Fonte: GOOGLE
"And on my deathbed, I will pray
To the gods and the angels
Like a pagan, to anyone
Who will take me to heaven..."
(In memoriam of Christopher John Boyle. 20/7/64 - 17/05/2017)
Bem. Vivo sempre atrasada.
Só hoje soube da morte de Chris Cornell através de um amigo, via Whatsaapp. Parece que a provável causa mortis foi suicídio por enforcamento. Surpreendeu-me e não me surpreendera ao mesmo tempo. É curioso, mas sinto que as pessoas ligadas à arte, de certa maneira, sofrem de impaciência para com a vida, têm mais sensibilidade para essa e menos medo da morte. Estava no meu atual-temporário emprego e após longas horas-aula foi quando o soube. Tinha que me deslocar para a instituição onde teria uma palestra do Doutorado, mas foi como se o tempo houvesse parado. Por fim, sempre atrasada, passei quase duas horas lendo e me informando sobre o falecimento do cara e, com isso, cheguei meia hora após o início da tal. Não há mal que por bem não venha, acho. Como Blanchot, penso que todos temos direito à morte, porém de maneira consciente dela. É muito provável que o passamento de Chris não o fora assim. Mas espero que em seu leito final, entre deuses, anjos e pagãos, ele tenha encontrado luz e conforto na sua escolha.
Qual a importância desse sujeito na minha vida pessoal para merecer tamanho destaque em meu reles Sofia?
Foi na adolescência que conheci "Like a Stone", uma de minhas preferidas músicas, a que sempre ouço nos momentos pacíficos, felizes e atormentados da minha existência. Isso na época da MTV Brasil, quando ainda podíamos chamá-la de um canal com propósitos autênticos. Apenas anos mais tarde (sempre atrasada), soube de quem era a música, do nome da banda, do cara e das demais coisas que ele fazia e o fazia bem. Com uma voz transcendental e um timbre tal, que só compararia a Eddie Vedder do Pearl Jam, guardadas as devidas proporções. Em termos, prefiro Chris Cornell enquanto vocalista.
Um virtuoso.
Aos que não sabem, Cornell - além de vocalista e líder do Audioslave - era compositor e foi o primeiro vocalista, também compositor e guitarrista da banda Soundgarden, essa que desconheço (mas hei de conhecê-la em breve). Trabalhou com a galera do Pearl Jam, antes que a banda se tornasse como a conhecemos, na época do Temple of a Dog. Também contribuiu com os vocais de algumas músicas do Alice in chains, "Right Turn", embora a banda tenha dado o crédito da música a Alice Mudgarden. Também não sabia. Sob o nome de M.A.C.C tocou em tributo junto de outros membros do Temple of a Dog a Jimi Hendrix, cuja canção levou o título de "Hey Baby (New Rising Sun)". Colaborou com um monte de gente que não me importa e trabalhou, além de tudo isso, em sua carreira solo, a que cheguei conhecer.
Foi casado duas vezes e teve três filhos. Ainda sobre o número cabalístico, três dias antes de morrer escreveu em seu twitter (o que não seguia, pois uso pouco esse aplicativo) uma declaração de amor à atual esposa Vicky Karayannis: "....To my @vickycornell you are an angel and a lioness. The perfect mother and the perfect wife. I love you! Happy #MothersDay2017".
Virtuosismo. E por alguma razão misteriosa (sei que uso essa frase excessivamente aqui; perdoem o clichê, leitores), as obras musicais que me tocam em profundidade são as dessa qualidade, se assim posso dizer, pois ao nascer não recebi dádiva alguma de Euterpe, a ninfa da música. Então falo em generalidades: Da Literatura, passando pelas Artes plásticas, Cinema, Teatro, chegando à Música. Gosto dos artistas virtuosos, dos violinistas, músicos, bailarinos, atores, escritores, pintores e até dos cantores de Rock - cujas inúmeras denominações do gênero nunca aprenderei e despretendo.
Dos Sarasates, Paganinis, Bochs, Van Goghs, Picassos, Salvadores Dalí, Kahlos, Lispectors, Oswalds, Ramos, Rosas, Dotoiévskis, Noeis, Russos, Racionais, Buenas Vistas...
