quarta-feira, 16 de março de 2011

O Diário por Sofia

*Boba. Foto de Paulo Serra Guerreiro.
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Post inspirado no fantástico "O diário por Dohan" (Recomendo! Vide Abaixo!)
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Gente! É o seguinte: todo mundo sabe que sou uma pessoa discreta, não é? Tenho um Blog que talvez algum de vocês conheçam, mas não vejo necessidade em escrever sobre tudo o que me acontece, ou parodiar todas as coisas que desgosto ou desacredito. Denegrir a imagem alheia? Nunca faria isso com ninguém, imagina! Sei que aumento, mas não invento, e as pessoas de quem não gosto estão eternamente marcadas na minha lista "negra" ("....ah....que preconceito, por que não pode ser lista amarela?" - pensa o sujeito que não se dá conta de que esse "negro " pode se remeter a trevas, escuridão, obscuro, culturalmente marcado na Idade Média, não tendo assim nada a ver com questões raciais....) , não preciso expor certos sentimentos num rélis Blog, o que não é nada fino, não é genteeeeen? Datas? Lembro-me de todas! Não preciso de um Blog ou diário para lembrá-las....Sei de cabeça, de cor e salteado, como o dia 20 de março de 1999, dia em que eu.....enfim....
Gente, eu vou ler, então, um trecho do meu diário, pra vocês se darem conta do quanto sou discreta, e , sobretudo, quão emocionante tem sido minha vida nesses últimos dias...cola em mim!
Deixa eu só escolher um dia aleatório aqui, gentennn, hum...que tal...deixa eu ver...Ontem! Terça-feira, 15 de março de 2011.
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Querido Diário.
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Acordei ás sete da manhã. Acordei com aquela vontade de voltar a dormir e voltar a sonhar com aquilo que sonhara, seja lá o que tenha sido. Durmo. Acordo ás oito, lembrando que preciso, ainda, terminar o relatório que já estava pronto, isto é, formatá-lo e enviá-lo a L, antes das onze da manhã, como combinado. Antes de levantar da cama, penso em B, C, D e E; e em como seria feliz se não estivesse tão gripada, em como seria feliz se não estivesse desempregada; em como seria feliz se eu conseguisse tudo o que quero sem esforço algum, isto é: enriquecer sem ter que trabalhar. Penso em prostituição. "Não deve ser assim tão difícil, olha só a Bruna Surfistinha?". Mas, logo me ocorre a possibilidade de ter que satisfazer certas fantasias sexuais masculinas, as quais eu não conseguiria, nunca, como por exemplo, vestir-me de dentista ou periodontista mulher! That´s it, baby! Tenho SIM trauma de dentista, é tão óbvio, não? Odeio dentista, odeio meus dentes, sobretudo meu dente superior frontal esquerdo. Em seguida, recordo minha dentista, linda, rica, inteligentíssima e maravilhosa, cujo namoro acabara de terminar e que passara o carnaval em Ouro Preto, cidade na qual eu também estava. Após anos de namoro, morando junto com o namorado, eis que me aparece a menina solteira, na cidade de Satã, com aquela frase típida das pessoas recém solteiras..."Ah Sofia! Tem gente que termina depois de 50 anos de casado, o que são 10 anos?". Não me felicito com a desgraça alheia...mas, dou-me conta de quantas possibilidades o mundo nos reserva, o que me estimula, depois de tudo isso, a levantar-me da cama por volta das nove e começar a formatar o relatório.
