitada. Mas quando decidir abraçar a causa dos índios desalmados, partirei ao encontro desse pedaço que me mutila diariamente.

Quando? Não sei. Mas nunca será tarde, essa certeza eu posso ter, porque sei que ela está por perto, e cada vez mais.

A alma humana pode ser qualquer espectro elevado e universal: uma causa, uma revolução, um grande amor, uma viagem, um livro à espera de página, uma divida eterena a ser paga por fim.

Eu tenho algumas almas ausentes, mas que certamente serão encontradas, porque caminhar em excesso é uma das poucas coisas que têm me feito feliz ultimamente. Caminhar e conversar com uma amiga em especial.

O resto é rotina, massante, pauta pra se lembrar da vida, de que estamos vivos e ainda sabemos respirar. Até as músicas se tornam ocas, precisando de renovações que não vêm. Também as músicas que acalentam precisam de renovações.

Tudo passa.

Enquanto isso, o mundo é dividido entre seres completos e os que caminham apesar do desassossego, em busca de suas almas, como índios que todos nós somos.

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