Raphael Rabello, Yamadu Costa, Albeníz, Paco de Lucía, Camaron de la Isla, Bizet, Beethoven, Vivaldi, Alícia Alonso, Baryshnikov, Nijinsky, Thiago Soares, Carmen, Capitu, Riobaldo, Buendías, Brás Cubas, Bergman, Tarantino, Brit Marling, Zal Batmanglij, Orson Welles... Quixotes da Sé (Seu Francisco Erasmo).
E por aí vai: Uma lista enorme, escrita em fluxo de consciência. Nela há demasiada ausência de outros seres de luz-virtuosa, mas por saúde ("O esquecimento é uma forma de saúde - Nietzsche), não a completarei, caso me lembre de alguém - e lembrarei.
Assim conheci Chris Cornell e seu virtuosismo, seu rasgo, seu ataque, sua profundidade, seu excesso.
Desde pequena - e este pode ser o meu maior defeito - acredito que é sempre melhor pecar pelo excesso que pela falta. Fui uma jovem bailarina excessiva, mas diziam-me as mestras: "É melhor limpar o seu excesso do que ensiná-lo a alguém que não o mereceu". Segui a vida nesse rumo e me f*** muitas vezes. Ainda sigo, ainda me f*** e me f*** sempre, acho.
"I was lost in the pages
Of a book full of death
Reading how we'll die alone
And if we're good, we'll lay to rest
Anywhere we want to go..."
Nascemos sozinhos e morremos sozinhos. Tornamos-nos comunidade por medo da morte, senão por ela, estaríamos sós vivendo em espaços siderais, aquáticos, anímicos. A vida nos prega peças, vez ou outra, para lembrarmos-nos desse mistério da solidão.
Cornell,
Assim eu li
Até o dia acabar
E me sentei arrependida
Por todas as coisas que fiz
Por todos que abençoei
E por todos que ofendi
Em sonhos até a minha morte
Irei vagar
Antes
A sua voz estará entre nós
Que o meu Deus lhe abençoe
Que os meus guias lhe acompanhem
E que descanses
Em virtuosa paz
Amém,
Assim seja.
Como palavras pouco dizem, deixo a vocês algumas de suas obras. E uma homenagem que, sem pressentimento, fiz à Audioslave em uma agradável noite de karaokê. Não gosto de me expor em vídeos, mas a ocasião exige. Dessa vez não me atrasei.
Adiantei-me quatro noites.
Boa madrugada a todos...pois, Midnight turns to day.
Like a Stone (Audioslave)
As hope and promisse fade (Solo - Songbook)
As hope and promise fade
And the sun forgets to rise
Well, I'm lonely and I'm thirsty
But it's better I stay dry
I'm never more than two drinks away from crying
I stare into the glass
Wait for the time to pass
And I thank you for the offer
But you know I must decline
I'm never more than two drinks away from crying
There used to be a time when I could hold my head up high
My life laid out before me
Rivers flow with wine
I had my love beside me
And everything was fine
Now the ride is over
Time to say goodbye
As hope and promise fade
Midnight turns to day
Well, I'd love to drown my sorrow
But I can not tell a lie
I'm never more than two drinks away from crying
From crying
From crying
Scar on the Sky (Solo - Songbook)
As I fall I leave this scar upon the sky
A simple note for you, I'll wait for your reply
And in your answer I'll regain my will to try
So hover in the diving light
We will rip the night
Out of the arms of the sun one more time
Close your eyes and we will fly
Above the clouded sky
And over the dumbstruck world we will run.....
Like a Stone (Sofia no Karaokê)
On a cobweb afternoon
In a room full of emptiness
By a freeway, I confess
I was lost in the pages
Of a book full of death
Reading how we'll die alone
And if we're good, we'll lay to rest
Anywhere we want to go
In your house
I long to be
Room by room
Patiently
I'll wait for you there
Like a stone
I'll wait for you there
Alone
And on my deathbed, I will pray
To the gods and the angels
Like a pagan, to anyone
Who will take me to heaven
To a place I recall
I was there so long ago
The sky was bruised, the wine was bled
And there you led me on
In your house
I long to be
Room by room
Patiently
I'll wait for you there
Like a stone
I'll wait for you there
Alone
Alone
And on I read
Until the day was gone
And I sat in regret
Of all the things I've done
For all that I've blessed
And all that I've wronged
In dreams until my death
I will wander on
In your house
I long to be
Room by room
Patiently
I'll wait for you there
Like a stone
I'll wait for you there
Alone
Alone.
...
Nota: texto semi revisado.
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