quarta-feira, 30 de março de 2011

Engoli o orgulho, saltei o pedregulho, resolvi o marulho, comi o sarrabulho, escrevi o bagulho, de beca eu tô em julho: Diário de uma Formanda.II

(ANTES)
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Querido Leitor,
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Vamos conferir o segundo capítulo da nova coluna:
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Engoli o orgulho, saltei o pedregulho, resolvi o marulho, comi o sarrabulho, escrevi o bagulho, de beca eu tô em julho: Diário de uma Formanda.
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Vamos lá? (Nãããããooooooooooo!)...Ah vamos sim!
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Capítulo II: Águla mole em pedar dura, tanto bate até que fura.
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Esse post é um resumo nada sintético acerca de algumas coisas que me aconteceram nos últimos cinco anos e meio, dentre elas, o como eu enfim me apaixonei pelo curso de Letras, decidindo ficar, e todas as venturas e desventuras que me ocorreram.
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Em outubro de 2006, meu segundo período no curso de Letras, fui acometida por uma crise de bipolaridade. Se não tenho vergonha de falar sobre isso? Sinceramente, não. Até porque um pedaço da parte boa que hoje sou, ainda que não anule a má, é fruto daquele tempo. De qualquer forma, não pretendo me expor aqui, ou falar minuciosamente, não; quero apenas frisar que fui obrigada a trancar o meu segundo período do curso, o que tumultuou toda minha grade, mas, ao mesmo tempo, permitiu que vivesse coisas as quais não teria tido tempo, se fizesse meu curso em quatro anos e meio, como o planejado.
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"Por que comprar um caderno com pautas!" - disse-me um rapaz, no café de uma livraria. "A vida não tem pautas, Amanda; viva-a sem pautas".
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Foi o que fiz. Nunca por desejo, mas obrigação e sorte (ou azar). Ao voltar para minha rotina normal, estava namorando um rapaz, motivo da criação deste Blog. Juntando a fome à vontade de comer, eu que nunca fui uma aluna muito exemplar, nem mesmo no pré primário, cabulava todas as aulas que podia para namorar, para vê-lo, o que resultou numa disciplina perdida, morfologia. Tomei pau na diciplina, mas passei muito bem na segunda vez quando a fiz, tempos depois... (há coisas que são melhores na segunda vez, não acham? Tipo?? Tipo...exame de direção!!).
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Com toda essa confusão, o desejo de mudar de curso ainda era grande. Mas antes de fazê-lo, decidi mudar um pouco minha vida acadêmica, que não existia: passei a estudar com mais frequência, aumentei o meu coeficiente (não que isso seja grande coisa, mas...), consegui bolsa como tutura de Let 099, e, por fim, decidi conversar com um professor da História.
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Minha vontade era a de trabalhar com História da religião. Conversando com esse professor, surpreendi-me quando disse: "O que você quer é a Literatura, não a História". "Literatura?" - pensei. Por coincidência, ainda naquele período, que já nem lembro qual, conheci outro professor que mudaria um pouco, ou totalmente, o rumo dessas coisas.
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No colégio, gostava muito de Literatura infanto juvenil (ainda gosto). Dos canônes, gostava de Machado, Carlos Drummond de Andrade e Clarice - embora só tivesse lido A Hora da Estrela. Odiava parnasianismo e simbolismo (digamos que nunca os absorvi. Ministrar uma aula sobre simbolismo é perdir que eu pule na lagoa da UFV e nade de ponta cabeça). Por fim, tal encontro que mencionei acima mudou totalmente o rumo das coisas, porque pude enfim conhecer uma experiência da Literatura que, embora não diminuísse o estético, mostrava-me a História como sustentáculo (aff...brega isso, não?). Foi o "sopro da graça", sem dúvida: não só me apaixonei por Literatura Portuguesa, a partir de então, mas como passei a gostar das aulas de Literatura Brasileira, a fazer bons trabalhos (a tentar), a ler os textos literários. Não apenas isso (não consigo descrever)...foi nesse momento que encontrei a Literatura como um todo, do pouco que pude conhecer, por pura incompetência. Sempre preguiçosamente, enrroladamente, atrasadíssima, chorona, sempre eu: mas um eu novo e razoável. Hoje sou apaixonada por Literatura brasileira, por parte da Literatura hispano-americana que conheci (embora conheça quase nada, admito...) e também gosto muito de alguns autores da Literatura Africana.
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Depois disso, passei a alimentar o desejo de fazer mestrado. Consegui uma bolsa de pesquisa, passei a dar aulas num cursinho pré vestibular, continuei como tutora, dou aulas particulares (literatura, redação, português) ....quase morri período passado, mas cá estamos. Sempre tive uma dificuldade imensa de organização, o que advem em partes do meu temperamento, em partes da minha preguiça, em partes da minha falta de confiança em mim mesma e nas coisas que poderiam ser e nunca serão (nunca serão enquanto eu continuar aqui, hoje, escrevendo no Sofia). Mas sou feliz e se pudesse mudar uma coisa no meu passado acadêmico seria ter entrado no curso de Letras com a cabeça e coração que tenho hoje.
