quinta-feira, 25 de novembro de 2010

O Jovem que matou a mãe e xingou a imprensa: covardia social.

*E ali estava ele...e chovia. Foto de Helder Costa Real.
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O jovem que matou a mãe e xingou a impresa tem um nome, aliás, um belo nome: Emílio.
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Emílio tem 32 anos e é Paranaense. Viciado em crak e cocaína desde os vinte e dois anos. De acordo com minhas pesquisas, Emílio assassinara a mãe a facadas por ter descoberto que ela usava seus cartões de cédito - especulações.
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Bem. O fato é que há alguns dias o vídeo desse rapaz tem circulado na internet de modo cruel e sensacionalista. Trata-se de uma fala do rapaz, visivelmente alucinado pelo uso de drogas, em que este agride verbalmente os repórteres da TV Bandeirantes.
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- Por que você matou sua mãe?
- Não interessa palhaço! Morre diabo, Morre diabo!
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O novo jargão "morre diabo" transita nos orkut´s da meninada, acompanhado pelo fragmento do vídeo. Há um momento em que Emílio olha para a câmera com tamanho ódio, que só é possível ouvir sua respiração ofegante e desesperada.
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- hahaha! parece um filme de terror! - alguém comentou.
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Penso que as pessoas, isto é, nós, que colocamos esses vídeos em nossos sites de relacionamentos, não o fazemos por mal, obviamente: não deixa de ser engraçado certas situações, certas falas...enfim....eu entendo.
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Mas, pessoalmente, acho de extremo mau gosto e falta de humanidade. O vídeo no orkut? Não, não....isso é apenas uma mísera ponta do iceberg!
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Acho um absurdo a nossa falta de sensibilidade diante da dor e miséria humana; diante da falta de sorte do outro, diante das escolhas mal feitas de um sujeito que nada tem com minha vida, mas que podia ser meu irmão, pai, namorado; filho!
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Um caso desses como o do jovem Emílio merece minimamente nossa atenção e angustia: enquanto "fumamos" nosso beck nas universidades federais do país, ou naquela baladinha, há jovens quem pagam caro pela "nossa" onda. Não quero entrar nessa discussão, porque ela merece uma longa explanação, mas o fato é que ao reproduzirmos a desgraça do outro, um outro que não pode se defender, deixamos de respeitar a essência do sujeito; ou seja, somos socialmente responsáveis pelo estado lastimável em que este se encontra, condicionamos o indivíduo,a partir do momento em que negamos a ele o princípio básico e primário da dignidade humana (para quem crê em qualquer coisa além: é como se matássemos o Deus que habita dentro do outro).
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É perceptível que, além de usuário de drogas, Emílio tem sérios transtornos mentais que mercem cuidados. Acredito sim que ele deva pagar pelos seus atos; porém, é preciso que justiça seja feita de modo coerente com a história da vítima, que neste caso, a meu ver, é Emílio.
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Pensando em nosso cotidiano, estamos cercados por pessoas "diferentes" cujas excetrencidades são transformadas em espetáculo para aqueles que se definem como "normais": há sempre um Rogerinho, Mariazinha, Joãozinho que conhecemos, espetácularizados pela nossa fome de riso. Duas perguntas me surgem:
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1) Onde está a dignidade humana? Daquele quem ri e daquele que é ridicularizado?
2) O que é normalidade mesmo?

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Eu que não sou nada normal, tenho pena de toda essa covardia.
Chega de violência e extermínio de jovens!

2 comentários:

  1. Desafio para você no meu blog: http://barconapraia.blogspot.com/2010/11/desafio-dos-7.html

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  2. Sofia, simplesmente perfeito o seu comentário,pois abrange vários assuntos que merecem ser discutidos. Não há nada de engraçado nesse vído, pelo contrário, dá medo! é uma lástima o que aconteceu com essa familia.

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