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Vou ao banheiro. Lavo as mãos. Faço xixi. Dou a descarga, sentindo que faltava alguma coisa pra ser feita, mas devia ser só impressão mesmo. Lavo as mãos. Escovo os dentes. Uso o fio dental (não a calcinha, claro). Escovo, de novo, os dentes - completando assim meu árduo ritual de higiene bucal. Vou à cozinha. Não tinha pão, não tinha bolo, não tinha biscoito, tinha fruta - mas eu não como frutas, o que explica em partes meu péssimo funcionamento intestinal. Mal humorada, tomo café, com exatas sete gostas de Zero cal, sete, sempre sete, o número da perfeição. Volto ao banheiro, re-escovo os dentes. Meu pai acorda e diz "Você não sabe fazer outra coisa que não escovar os dentes?". Acreditando que não, apenas respondo "Bom dia!". Minha mãe já estava acordada, há tempos, jogando Mini fazenda no computador do meu pai. Imagino, num devaneio, quão divertida será a minha vida daqui a vinte e oito anos, sozinha, sem netos, sem cachorros. Fico deprimida. Entro no Blog. Entro no MSN. Entro no Orkut. Entro no Facebook. Entro no Twitter. Ouço aquela música "Adarghal", daquele cantor "Abdeli", da trilha sonora daquela novela "O Clone" - a que está sendo reprisada na "Vale a pena ver de novo". Aliás, eu emprestei, na época, o meu cd da trilha sonora internacional para alguém que nunca mais o devolvera. A música do Norte da África me enche de alegria, fazendo-me sair pela casa afora dançando como uma odalisca. É dessa forma, por volta das dez, que meu humor já volta ao normal, e eu começo a formatar MESMO o relatório.
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Sento-me diante do computador. Abro todos os arquivos referentes à pesquisa, e dou início, naquele instante, a um trabalho de Ninja: leio todo o relatório, modificando todas as incoerências textuais e não textuais, toda falta de coesão. É quando me deparo com um inimigo terrível: as normas da ABNT! Até o ano passado, quando tutora, não tinha problema com essas normas, mas um ano depois, não tinha idéia se houvera modificações consideráveis. Tenho pouco tempo. Penso em sentar (ops! já estava sentada...). Penso em deitar e chorar. Saio pela casa dançando como uma odalisca, a fim de não me deprimir, quando me ocorre a brilhante idéia de ligar para alguns de meus amigos, também ex tutores. Ligo para G, H, I - nenhum deles me responde. Penso em B, minha melhor amiga, mas ela devia, pelo horário, estar trabalhando. Envio então, com muito sacrifício, uma mensagem para D, pai imaginário dos meus filhos imaginários, quem me responde prontamente afirmando não dominar as tais normas. Movida pelo espírito de porco, entro no site da ABNT e pesquiso. Entro n´outro site e pesquiso e por fim termino o serviço sujo. Após fazê-lo, envio para meu orientador, às onze, como combinado, porém, sua caixa de email, cheia, não recebe o meu relatório! Movida por uma indignação inescrupulosa, penso em deitar e chorar muito, de raiva, mas opto por sair pela casa afora dançando como uma odalisca. Ligo para J, secretária de L, quem me passa um outro email do mesmo, para qual envio o relatório. Já é meio dia.
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Almoço arroz e Mini chicken sadia. Fumo dois cigarros; nem mais, nem menos. Escovo os dentes. Dessa vez, não uso fio dental porque estava muito atrasada. Quanto às demais necessidades orgânicas, nada de novo de baixo do sol. Atrasada, nervosa, não tomo banho também. Levam-me até a minha segunda casa, onde encontro L.
[Resolvi suprimir essa parte do diário por motivo de força maior...]. A minha vontade é a de sair por aquele corredor dançando como uma odalisca, mas eu não posso. Resignação. Imprimo o relatório, L o assina, eu o entrego, e já está! Sinto-me como se acabasse de parir e não tivesse o pai do meu filho a meu lado, apoiando-me;ou, ainda, como uma criança cujas primeiras fezes são censuradas pelos pais - segundo Freud.