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Também o coração. Após o término daquele namoro, apesar de da longa foça, pude viver muita coisa legal, momentos divertidíssimos, como forma de compensação, os quais nunca teria vivido se tivesse terminado a graduação casada e com três filhos. Não quero dizer que um seja melhor que outro, ambos são projetos, escolhas, mas hoje eu realmente e aliviadamente fico feliz por ter levado um pé na bunda. Isso não quer dizer que me arrependa de ter namorado duas vezes na graduação; de forma alguma. Gostei muito de meus ex´s namorados, de formas diferentes, claro, de modo que acreditei ser um deles o tal "homem da minha vida". Quase me matei, quase pulei de um pé de alface...mas ao me dar conta que sobrevivi, fui em todas as festas possíveis de Viçosa, saía de segunda a segunda, conheci muita gente interessante - e também desinteressante. Aprendi a gostar mais de mim. Após a fase inicial de "crise de identidade" (lembro-me que torrava meu dinheiro com chapinha , unhas e roupas todo fim de semana) dei-me conta de que a Amanda de verdade é aquilo que é...chata, mal humorada, com cabelo fuazão, que come unhas (arght!), que entre vestir a mesma blusa 15 festas seguidas e gastar dinheiro com cerveja, livro, cd e cerveja....preciso dizer?
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Claro que aprendi algumas coisas, amadureci com o sofrimento (porque sim, foi um sofrimento...e é a perda das coisas que nos faz mais vivos). Hoje sou menos ciumenta, menos possessiva - e também me importo menos com as coisas. Ao mesmo tempo, ainda que tenha uma tendência "mulherzinha", a que persiste, aprendi a ter projetos individuais, aprendi a ter amigos individuais, aprendi que sentimento é coisa que não se define, cada um sente de uma forma....se é que sente, se é que ama.
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Voltando. Hoje estou bem mais ajustada, só vou às festas que realmente gosto e com quem gosto. Falava no post anterior sobre uma amiga chata ruiva quem mudou a minha vida. Digamos que foi a responsável pelo meu desencaminhamento; fez o papel de acalentar minha dor de cotovelo, apresentando-me gentes, lugares, festas; ouvindo-me, vendo-me chorar; vendo-me fazer merda e sobretudo deixando-me fazê-las (...coisa que é incompreensível aos olhos de um "falso" amigo).
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E de tanto bater, água mole em pedra dura, deu no que deu!
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Pra terminar, acho que o bom da minha graduação foi ter tido a oportunidade de fazer outras coisas, isto é, não só viver num mundo alienante que pode vir a ser Viçosa-viciosa...(alienante pra quem vive só pra estudar, ou pra quem entrega-se a porra-loucura por completo, ou ainda, pra quem pensa apenas em salvar o mundo). Uma lista das melhores coisas:
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1- Atuei na Pastoral da Juventude durante seis anos (ainda me considero da PJ, embora não mais com a mesma intensidade);
2- Trabalhei como babá...(na verdade, conheci uma irmã...L*).
3- Trabalhei em festas organizadas por um tio;
4- Fui Tutora, professora de cursinho, professora particular;
5- Fiz pesquisa;
6- Tive dois namoros (um de seis meses, outro 2 anos e 5...), alguns rolos, rolinhos, bons amigos, etc...;
7- Tive uma crise bipolar;
8- Levei um pé na bunda homérico;
9- Vi nascer os filhos dos meus melhores amigos;
10 - Passei bons momentos com minha família, minha avó;
11- Conheci gente por quem daria minha vida;
12- Fui a todas as festas que queria;
13- Tomei muitos porres intrigantes....(destaco: o da festa GLS, ao bater a cabeça em algum lugar; o de quando sai andando no meio da BR, o de quando queimei a perna no escapamento do carro, o de quando subi no quejo do Eletrobar...);
14- Viajei muito pelas cidadezinhas da região;
15- Escrevi alguns emails de amor e ódio;
16- Fui voluntária numa casa assistencial durante 2 anos e meio (CASFA - Casa assistencial São Francisco de Assis);
17- Fui enrrolada;
18 - Dei um tapa na cara de uma pessoa; joguei uma xícara de café n'outra pessoa; já quase fui processada...
19 - Conheci o Frei Betto;
20 - Conheci o Pe. Hilário Dick;
21 - Cortei o cabelo curtinho;
22 - Fiz uma tatuagem;
23 - Pedi uma pessoa em casamento;
24 - Comecei a fumar, parei de fumar, só fumo quando bebo;
25- Vi uma amiga ir embora...Julya Victor...
26 - Fui ao carnaval de Ouro Preto;
27 - Fui ao carnaval de Diamantina;
28 - Não li nem metade do que gostaria;
29 - Não aprendi gramática normativa;
30- Amei os estágios que fiz: Escola Nossa Senhora de Fátima (AMORAS) e Coluni;
31- Fiz revisão de texto pra uma revista;
32- Fui uma das colunistas no "Protagonismo Juvenil' (saudades);
33 - Li o Evangelho segundo Jesus Cristo (a obra da minha graduação);

(DEPOIS)

Confira as próximas postagens de:
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Engoli o orgulho, saltei o pedregulho, resolvi o marulho, comi o sarrabulho, escrevi o bagulho, de beca eu tô em julho: Diário de uma Formanda.

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