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Chego às 16:30 para a aula de LIBRAS, após uma semana de ausência. A sala está cheia, repleta de engenheiros, historiadores, físicos, educadores físicos(?). "Melhor assim"- penso. A professora é uma fofa, muito gracinha, super expressiva...o que me leva a pensar se eu teria competência para a língua de sinais, tal como ela, visto que não sou fofa, gracinha, tão pouco expressiva. Ela usa um vestido preto lindíssimo e uns colares muito legais. Enquanto aprendiamos o alfabeto de sinais, sinto uma imensa vontade de rir. Não por falta de respeito, mas sim, por saber que estou ridícula e que minha mão está toda pintada à tinta azul. Uma menina a meu lado, tão "escrota" quanto eu, diz: "Ei, psiu! não te dá vontade de rir? Risos, risos, risos" - enfim, o gelo se quebra. A aula é muito legal e eu saio de lá encantada por ter aprendido, ao menos, a perguntar para um menino "Qual curso você faz?" - soletrando. (Soletrando?).
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Ainda na Universidade, ligo para B, minha melhor amiga, a quem não via há tempos. Marcamos no barzinho local, para colocarmos as fofocas em dia. Assunto? Homens, claro... Ela me conta suas últimas experiências afetivas, assim como eu. Conto a ela a minha última experiência afetiva mais significativa, a do carnaval: uma pessoa fofíssima e maravilhosa quem já conhecia, mas que parece estar "apaixonadozinho" por mim! Engraçado como essas coisas me acontecem no carnaval, e SÓ no carnaval. Acho que carnaval é beijar na boca e tchau...não gosto de ninguém no meu pé, não gosto de nada sério ou "profundo", a menos que seja um acontecimento extraordinário, o que nunca me ocorreu. "Estou numa fase masculina" - disse. "Não quero me envolver" (TCHARANNNNNN!). Ao proferir "Não quero me envolver", dois arcanjos, Miguel e Gabriel, descem do céu tocando baixo e guitarra respectivamente, naquele solo de "Smells like teen spirit", do Nirvana, música qual não me saia da cabeça enquanto esperava pelo ônibus na rodoviária de Ouro Preto, semana passada. "Mas você não quer um namorado?" - perguntou-me B. "Sim....quero um namorado, mas até não encontrar a pessoa certa, quero não envolvimento com as pessoas menos certas" (para mim não existem pessoas "erradas". Eu sou a pessoa errada de todas as minhas relações...).
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Nosso amigo M, aliás, amigo de quem muito gosto, chega em nossa "mesa" falando sobre as últimas dublagens japonesas quais assistira. Falo daquelas dublagens engraçadas e sem significado algum. Como estava com meu computador, contenho meu desejo imenso de colocar a tal música do Norte da África e dançar como uma odalisca no DCE, e, em prol do meu amigo e do meu prazer pessoal, busco vídeos no youtube para assistirmos juntos. Após meia hora de riso infantil, minha amiga e eu vamos para um bar de verdade, tomamos cerveja, fumamos um cigarro (porque parei de fumar) e decido ir embora. "Já?", "Já!".
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Chego em casa. Meu pai assistia TV. Minha mãe fora para a casa de sua irmã, a fim de resolver os problemas de sempre. Banho-me. Escovo os dentes. Uso fio dental. Re-escovo os dentes. Visto um pijama, velho. Danço como uma odalisca pelo quarto, pela última vez no meu dia. Entro no email: nada. Entro no Orkut, no Facebook, no Blog , no Twitter e no Skype. Fico deprimida, por me dar conta de que estava com saudade de D. Vontade de contar a ele todas as pequenas e estúpidas coisas do meu dia; vontade de saber o que tinha feito de bom, ou de ruim...essas coisas sem muita utilidade ou significado. Esperei. Após horas...(mentira, minutinhos) de espera, decido levantar a poeira e fazer algo que me trouxesse uma felicidade mínima. Escrevo no Blog sobre o meu encontro com um ovo; na verdade, o ovo não passava de mim mesma, como se estivesse vazia e oca no dia de ontem, tão cansativo e ao mesmo tempo tão ...oco. Assisto o documentário "The secret", após dois anos de relutância, apenas porque fora emprestado por minha melhor amiga. Acredito em quase tudo o que disseram, porque de tudo já sabia, desde quando tinha dez anos e comprei o meu primeiro manual de magia, na banca de jornal que ficava de frente pro meu colégio. "Talvez eu consiga enriquecer sem me prostituir ou trabalhar, apenas através da lei da atração...." - penso, antes de dormir.
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Vou ao banheiro. Faço xixi. Volto para o quarto e ouço "Luna", daquele cantor italiano Alessandro Safina, cuja música também é tema da novela "O Clone" (Cadê o meu cd???). Pergunto-me o porquê dos homens italianos serem tão bonitos (como o próprio Safina...será ele gay?), e sinto uma felicidade imensa apenas por lembrar que tenho família na Itália, isto é, quando decidir, um dia, passar férias por lá, a estadia será um gasto a menos. Lembro do meu primo italiano, Stefano, tão lindinho e que deve ter hoje seus vinte e três anos. Lembro-me ,sobretudo , de que ele é meu primo de terceiro ou segundo grau..... Antes de deitar, dou uma conferidinha nos aplicativos todos virtuais, desligo o computador e resigno-me por fim. Ainda naquele instante, lembro -me de minha amiga e eu conversando sobre as árvores macho e fêmea do DCE; sobre uma árvore judia macho "circuncizada" que lá habita, pegadora de todas as árvores fêmeas daquele micro espaço.
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Durmo. Sonho com O. É incrível como sempre sonho com O!!! Uma pessoa que não faz parte dos meus pensamentos diurnos normais. Tenho medo de contar isso a meu psiquiatra...(Será isso um ato falho?). Acordo. Mais um dia a minha espera. A primeira coisa em que penso, no dia de hoje, é: "Quero dançar como uma odalisca até às duas da tarde".
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Bom gente! Esse é o meu diário. Dúvido que alguém de vocês terá coragem de lê-lo até o fim! Quem conseguir, por favor, deixe um comentário!
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Boa tarde!!!

6 comentários:

  1. rs esse tom de diario geralmente nao agrada rsrss mas vc sempre escreve bem d+...

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  2. Eu li até o fim...vc escreve muito bem.

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  3. Eu Confesso que não li até o fim =( desculpa, mais pulei pro Final, e ai fiquei sem graça quando vc perguntou quem tinha lindo! QUE MERDA KKKK

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  4. Entao, Kamila Gabriella, serei OBRIGADA a deletar o seu comentário, né? kkkkkkkkkkkk

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  5. Obrigada Luana! hehe....volte mais vezes!

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